quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Excertos da Cor do Invisível...

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Minha homenagem a Mario Quintana
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"Quando abro cada manhã a janela de meu quarto
É como se abrisse o mesmo livro
Numa página nova ..."
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"Como é que tens de súbito esta serenidade
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Deve ser destas sementes de beleza
de versos que leste e nem te lembras
de telas, de estátuas que viste
de um sorriso esquecido"
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Só vejo de bom, só vejo de puro
este céu que avisto de minha janela
e assim, querida
eu te mando este céu
e aquela nuvenzinha
que está sonhando, agora, em pleno azul
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São os passos que fazem os caminhos
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O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono ...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem passa por ele indiferente"
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Essas coisas que parece
não terem beleza
nenhuma
é simplesmente porque
não houve nunca quem lhes desse ao menos
um segundo
olhar
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... são muito mais belas porque são amadas!
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Paz : os caminhos estão descansando
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Aeromoças ... não!
Devem ser aeroanjos ...
pois não nos atendem em pleno Céu?!
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Quem ama, inventa as coisas a que ama
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o rabo do olho no rabo de saia
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Sou tão antigo e tão novo
como a luz de cada dia
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Decididamente, o meu reino não é deste mundo!
Nem do outro ...
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Não sei dançar
minha maneira de dançar é o poema
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O tempo é uma invenção da morte
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Toda a tristeza dos rios
é não poderem parar
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Há na vida tanta coisa
tanta coisa e um só olhar
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Minha vida é uma colcha de retalhos
todos da mesma cor ...
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Mario Quintana

No meu aniversário, ganhei um presente precioso. Dois livros de Mário Quintana.

Um, "A Cor do Invisível". O outro, "A Preguiça como Método de Trabalho".

Um homem muito inteligente, sagaz e as vezes, bastante mordaz. Que consegue lirismo com sua inteligência, e seu vocabulário de coisas simples, coisa rara!

Vale a pena ler!! Recomendo a todos.

Personalidade estranha, o Mário. Nunca casou, não teve filhos, viveu a maior parte de sua vida em hotéis!! Nninguem lhe refere qualquer paixão amorosa, nem nestes dois livros ele se refere a alguma amada. Ou escreveu um poema de amor. A não ser para sua poesia. Com tudo isto, não tem nenhum traço em seus escritos de tristeza ou decepção!!

Vou transcrever um trecho à atenção da nossa amiga Nice que não escreve há 6 semanas.

"Não importa o enredo das histórias, o que vale é o êxtase de quem escuta" (pg. 75 Preguiça)

Nice, não deixe fenecer o nosso êxtase!!!