sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Caramujo ...

Interessante a imagem dos caramujos e dos caracois ... animais mansos e tranquilos, transmitem uma sensação de calma e paz ... ao mesmo tempo, por carregarem a todo lugar sua casinha, espelham bem a idéia de independência e de pertinência em qualquer lugar do mundo em que possam estar!

Ha um preço contudo : esta é uma morada solitaria da qual não podem se separar ... por assim dizer, quase a refletir a condição humana : enquanto estiverem vivos, estão condenados a uma solidão irreversivel a qualquer lugar a que forem, carregando-a consigo, como parte de sua natureza.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Aix-en-Provence

Passamos três dias em Aix. Tivemos uma sorte muito grande com sol e temperaturas entre 16 e 24, muito inesperado nesta época do ano.

Nao que tenha muita coisa a ver como tal em Aix, mas é uma cidade muito simpatica, que guarda seu passado medieval com muita graça, foi a terra de Cézanne e Emile Zola, uma cidade velha parecidissima com a cidade velha de Nice, as ruas apertadinhas, que mudam de direçao a toda hora, cheias de restaurantes e lojinhas, um numero enorme de turistas de todos os lugares, feiras, brasseries ao ar livre e, é claro, como nao poderia faltar, as indefectiveis griffes ....

A presença do provençal é marcante, com o nome das ruas - carrieros - simultaneamente em francês e provençal --- o provençal é irmao proximo do catalao, muito semelhantes ...

Gostei muito

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Diário secreto ...

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Como assim secreto? Faz sentido um diário que não é tornado público?

Pois é, não é nem bem o fato de ser tornado público ou não. Um diário é sempre secreto. No sentido que o diário é uma espécie de diálogo entre eu e eu-mesmo, que só eu e eu-mesmo podemos entender realmente sobre o que se conversa. Aos outros, parecerá cheio de mistérios, de conflitos e contradições.

Pois somos todos assim, não é? Nem nós mesmos nos entendemos direito, como é que os outros podem querer ou ter a pretensão de nos entender?

E porque teríamos que dar explicações aos outros sobre o que nos acontece, sobre as coisas que fazemos - ou não fazemos, sobre nossas motivações, sobre aquilo que desejamos ou queremos?

Sobre aquilo que amamos ou odiamos, sobre aquilo que nos faz feliz ou nos entristece.

Sobre as nossas fraquezas ou erros : quer os admitamos ou se sequer os reconheçamos. Não teremos todos as nossas falhas e inseguranças? Porque se explicar?

Meu diário é como um retrato apenas. É como eu sou. Aceite-o como você aceita uma pessoa que você ama, sem nada perguntar.
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domingo, 5 de outubro de 2008

Anotações à margem de uma leitura (2)

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"A mente deixou de ser algo exclusivo dos seres humanos. (.... ) passamos a atribuir mentes e inteligência a máquinas e outros dispositivos artificiais."

A mente deixou de ser algo .... É uma má formulação do assunto. O correto é " a mente deixou de ser considerada algo". Pois a mente não mudou nestas últimas décadas; o que mudou, talvez, é o conceito que se fazia dela!!!

Alias, a definição de "mente" é algo bastante fluido. É tão grave isto que, em francês, não existe uma palavra específica para mente, usa se "esprit" com duas conotações : a de mente e a de espírito.

Vamos consultar o Aurélio :
Intelecto, pensamento, entendimento; alma, espírito.
A definição inclui um monte de coisas que, a rigor, não tem nada a ver. Para os religiosos, místicos e esoteristas, alma e espírito são coisas totalmente diversas da mente. Também existe uma confusão generalizada de considerar a mente como sendo inteligência.

A mente é uma aglomerado de funções psíquicas como bem reflete a definição que encontramos no Webster :
The complex of elements in an individual that feels, perceives, thinks, wills and especially reasons.

Pois é, a mente não é apenas inteligência ou raciocínio. Ela inclui também as funções de percepção, sensibilidade, emotividade, sentimento, volição e segundo alguns, inclui também coisas como a intuição, a imaginação e as funções oníricas.

Outra consideração importante é que, intuitivamente, toda vez que falamos em função mental, incorporamos a idéia simultânea de consciência. Fica difícil considerar uma função como "mental" que não seja consciente.

Certas máquinas reproduzem a capacidade humana de fazer cálculos, por exemplo, uma calculadora eletrônica. A rigor, a gente poderia até dizer que se trata de uma forma simples de "inteligência artificial" mas ninguém, em são juízo, pode declarar que a calculadora é uma replicação da mente humana ou que tenha consciência!!!

O mesmo vale para um computador que pode ser programado, por um ser humano inteligente, (e tem que ser nos mínimos detalhes!!) a fazer cálculos complexos de engenharia ou até jogar xadrez ou fazer diagnósticos médicos. "Atividades consideradas exclusivas do ser humano", até pouco tempo atras, mas que não transformam o computador em um ser inteligente e, certamente não, humano!!
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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Anotações à margem de uma leitura (1)

Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Clarice Lispector ...
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Estou lendo um livro sobre filosofia da mente. Lógico, para tenter entender! E embora, eu acho lindo o pensamento da Clarice, algo visceral, profundo e verdadeiro, não resta a menor dúvida que, para mim, entender faz parte do meu viver.
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Portanto, sei que pode soar esquisito ... mas gosto de matutar com meus botões, remoer as grandes questões cósmicas, meditar, etc ... Afinal, há quem tem verdadeira paixão pelo futebol ou por corrida de automóveis, porque eu não poderia simplesmente gostar de "filosofar"?
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O dinheiro não traz a felicidade ...

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mas convenhamos que a falta crônica de dinheiro tambem não faz bem nenhum !!!!