segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Já escreveu sua carta ao Papai Noel?

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Mensagem de Natal para todos os meus amigos, quer me leiam ou não
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Está certo, logo descobrimos que Papai Noel é uma farsa, um engôdo. Mas quando paramos de acreditar em Papai Noel, paramos de acreditar na fantasia, que nos é tão útil para enriquecer o nosso pensamento e nos ajuda a crescer enquanto pessoas.

Mas o pior de tudo não é isto : ao longo dos anos, desanimamos com os nossos próprios desejos e projetos de vida. E paramos de querer. Isto é uma tragédia irreparável pois apenas nos deixamos deslizar para a hora de nossa morte ...

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Não deixem que isto lhes aconteça : voltem a escrever para o Papai Noel. Peçam, digam-lhe o que desejam, o que querem fazer, o que esperam receber da sorte.

Parem um pouco de deslizar e voltem a viver, nem que levem umas decepçõezinhas no caminho.
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Sucedâneo ...

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Ando meio desanimado de escrever
Em economia, é um termo usado para designar algo que possa substituir, até certo ponto, o produto original procurado ....
Por exemplo, quero café mas não tenho café, aí me satisfaço com um chá mais forte.
Ou a televisão não funciona, aí eu leio uma revista, ou um livro, ou faço palavras cruzadas.
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Alguém conhece um sucedâneo para amar e ser amado?
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Sainete

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O vocabulário de um idioma, como retraçado no dicionário, contém algumas palavras tão estranhas, que chegamos a duvidar que alguém já as tenha usado e que questionamos quem as inventou e as colocou lá ...

Seja lá como fôr, algumas representam uns conceitos interessantes, coisas humanamente corriqueiras, normais e que deveriam ter um nome, sim, mas para usarmos no dia-a-dia.

Sainete é algo que atenua o desprazer ou uma impressão desagradável.

Nós precisamos e usamos de sainetes todos os dias. Os sainetes tornam nossa vida mais palatável, mais normal, nos ajudam a sobrepujar nossas frustações e contribuem para nossa felicidade.

Mas precisava ser uma uma palavra tão "insossa"?
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domingo, 30 de novembro de 2008

A colheita ... ou a beleza perdida

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É preciso que a flor morra para que nasça o fruto.

O casal está dançando, entusiasmado, relembrando os bons tempos. São bons dançarinos, esvoaçam passos bem treinadinhos, ela toda romântica, seguindo seu parceiro. Voluteam, se abraçam e se separam e se juntam novamente, tudo com muita fluidez e facilidade. Seus corpos se gostam, suas mãos se procuram ... não chegam a se beijar mas dançam visivelmente com a lembrança de seus beijos.

O leve balanço do navio certamente não os incomoda ... ao contrário, seus corpos se deixam levar ao sabor das ondas do grande oceano, lá fora, que se incorpora à musica.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Desertos, desertos ...

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O que é um deserto? Um lugar despovoado e inóspito.

Existem desertos de areia escaldante e existem desertos enregelados, os grandes desertos brancos das tundras e dos árticos.

Olhando para o grande oceano que levamos 5 dias para atravessar, me ocorreu que, no fundo, o Grande Mar, é tambem um enorme deserto. A abundância de água não deve nos enganar : esta água toda não nutre a vida humana. E a vida que fervilha nas profundezas do oceano nos é tambem totalmente invisível e inacessível.

Perdidos no oceano, morreríamos da mesma forma que em qualquer deserto de areia. De sede, de fome e torrados no sol+sal escaldante.

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E o nosso grande Deserto Interior, nossa concha particular de caramujo? o único lugar onde podemos nos encontrar com a Solidão que sentimos do Outro e a Solidão que sentimos de Deus!

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mais escalas ...

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A próxima escala foi MÁLAGA. Já conhecia, um bom comércio, lojas bonitas, um balneário muito procurado pelos europeus ... mas as nossas praias são bem mais bonitas!

Em seguida, FUNCHAL (Madeira). De Portugal, euro. Tambem já conhecia. Sempre tive ser um lugar pobre e de gente tôsca. Maior engano. A ilha é um lugar moderno, luxuoso, e de gente muito educada. Não tem praias mas tem vistas belissimas, auto-estradas moderníssimas, com viadutos cruzando a ilha inteira. Restaurantes ótimos, degustação de vinhos madeira, etc ...

Desta vez, almoçamos em um restaurante à beira mar, um maravilhoso bacalhau à São Martinho (era dia de São Martinho), bacalhau não muito grosso, grelhado na brasa, espetacular.

Depois disto, SANTA CRUZ DE TENERIFE. De Espanha, euro. Muito maior que Funchal, mas do mesmo tipão. Porto livre, bom para fazer compras.

RECIFE. Não vou comentar demais mas Recife é de cortar o coração, um verdadeiro lixão e esgoto a céu aberto. Uma vergonha!!!

SALVADOR. Continuam as restaurações de ruas e momumentos. A cidade está ficando cada vez mais bonita e asseada.... Muito calor, chegou a fazer 38o.

RIO DE JANEIRO. Bonita mesmo sob chuva. Visitamos uns amigos que moram entre Ipanema e Leblon.

domingo, 23 de novembro de 2008

Escalas ....

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A primeira escala foi BARI ... o porto é bem no centro da cidade velha, bem caracteristicamente medieval, ruas estreitas, antigas catedrais, castelos, etc ... não precisa pegar excursão : só perambular pelas ruas, um lugar muito agradável e um povo muito simpático e atencioso.

A segunda escala foi MALTA ... uma surpresa muito agradável. Uma ilha pequena, cheia de histórias de templários que deixaram sua marca, junto com os turcos, árabes, franceses, ingleses .... todo mundo esteve lá. Foi uma ilha bastante invadida e bastante fortificada. Parece uma enorme fortaleza.

A Igreja matriz de São João é um exemplar de arte rococó de cortar o folego.

Um comércio bastante movimentado e realmente bem barato.

Pena que a escala foi de menos de 6 horas e não deu para visitar uns templos pre-históricos bastante enigmáticos.

Viagem de navio ...


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Não terá sido minha primeira viagem de navio.

Do ponto de vista turístico, acho algo genial. Comprando com alguma antecedencia, estes cruzeiros transatlanticos podem ser proporcionalmente bastante economicos.

Estes navios ficam cada vez maiores e mais sofisticados. O MSC Musica, que pegamos em Veneza, é um navio enorme. Muito moderno e muito bonito. Tem 15 andares e uns 20 elevadores espelhados pelo navio para poder circular. Abriga 3000 passageiros e mais uns 1000 tripulantes. Uma cidade flutuante. Tem 2 restaurantes regulares servidos à mesa e uma cafeteria self-service. Fora um restaurante servido à la carte, alem de um restaurante japonês e uma enoteca, Tem 2 piscinas externas, uma quadra de tênis (!), um mini-golf, um teatro para mais de 600 pessoas (com show toda noite), 8 ou 9 bares, 1 discoteca, 1 biblioteca, 1 spa, .... e não lenbra mais o que!

Como o navio tem mais de 200 metros de cumprimento, as pistas dos decks superiores, externas às piscinas, permitem fazer boas caminhadas. Tem equipes de animação nas piscinas e nos salões internos onde há vários conjuntos se speresentando à tarde e à noite.

Dá para descansar bastante e não tem como se entediar com tantas coisas para fazer. Só tem de cuidar de não comer demais!!!!

Cabines comodas, a maioria com terracinho privativo, televisão, mini-bar e um serviço de quarto impecável.

Foi a viagem inaugural do navio e houve falhas da administração .... As viagens da linha Costa são muito melhor organizadas, em termos de animação e de atendimento ... e sobretudo, na qualidade da alimentação, que não foi ruim, mas a do Costa era bem superior.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Caramujo ...

Interessante a imagem dos caramujos e dos caracois ... animais mansos e tranquilos, transmitem uma sensação de calma e paz ... ao mesmo tempo, por carregarem a todo lugar sua casinha, espelham bem a idéia de independência e de pertinência em qualquer lugar do mundo em que possam estar!

Ha um preço contudo : esta é uma morada solitaria da qual não podem se separar ... por assim dizer, quase a refletir a condição humana : enquanto estiverem vivos, estão condenados a uma solidão irreversivel a qualquer lugar a que forem, carregando-a consigo, como parte de sua natureza.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Aix-en-Provence

Passamos três dias em Aix. Tivemos uma sorte muito grande com sol e temperaturas entre 16 e 24, muito inesperado nesta época do ano.

Nao que tenha muita coisa a ver como tal em Aix, mas é uma cidade muito simpatica, que guarda seu passado medieval com muita graça, foi a terra de Cézanne e Emile Zola, uma cidade velha parecidissima com a cidade velha de Nice, as ruas apertadinhas, que mudam de direçao a toda hora, cheias de restaurantes e lojinhas, um numero enorme de turistas de todos os lugares, feiras, brasseries ao ar livre e, é claro, como nao poderia faltar, as indefectiveis griffes ....

A presença do provençal é marcante, com o nome das ruas - carrieros - simultaneamente em francês e provençal --- o provençal é irmao proximo do catalao, muito semelhantes ...

Gostei muito

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Diário secreto ...

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Como assim secreto? Faz sentido um diário que não é tornado público?

Pois é, não é nem bem o fato de ser tornado público ou não. Um diário é sempre secreto. No sentido que o diário é uma espécie de diálogo entre eu e eu-mesmo, que só eu e eu-mesmo podemos entender realmente sobre o que se conversa. Aos outros, parecerá cheio de mistérios, de conflitos e contradições.

Pois somos todos assim, não é? Nem nós mesmos nos entendemos direito, como é que os outros podem querer ou ter a pretensão de nos entender?

E porque teríamos que dar explicações aos outros sobre o que nos acontece, sobre as coisas que fazemos - ou não fazemos, sobre nossas motivações, sobre aquilo que desejamos ou queremos?

Sobre aquilo que amamos ou odiamos, sobre aquilo que nos faz feliz ou nos entristece.

Sobre as nossas fraquezas ou erros : quer os admitamos ou se sequer os reconheçamos. Não teremos todos as nossas falhas e inseguranças? Porque se explicar?

Meu diário é como um retrato apenas. É como eu sou. Aceite-o como você aceita uma pessoa que você ama, sem nada perguntar.
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domingo, 5 de outubro de 2008

Anotações à margem de uma leitura (2)

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"A mente deixou de ser algo exclusivo dos seres humanos. (.... ) passamos a atribuir mentes e inteligência a máquinas e outros dispositivos artificiais."

A mente deixou de ser algo .... É uma má formulação do assunto. O correto é " a mente deixou de ser considerada algo". Pois a mente não mudou nestas últimas décadas; o que mudou, talvez, é o conceito que se fazia dela!!!

Alias, a definição de "mente" é algo bastante fluido. É tão grave isto que, em francês, não existe uma palavra específica para mente, usa se "esprit" com duas conotações : a de mente e a de espírito.

Vamos consultar o Aurélio :
Intelecto, pensamento, entendimento; alma, espírito.
A definição inclui um monte de coisas que, a rigor, não tem nada a ver. Para os religiosos, místicos e esoteristas, alma e espírito são coisas totalmente diversas da mente. Também existe uma confusão generalizada de considerar a mente como sendo inteligência.

A mente é uma aglomerado de funções psíquicas como bem reflete a definição que encontramos no Webster :
The complex of elements in an individual that feels, perceives, thinks, wills and especially reasons.

Pois é, a mente não é apenas inteligência ou raciocínio. Ela inclui também as funções de percepção, sensibilidade, emotividade, sentimento, volição e segundo alguns, inclui também coisas como a intuição, a imaginação e as funções oníricas.

Outra consideração importante é que, intuitivamente, toda vez que falamos em função mental, incorporamos a idéia simultânea de consciência. Fica difícil considerar uma função como "mental" que não seja consciente.

Certas máquinas reproduzem a capacidade humana de fazer cálculos, por exemplo, uma calculadora eletrônica. A rigor, a gente poderia até dizer que se trata de uma forma simples de "inteligência artificial" mas ninguém, em são juízo, pode declarar que a calculadora é uma replicação da mente humana ou que tenha consciência!!!

O mesmo vale para um computador que pode ser programado, por um ser humano inteligente, (e tem que ser nos mínimos detalhes!!) a fazer cálculos complexos de engenharia ou até jogar xadrez ou fazer diagnósticos médicos. "Atividades consideradas exclusivas do ser humano", até pouco tempo atras, mas que não transformam o computador em um ser inteligente e, certamente não, humano!!
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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Anotações à margem de uma leitura (1)

Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Clarice Lispector ...
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Estou lendo um livro sobre filosofia da mente. Lógico, para tenter entender! E embora, eu acho lindo o pensamento da Clarice, algo visceral, profundo e verdadeiro, não resta a menor dúvida que, para mim, entender faz parte do meu viver.
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Portanto, sei que pode soar esquisito ... mas gosto de matutar com meus botões, remoer as grandes questões cósmicas, meditar, etc ... Afinal, há quem tem verdadeira paixão pelo futebol ou por corrida de automóveis, porque eu não poderia simplesmente gostar de "filosofar"?
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quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O dinheiro não traz a felicidade ...

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mas convenhamos que a falta crônica de dinheiro tambem não faz bem nenhum !!!!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

La mer efface ...


La mer efface sur le sable les pas des amants désunis

O mar apaga na areia os passos dos amantes desunidos

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Do tempo que se faziam músicas e letras. Comparem as versões. Todas lindíssimas.

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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Em partes ...

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Estou apresentando um tema em três partes, que devem ser lidas mais ou menos em seqüência ... ou seja voltando para trás, devido a organização deste blog.

O assunto é competição, em particular competição esportiva nas olimpíadas.

Não assustem com a "Teoria" dos Jogos, no fundo, é muito simples e fácil de verificar à nossa volta no dia-a-dia .... e é uma introdução essencial para os comentários feitos a seguir.

Teoria dos Jogos

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Existem basicamente 3 três tipos de jogos na vida real. Existem os "win-win", os "lose-lose" e os "win-lose".
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Os win-win são os jogos em que as duas partes ganham. Por exemplo, duas pessoas se associam para montar uma empresa, uma é ótima em vendas, outra em produção, elas se complementam e as duas ganham no processo. Uma empresa faz um contrato de suprimento com um fornecedor. Ambos ganham. Idealmente, o casamento deveria ser algo assim .... e alguns, felizmente, o são!!
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Os lose-lose são os jogos em as duas partes perdem. Um casamento mal feito, onde os parceiros não se gostam, vivem se digladiando e fazendo a vida, um do outro, um verdadeiro inferno. Outro exemplo, é as más companhias onde uma ajuda a destruir a outra.
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E existem os win-lose. O caso mais comum. O da competição. Um ganha, outro perde. Como uma partida de baralho, ou um salão de arte, ou um empreendimento comercial que precisa derrotar os concorrentes pois senão, não sobrevive eis que não tem espaço para todo mundo!
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Este tipo de jogo, por sinal, é muito valorizado hoje em dia, e especialmente em certas culturas como a norte-americana, onde o homem é medido pela sua capacidade de ser um winner, um homem que tenha o estofo (força, destemor, coragem, frieza, esperteza, etc...) para derrotar os outros e ser um vencedor.
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A ofensa maior que um mulher pode fazer a um homem – nos filmes americanos – é chamá-lo de loser, como vocês certamente já devem ter visto.
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Esportes

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Os esportes sempre foram considerados como uma atividade humana mais nobre, onde ressaltam os mais altos ideais e aparecem as qualidades mais edificantes do ser humano.
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É verdade que o esportista deve colocar uma quantidade grande de trabalho, esforço dirigido, vontade firme, persistência e paciência no que faz, ... São qualidades edificantes e não serei eu a criticá-las!

.Sem uma motivação férrea, o atleta não vai chegar a lugar nenhum. Mesmo porque, os esportes, em sua grande maioria, tem um valor pragmático muito pequeno. Quer dizer, qual o valor de conseguir correr 100 metros em menos de 10 segundos? Ou de pular mais de 2,40 metros? Ou de nadar 50 metros em menos de 22 segundos?

Para que serve isto no nosso dia-a-dia? Coisas importantes, no nosso mundo moderno, é saber dirigir com segurança, ter preparo tecnológico para usar a parafernália eletrónica, saber se posicionar para fazer uma carreira produtiva, ter o espirito preparado para uma relação positiva como marido/esposa e pai/mãe. Em coisas deste tipo é que o homem moderno deveria se preparar e se destacar.
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Mas, pelo sim, pelo não, sempre que houver uma competição, como numa olimpíada, fica evidente que, para que cada atleta ou time que ganha, haverá uma série de outros atletas ou times que perdem. Que passam por humilhação, desespero, frustração, culpa, choro, vergonha, ... quando não pelo opróbrio público.
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E como tem muitos mais perdedores do que ganhadores, as olimpíadas são, no fundo, um campo muito maior de tristeza do que de alegria e de orgulho.
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Espiritos evoluídos

Recebi o seguinte texto, por e_mail, há poucos dias
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Há alguns anos, nas olimpíadas especiais de Seattle, 9 participantes, todos com deficiência mental, alinharam-se para a largada da corrida dos 100 metros rasos.
Ao sinal, todos partiram, não exatamente em disparada, mas com vontade de dar o melhor de si, terminar a corrida e ganhar.
Um dos garotos tropeçou no asfalto, caiu e começou a chorar.
Os outros oito ouviram o choro. Diminuíram o passo e olharam para trás. Então viraram e voltaram.. Todos eles.
Uma das meninas com Síndrome de Down ajoelhou, deu um beijo no garoto e disse: - Pronto, agora vai sarar!
E todos os noves competidores deram os braços e andaram juntos até a linha de chegada. O estádio inteiro levantou e os aplausos duraram muitos minutos...
Talvez os atletas fossem deficientes mentais... Mas com certeza, não eram deficientes espirituais...'
Isso porque, lá no fundo, todos nós sabemos que o que importa nesta vida, mais do que ganhar sozinho é ajudar os outros a vencer, mesmo que isso signifique diminuir os nossos passos...'
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E se o mundo fosse composto de seres assim?! Pergunta o meu correspondente.
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Bom, seria uma revolução e tanto ...!!!
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Primeiro todo o nosso conceito de comércio cairia por terra ... e a indústria que o suporta junto!! É verdade que todas as tentativas de economia social-cooperativista nunca funcionaram ... para a economia funcionar, parece necessário o egocentrismo humano movido à competição!! Ser melhor do que o outro, desbancar a concorrência, etc ...
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A Política desapareceria ... e, apesar da podridão que reina nela, o que poríamos no lugar? Os ideais de Anarquia (auto-governo, etc ...) também nunca chegaram a serem implantados.
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Os esportes perderiam totalmente sentido .... imagine todos os jogos de futebol, tênis, etc ... acabariam sempre empatados!!! Meio tedioso, não? Qual público iria freqüentar?
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É lamentável mas parece que, para que haja progresso "social", é preciso usar os instintos mais baixos do ser humano como alavancagem!
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Minha mais recente escultura


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Ando em uma pequena maré seca e não tenho produzido muito nos últimos 2-3 meses .... mas esta, modéstia à parte, eu gostei.
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Uma mulher recebendo o sol e o vento, mergulhada na Natureza.
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Se quiserem ver mais detalhe, podem clicar em cima da foto que ela aparece ampliada (Não sou um bom fotógrafo, mas aproveitei bem o sol deste final de tarde, bem fria por sinal.
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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Manga rosa ...


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Ah! O perfume da manga rosa ... e aquela linda bola de rosas, de laranjas e de todas as outras cores do amor que a natureza foi capaz de criar.

E aqueles sabores suculentos, lambuzando as mãos e os beiços. Pois existe outro meio de saborear uma manga rosa, a não ser pegando, chupando, mordendo, se manchando todo como uma criança feliz?

É verdade, a nossa civilização se envergonha destes pequenos gestos de comungar com a natureza! Comer uma alcachofra à francesa, toda retalhadinha, para comer com garfo e colher? Ou um figo, já descascadinho?

É feio pegar com as mãos! É feio meter as mãos na argila ou nas cores para criar arte. É feio os pés na terra ou na grama úmida, na areia quentinha da praia. É feio desnudar o corpo para sentir o vento ou as carícias do mar.

É feio tocar no corpo da pessoa amada. Calculo que haja pessoas que fizeram filhos mas sem tocar no parceiro com suas mãos. Sem sentir a vida palpitar, sem comungar do calor de sua pele, sem respirar o mesmo hálito.

Manga rosa. Quantas saudades você me traz!
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P.S. Não deixem de assistir http://br.youtube.com/watch?v=BHqAllSQ_eM

terça-feira, 2 de setembro de 2008

ô toi qui le savais!

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Do poema À Une Passante de Beaudelaire.
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Car j´ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
ô toi que j´eusse aimée, ô toi qui le savais
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Pois ignoro para onde foges, tu não sabes onde vou,
oh, tu que eu teria amado, oh tu que o sabias
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I love people ...

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but not 24 hours a day!
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De uma reportagem, sobre administração de pousadas, questionando a dona ...
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sábado, 30 de agosto de 2008

Para-Olimpíadas

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Ou não teremos, todos, nossas deficiências?

Não estaremos, todos, tentando sobreviver em nossas para-existências?

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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A vida ama ...

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a quem ama a vida ...
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ditado egípcio, citado no filme O Edifício Yacoubian, filme da Net que recomendo, por sinal. É sobre personagens que vivem no Cairo contemporâneo. Uma realidade que não conheço por se tratar de egípcios abastados e influentes.

O Egito onde nasci e me criei era de metecos (= estrangeiros radicados) de classe média, de uma realidade totalmente diversa.
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quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O problema não é "o que"

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Isto já tem bastante, o problema é outro
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quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Pastel de feira

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Os prazeres simples da vida
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Comenrários mais tarde
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terça-feira, 26 de agosto de 2008

Il me semble que la misère serait moins pénible au soleil

De uma canção do Charles Aznavour :

"Quer me parecer que a miséria seria menos penosa ao sol"

O que incomoda mesmo é este "il me semble" que soa como "só pode ser".

Comentários mais tarde
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segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Patria e Humanidade

Alguém sabe quem é o autor de :

"Patria virou um nome bem pequeninho depois que inventaram a palavra Humanidade".
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Comentários mais tarde
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Os limites do silêncio

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Comentários mais tarde
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Os tambores de Beijing - 2

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A síndrome da riqueza carnavalesca
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Comentários mais tarde
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Os tambores de Beijing

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O indivíduo perdido na multidão
A natureza Coletiva da Consciência Humana e o Caminho da Individuação
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Comentários mais tarde

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Ay, mourir d'amour

Uma música de Charles Aznavour
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Ay, mourir d'amour
T'offrir ma dernière seconde
Et sans regret quitter le monde
En emportant mon plus beau jour
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(Ai, morrer de amor)
(Te oferecer o último instante)
(E sem pesar deixar o mundo)
(Levando comigo o mais belo dia)
Comentários mais tarde.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Parábase ..a pergunta que não consigo responder



Parábase :

Na comédia da antiga Grécia, era um intervalo onde os atores retiravam as máscaras e falavam em seu próprio nome aos espectadores, expondo suas opiniões pessoais e comentando o personagem, a peça, o autor ou questões políticas.

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Nosso ego, é a somatória dos vários papeis que representamos durante a vida, filho, aluno, pai, marido, profissional, colega, etc ...

Em algumas sociedades, como a norte-americana, toda a educação e formação do indivíduo gira em tôrno da proficiência com que o cidadão desempenha seus papéis.

É, definitivamente, considerado de péssimo tom e muito mal visto, numa sociedade assim, a pessoa se despojar de suas obrigações sociais e manifestar sua individualidade, seus problemas íntimos ou opiniões não-convencionais.

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Em um filme que assisti recentemente, o personagem se submete a uma psicoterapia, onde o primeiro exercício é escrever sobre o tema "Who am I?"

O psicoterapeuta rejeita repetidamente as tentativas do personagem. Não, não é sua biografia que pedi, nem onde nasceu e se criou, nem quem são seus pais. Não, não é o que você faz, nem quais são seus hobbies. Não é como você se comporta com relação ao trabalho, ao casamento, a igreja. A pergunta é "Quem sou eu? Não o que faço, como vivo e sequer o que penso ou o que sinto."

Realmente, tem que tirar a máscara ... mas tirando a máscara, o que sobra? Para o desespero do personagem do filme, que não consegue responder a pergunta.

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Devo reconhecer que tampouco consigo.

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Visitem meu novo mini-blog

Adágio&Cia : cliquem no link, abaixo, à direita

Ou vão direto para : escultor2.blogspot.com

Coisas curtinhas ...

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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Poeira de estrelas ...


Recuperado de blog anterior

Me escreveu uma amiga de grande sensibilidade poética :"Penso que, ao morrer, voltarei aos meus elementos materiais primeiros; serei restituída assim ao estoque universal para depois me tornar planta, pedra, animal e se quiser romantizar um pouco.....poeira de estrelas"


Se esquece ela que nós não temos que voltar, e certamente não temos que morrer : nós já pertencemos ao Universo. Veja bem, nosso corpo (físico) está permanentemente intercambiando materiais com o mundo externo, recebendo ar, minerais, alimentos, proteínas, energia, etc .. {não se esquecendo de cerveja e de vinho!!!}, transformando-os em nossa própria matéria e devolvendo outro tanto ao ambiente. É como se fossemos interpenetrados pelo mundo físico que parece passar atraves de nos, como um fluído : a imagem de uma anémona-do-mar ou água-viva é sugestiva do processo, embora a velocidade e a fluidez são diferentes, é claro.


Nós estamos sujeitos às mesmas leis que as pedras : nós caimos, podemos ser pisoteados, quebrados, etc ... Nosso corpos tem o mesmo tipo de processo vital que as plantas e os animais : nós não diferimos em nada deles neste particular : precisamos nos alimentar, precisamos de energia, nós nós reproduzimos, etc

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Nós somos pedra, planta e animal! Vivos ou mortos!


Mas eu diria que a coisa vai um pouco mais longe. Quer ver? O nosso processo de pensar : se um humano pensar de forma certa (ou seja sem que haja uma deficiência de malformação ou doença), seu pensamento vai obedecer a certos padrões que são uma espécie de regra comum. Dado um certo problema lógico, dois humanos (sadios e conscientes) usando sua inteligência, devem poder chegar à mesma conclusão. É como se, nós humanos, fossemos terminais de uma grande computador, usando o mesmo software básico. É como se, nós humanos, colhessemos pensamentos (a matéria pensante) de um substrato que nos circunda e no qual estamos mergulhados, que flui atraves de nós. É conhecido o fenômeno de descobertas serem realizadas ao mesmo tempo, por pesquisadores que não se conhecem, em diversos e afastados lugares do globo : como já disse, é como se estes pesquisadores colhessem as idéias que lá estivessem plantadas.


Mais uma coisa : as nossas emoções. Nenhum humano vai conseguir inventar uma emoção que em grau maior ou menor, não tenha sido sentida por outro ser humano. Alias, ser capaz de sentir este elenco de emoções, é o que, para a maioria de nós, define uma pessoa como "humana". O mesmo processo que para o pensamento, apenas talvez mais perceptível. Inclusive o substrato emocional nos é bastante mais sensível que o substrato noético (palavrinha feia, mas fazer o que?). Nós sentimos facilmente contagiados pela agitação de um estádio de esportes, pela ansiedade de uma época de crises sociais e ... pela tristeza ou alegria de um ser próximo, por mais que disfarce e se contenha.


Poderia citar outros exemplos em diversas outras áreas da atuação humana : em particular nas artes, onde vários artistas referem que se sentem como uma "parteira" : eles não criam a obra de arte, eles são apenas os que trazem a obra de arte a este mundo. Outra vez, como se as obras de arte já estivessem prontas em um substrato coletivo. Nós, indivíduos, somos apenas membros de Humanidade.


Como diriam alguns religiosos, somos as células de um Grande Corpo Místico.


Concordo com você que o Homem não é a medida de todas as coisas. Ele não é Deus. Que se você quiser chamar de Vida, eu não me incomodo nem um pouco pois nós não conhecemos (nem podemos conhecer) o nome de Deus, nem seus Atributos.


Mas não consigo pensar fora do meu contexto de humanidade, tão intricadamente entrelaçado que ele está naquilo que eu chamo de minha individualidade. Que talvez não exista e seja apenas uma ilusão. Mas é a única coisa que eu tenho para me agarrrar e conviver neste mundo que me circunda.

domingo, 10 de agosto de 2008

Conceitos masculinos ...

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O que é uma mulher bonita, uma mulher sexy e uma mulher gostosa?
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Mulher bonita é um conceito que tem algumas latitudes relativas ao lugar, a época e ao nível cultural ... mas existe um certo grau de consenso. Até as próprias mulheres concordam. Simetria, harmonia de linhas, um certo balanceamento de proporções e uma elegância de porte que não pode faltar ...
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Mulher sexy é a que transmite sensualidade própria, não necessariamente uma beleza extraordinária mas a que revela uma certa dose de malícia, e manifesta uma certa intenção de sedução ... difícil descrever como e o que funciona mas certamente são importantes a postura corporal, as poses, o modo de vestir, o tipo de roupa que sugere mas não mostra, o desarranjo intencional para parecer natural, os gestos convidativos, o olhar cúmplice, a maquiagem, etc ...

Lógico, haverá variações individuais, o tipo ingênua ou malandrinha, a vamp, etc ...

É sempre um estimulo predominantemente visual, a voz ajuda mas como um complemento .... As mulheres sabem instintivamente como funciona e reconhecem mas, invariavelmente, declaram não gostar quando as outras usam ("é uma falsa!", "hipócrita" e outros epítetos para qualificar manobra ou artificialidade ou falta de sinceridade!!)
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Mulher gostosa (e outros termos mais chulos) é a que torna manifesta a sua sexualidade. Beleza não tem nada a ver. Sensualidade entra mas levada a um certo exagero.

Existirá sempre um descarado reforço dos seios e das cadeiras (características primordiais da atração sexual para o macho). Se a natureza não proveu, vai usar roupas provocantes. Gestos exagerados, roupa propositadamente usada para mostrar, decotes generosos, calças apertadas, ou biquínis reduzidíssimos, etc ... Uma certa agressividade no comportamento e um oferecimento acintoso fazem parte do elenco.

Uma fêmea disponível e equipada!
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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sobre a Paz ...



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Ouve-se um monte de pessoas - algumas até bem inteligentes e bem intencionadas - falar da "luta" pela paz. Acaba com ela na hora! Pois paz pressupõe NÃO lutar, não é? A coisa chega ao paroxismo do ridículo quando os governos falam de "guerra pela paz". Coisa que o Einstein apontava constantemente.
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Quem foi /é casado, sabe o que quer dizer quando um dos cônjuges (ou os dois) diz que quer garantir seus direitos ... (não me iludo nem um pouquinho que também participo disto) .... a mesma coisa acontece com os governos, os grupos políticos .... todo mundo quer garantir e impor seus direitos (ou seja aquilo que ele acredita que lhe dará a paz)!!!
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Se o outro não concordar, retire o obstáculo do caminho, destrua-o!!!
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Este discurso é velho, não é de hoje : não creio que a beligerância esteja aumentando, sempre houve. A Humanidade é tão "primitiva" hoje quanto sempre foi ao longo de sua História!!! A violência é uma doença psicossocial, sim. Uma doença antiga e permanente.
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Tudo revolve em torno do que seja saúde humana. Especialmente, do ponto de vista psicológico e espiritual, o ser humano saudável é aquele que já ingressou no Caminho e está em fase de desenvolvimento, aquele que é capaz de "uma maior sensibilidade para com os outros, que manifesta um grau maior de amor, de compaixão, de empatia e de generosidade; uma apreciação do caráter assombroso e misterioso da vida; que tenha reverência, maravilhamento e gratidão pelo caráter numinoso e sagrado do Universo que nos cerca"*
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A tradição budista e outras sugerem que o apego à satisfação das próprias necessidades é a fonte do sofrimento e que é provável que os indivíduos altamente desenvolvidos sejam motivados pelo desejo de contribuir para com os outros e de servir.
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Talvez aí esteja a resposta sobre o que seja a Paz.
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O ser humano não é uma doença. Ele contem em si germes de doença, sim. Mas também contem em si a semente do Amor, da Grandeza e da Paz. É uma questão de Opção.
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E claramente, não é a opção dos políticos. Posso não ter a resposta cabal, mas uma coisa garanto, os políticos provaram alem de qualquer sombra de dúvida, que eles não a tem!!..
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Muito apropriado, neste contexto, o que afirmava Santos Dumont : "Eu criei um aparelho para unir a humanidade, não para destruí-la" ao ver sua invenção uasada na guerra.
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* Texto do Abraham Maslow.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

É fácil ser herói ...

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Os heróis modernos são os personagens dos desenhos infantis e dos filmes americanos de aventuras.

É fácil ser um destes heróis modernos ... vencem sempre ... são fortes, tem punhos de aço, ganham tudo na porrada e na posse e uso de armas imbatíveis ... quando não, na astúcia maliciosa, disfarçando e enganando.

Todos tem enorme intrepidez e coragem pois costumam ser imortais ...

A diferença entre eles e os seus inimigos é que os seus inimigos são sempre derrotados, aniquilados, destruídos. E portanto, são maus. Afinal, quem vence é quem tem direito a escrever a história.

É fácil ser herói quando se nasceu em berço esplêndido ou com um monte de dinheiro à disposição. Quando se tem uma inteligência super-privilegiada, quando a natureza nos dotou de uma vontade férrea ou de carisma excepcional.

É fácil ser herói quando se é agraciado por uma dádiva divina ou se pertence as elites que tem a impunidade garantida.

Assim, é fácil, muito fácil ser herói!!

Quero ver ser herói quando se tem que ralar todo dia em um trabalho degradante, quando se tem que tomar três conduções para chegar ao trabalho e outro tanto para voltar para casa, quando falta dinheiro para o leite ou o remédio das crianças.

Quero ver ser herói quando se passa meses e anos desempregado, ou quando se vive doente, com a saúde abalada e sem recursos para cuidados médicos.

Quero ver ser herói quando se tem um QI baixíssimo ou quando não se recebeu a mínima educação ou preparo.

Quero ver ser herói sendo subnutrido, morando em barraco fétido ou dormindo em sarjeta.

Quero ver ser herói.

Ou santo, dentro desta mesma linha de raciocínio.
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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Amor e sexo

Primeiro, gostaria de esclarecer que, a medida que vou ganhando em idade, estou chegando a conclusão que, antes de sermos um homem ou uma mulher, somos um "ser humano", com nossos anseios, sonhos, incertezas, carências, etc ... e nisto somos muito mais parecidos do que diferentes.

O que observo à minha volta é que os homens alardeam bastante o sexo, mas no fundo disfarçam bem suas necessidades afetivas,... e as mulheres alardeam bastante o amor, mas no fundo disfarçam bem suas necessidades sexuais.

No fundo, os dois, homens e mulheres, precisamos das duas coisas, numa dosagem bem individual, não resta dúvida.

Mas, NINGUÉM, em sã consciência, confunde sexo com amor. Nem deveriamos confundir o nosso amor com problemas sexuais!

Alguns (e algumas, é claro) confundem sexo com esporte ou simples entretenimento. {risos}

O que está errado é negar a influência dos hormônios em nossas vidas. Não precisa se tornar escravo deles, mas satisfazê-los, de forma apropriada, não é coisa ruim. (Osho tem alguns textos bem interessantes a respeito.). Afinal, satisfazemos regularmente nossos instintos de comer e ninguém acha um pecado maior!!! O sexo é apenas mais um instinto de sobrevivência, e como todo instinto de sobrevivência, vem acompanhado de prazer.

Deveríamos ser mais naturais a este respeito, sem chegarmos a ser promíscuos.

Casamento é um caso à parte neste assunto. Tem casamento sem amor e tem casamento sem sexo. Não que eu defendo haver atividades paralelas, mas a pior "traição" no casamento não é necessariamente uma aventurazinha eventual, no sexo ou quiçá até, no amor. A verdadeira traição é não cuidar da casa, não cuidar do conjuge e dos filhos, dilapidar o dinheiro do casal com jogo ou noitadas permanentes, e outras coisa afins.
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quinta-feira, 31 de julho de 2008

Amar é uma decisão?

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Recebi um e_mail hoje, destes de spam, que discorre sobre o ato de amar. Alias, o assunto predileto deste tipo de spam.

Este pequena palavrinha de 4 letras deve ser a palavra que mais significados tem na face desta Terra .... e que causa mais confusão na mente das pessoas.

Mas, sim, concordo com o autor : Amar é uma decisão, não um sentimento. É um ato volitivo, não um ato do coração. Como prossegue o autor, é dedicação, entrega.

O que o autor esquece é que, como em tudo que é socialmente correto, o risco de perder-se a espontaneidade é muito grande. Quando se chega ao ponto de se Amar por dever ou por injunão moral ou religiosa, a pessoa "amada" vai saber disto muito rapidamente ... e é uma sensação, no mínimo, bastante amarga.

Isto me lembra de um filme onde a mulher de um pastor se queixa ao marido, querendo a separação :

"Não quero que você só me ame ou cuide de mim e dos nossos filhos, como você tem realmente feito. Eu quero que você GOSTE de mim!"
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sábado, 26 de julho de 2008

Filósofo

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Sempre me fascinou a figura do filósofo. Solitário e incompreendido, perdido nos meandros de seus pensamentos e alheio à vida comum que o cerca, para não dizer totalmente inadequado para a vida do dia-a-dia. Sublime por um lado, profundamente inábil de outro : quem lhe deu este direito de ser um parasita social e ainda se achar superior? Bom, talvez o próprio filósofo não se ache superior mas certamente se comporta como tal. Ele não é entendido, seus melhores (necessariamente poucos) amigos mal conseguem conversar com ele!

O que um filósofo faz? O que ele produz? Ninguém sabe ao certo. Nem ele provavelmente.

Ele não é um cientista, não tem especialização prática nenhuma. Como ele passa seu tempo especulando, ele não perde seu tempo com a necessidade de provar o que ele diz! Mas o diz e diz o que quer sobre tudo, o que não deve agradar aos homens de ciência e de tecnologia que ralam anos em pesquisa e experiências.

Não é tampouco um religioso, alias normalmente os religiosos o odeiam, por ele representar uma independência que os incomoda, discutindo tudo quanto é artigo de fé, não se importando com revelações e fazendo pouco caso dos dogmas e mandos eclesiásticos!

Talvez seja um pouco artista, no sentido que ele vive tentando captar a natureza das coisas, mas diferentemente do artista, ele não produz nenhuma obra concreta de arte, apenas livros de leitura insossa, que são lidos apenas por outros filósofos (que nunca concordam com as suas posturas) e que certamente, os leigos - e os literatos também - nunca se atreveriam a chamar de literatura!

Para que serve um filósofo, então? Qual a sua utilidade, no âmbito socio-econômico de hoje em dia? As ciências empurraram os limites do conhecimento em áreas em que os filósofos, no passado (até justificadamente!) se arvoravam donos da sabedoria. Tal como na psicologia, para dar apenas um exemplo marcante.

Por que estudar filosofia? Por que ensinar filosofia? Por que ser um filósofo hoje? Especialmente, quando sabemos que os políticos são donos da verdade e tem os meios para impó-la!

Tenho uma profunda simpatia pela dor visceral de uma mãe quando ela se dá conta que seu filho tem vocação para ser filósofo!!

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Futilidades ...

Cada qual com as suas ...

Há quem torça por um time de futebol (e não encontrei ninguém que pudesse me explicar o porquê de sua escolha)

Há quem coleciona selos

Há quem passa noites insones estudando posições de xadrez

Há quem não perde um capítulo de novela

Há quem devore 3 ou 4 livros por semana

Há para todos os gostos .... portanto :

Tenho o direito a ter as minhas!!!

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Espaços ...

Esta postura é a Vrikshasana, muito praticada pelos indios americanos no topo das montanhas, onde permanecem por dias seguidos em meditação.

Esta imagem me traz a lembrança de ter estado, algumas vezes em minha vida, em pontos culminantes de uma paisagem, onde, invariavelmente, a primeira sensação que se apossa de mim é o senso do ESPAÇO. É como se o ESPAÇO fosse fluido e pudesse permear meu corpo e minha mente. De repente, é como fosse nosso corpo e nosssa mente. É como se a gente pudesse aspirá-lo e incorporá-lo a nosso SER.

E sentir a sua natureza, diretamente sem raciocinar ou questionar. Sem nenhum mistério. Sem sequer se preocupar com o que é. Apenas estar lá, estar nele e ele em nós.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Pode ser uma ilusão ....

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Foto tirada de meu terraço ontem ...

Pode ser que a beleza deste pôr-de-sol esteja apenas na minha percepção, uma ilusão ... mas que é lindo de morrer, não resta a menor dúvida.

E quando partir, vou sentir saudade desta linda Terra ... e espero que posso levar comigo pelo menos a sensação com que este portentoso crepúsculo preencheu minha alma por uns preciosos momentos!
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quinta-feira, 12 de junho de 2008

A beleza não existe na natureza

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Tudo começa com uma cena final de um filme (creio ser do Herzog), onde aparece um velho gramofone tocando uma ópera no meio de um deserto ... a camara afasta um pouco mostrando que não tem ninguem escutando ... e o som se esvai simultaneamente ... ficando apenas um enorme e solitário silêncio.

Esta cena ressalta de forma magnífica que é necessário um ouvido humano para que exista a música. Sem ouvido humano, a música é apenas um som ... não, nem um som, uma vibração do ar no meio de uma multitude de vibrações, absolutamente sem sentido. Existe seres vivos que não ouvem as faixas para as quais nossos ouvidos estão preparados e existe seres vivos que ouvem outras faixas de vibrações. Existe seres humanos que são surdos e para os quais som e música não fazem o menos sentido.

A música, a beleza que há nela, somente existe para um ser humano. A música não existe na natureza como tal. A fala humana, os belos discursos, os poemas, as declarações de amor, tambem, não existem como tais na natureza. Existem apenas quando um outro ser humano os escuta (e os entende). Senão, é como falar - ou tocar uma ópera - no deserto.

Da mesma forma, não existem cores na natureza.

Existem ondas eletromagnéticas que se propagam e se refletem na natureza. Uma faixa destas ondas sensibilizam os olhos humanos e se manifestam como percepções de cores e imagens. Da mesma forma, existem seres vivos totalmente insensíveis ao nosso espectro visível. E existem seres vivos sensíveis ao infra-vermelho, ultravioleta, etc ... Existem seres humanos daltonicos ou então, cegos.

Nós não vemos os objetos : mas apenas a reflexão da luz neles. Basta apagar a luz, nós não vemos mais nada.

É preciso tambem relembrar que os objetos, em si, tambem não tem cores. Uma folha de árvore não é verde. Um tomate não é vermelho. Somos nós que os vemos assim. Para um daltonico, a folha e o tomate têm a mesma cor! Alias, nada garante que aquilo que eu vejo como vermelho, tem no meu cérebro, a mesma percepção que no seu, podendo, por exemplo, minha sensação de vermelho ser igual à sua sensação de amarelo.

Segue-se disto que uma pintura genial é uma completa inexistência para um cego ou para um animal que enxerga em outra faixa de ondas.

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Daí, como sons e cores não existem na natureza, as harmonias que reconhecemos numa frase musical ou numa composição cromática tambem não existem na natureza. Elas só existem porque as reconhecemos como tais em nossas percepções.

Esta beleza não existe na natureza mas somente em nós.

E vai morrer conosco, quando nossa capacidade perceptiva se extinguir com a nossa morte, ou então, simplesmente com a nossa inconsciência.
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A Beleza é um conceito humano

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A beleza é um conceito humano, não universal.

Não vale para outros seres. Será que os Anjos vêem a beleza como nós a vemos?

Os animais, certamente, parecem ser indiferentes à beleza, pelo menos para aquilo que nós, humanos, chamamos de beleza.

Diga-se de passagem, o conceito de beleza, mesmo nos humanos, tem sofrido variações enormes entre grupos de diferentes culturas e em diferentes épocas. Alias, em muitos humanos, nota-se uma indiferença para com a beleza, bastante próxima à dos animais.

Será que a beleza, que é tão fugidia e instável, e que nunca recebeu uma definição digna de nota, será que a beleza existe? Ou será apenas mais uma ilusão, um condicionamento social no meio de tantos outros?

Será que estes homens indiferentes à beleza são seres insensíveis? Ou serão talvez mais sábios, no sentido de não se deixarem afetar por uma ilusão?
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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Nossa essência primordial.

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Estava matutando sobre as diversas formas de arte e considerando, por exemplo, que existem algumas formas que se desenvolvem no tempo, como a música ou a dança. Outras, como a pintura e a escultura, não.

Mas é uma ilusão achar que a pintura e a escultura, embora estáticas em sua apresentação, não dependem do tempo. Levam tempo para serem feitas!!

Alias, nada que o homem faz é independente do tempo. O trabalho dele leva tempo, ir e voltar do trabalho leva tempo, estudar leva tempo, comer uma refeição leva tempo, fazer amor leva tempo, gerar um filho leva tempo, um jogo de tênis leva tempo, pensar leva tempo, tudo, até nossos sentimentos, nossas percepções, nossos desejos levam tempo.

Sem tempo, não haveria memória. Não haveria história. Não haveria absolutamente nenhum movimento, de qualquer espécie.

Alias, não haveria nem nascimento nem morte. Não haveria vida. Simplesmente, não haveria humanidade. Não existiria nosso planeta. Nada no universo existiria. O Universo não existiria.

O Tempo é a natureza mais íntima, mais básica da Vida e da Existência. O Tempo é a essência primordial do Homem.

Isto é quase chocante, pois sempre nos disseram que a Alma, o Espírito são a essência primordial do homem.

E como ninguém jamaia apresentou uma definição muito precisa do que seja o Espírito, será que o Espírito e o Tempo, dentro deste contexto, não são, no fundo, a mesma coisa?

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P.S. Este tema me foi sugerido pela introdução do filme "Contra o Tempo".
Embora esta apresentação seja ótima, o filme em si é uma soberba idiotice
e recomendo, veementemente que não o assistam

Maturidade

Conheço algumas pessoas que chegaram à velhice, e provavelmente morrerão .... antes de alcançar a maturidade.

Está certo, não me refiro apenas à maturidade física .... Eu estou, propositadamente, comentando sobre a maturidade psico-emocional.

Porque aquilo que alguém me referiu, sobre "aproveitar a vida no que ela tem de melhor, saber agradecer cada amanhecer e cada anoitecer, viver a cada dia os seus problemas e a cada dia as suas horas em plenitude.", não é uma questão de idade, mas uma questão de maturidade emocional (ou espiritual, se se preferir esta palavra)

Tem gente moça que tem isto. E tem gente que sai da idade adulta, diretamente para a senilidade, amarga e ranzinza, sem nunca ter amadurecido.

Sem nunca ter tido ou ter dado bons frutos.

Nem todo mundo chega a ficar velho. Uns morrem antes ... mas a velhice vem para a maioria de nós, é verdade ....

O que é realmente inexorável é a morte, não a velhice.

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P.S. Tem um verbete em nosso idioma muito interessante : agerasia = estado de quem apresenta aspecto bem mais jovem do que o que seria de esperar, tendo em vista a idade avançada.

É bom ser lembrado ....

Me recordo de um episódio na minha vida profissional :

Me dirijo à sala da reunião da qual ia participar. Com um pouco de antecedência, como sempre foi meu hábito. Lá está um colega, já sentado, os cotovelos na mesa e a cabeça entre as mãos.

-"Uai, que houve?"
-"Que houve? que houve? Lhe digo! Minha mulher, eu tirei da casa dos pais dela : então, tenho que lhe dar atenção. Os meus filhos, eles não pediram para vir, eu os trouxe a este mundo : então, tenho que lhes dar atenção. Meus pais, já estão velhinhos, me deram tanto : não posso deixar de lhes dar atenção, também. Meus funcionários, se eu não der atenção, já viu, acabam me sabotando. Meu chefe é meu chefe, não é? É bom eu dar atenção e bastante!

E a mim, quem é que me dá atenção? Quem?"

É muito bom ser lembrado.

Como dizia Aznavour "Laisse moi la chance de me faire aimer!"

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Ecologia humana ...


É revoltante o que a humanidade está fazendo com o meio ambiente. É uma questão, em parte de ignorância, mas sobretudo de ganância. O que torna isto realmente bastante estúpido ....

Contudo, ao observar que o organismo humano é maravilhosamente adaptável e tem se adequado para viver com a poluição, eu diria que existe hoje um exagêro no enfoque biológico da ecologia. Não que alguns destes problemas não sejam reais e muito sérios. E exijam a atenção de todos nós para a sobrevivência das espécies vivas.

Mas isto escurece algo fundamental que os ecologistas parecem ignorar. O verdadeiro meio ambiente humano, o mais importante, o que mais afeta o ser humano é o ambiente social.

Pior que a poluição física, é a poluição da mediocridade nos veículos de comunicação, a valoração da ignorância, a aceitação passiva das diferenças sociais massacrantes, a impunidade crescente do crime, a ambição desenfreada dos políticos, ... e outros tantes males sociais que a ecologia passa por cima, sem se dar conta que se solucionasse alguns destes males sociais, a poluição física seria automaticamente resolvida!!

Não é?

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terça-feira, 20 de maio de 2008

Sou filho do asfalto ...



Após uns dias muito agradáveis, com uma turma de amigos, em um hotel-fazenda, no sul de Minas, em um ambiente cheio de ar puro e verde .... cheguei à conclusão que, ao longo dos anos, o meu organismo se adaptou muito mais facilmente à poluição da metrópole do que meu nariz jamais se adaptará ao rastro odorífero dos cavalos nos caminhos de terra .... {risos}

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Se escrevesse ...



Se escrevesse hoje minha auto-biografia ....

Não lembro dos termos exatos da citação no começo de uma auto-biografia de Eric Hobsbawm, que diz qualquer coisa assim (traduzida nos meus termos) :


Depois de uma certa fase, nossa vida deixa de estar tão relacionada aos fatos e eventos (que nos acontecem cada vez menos e já não têm tanta importância)

e sim, passa a se compor das coisas que pensamos e sentimos (que nos acontecem cada vez mais e que passam a ocupar um espaço predominante.)


Isto reflete o que percebo que acontece comigo com uma intensidade cada dia maior. E se fosse escrever minha auto-biografia hoje, ela mostraria exatamente isto ... .

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Considerações - 5

No estado de vigília, temos uma consciência da existência e da passagem do Tempo.

O Tempo é um grande Mistério. Ninguém, no fundo, sabe o que é. Alguns religiosos dizem que ele, de fato, não existe : é apenas uma sensação nossa! Alguns psicólogos, hoje, acompanham esta tese ou defendem que não é o Tempo que passa, somos nós. Assim, como um trem na paisagem. A paisagem-"tempo" é fixa, quem passa é o trem-"nós".

Mas, admitamos, por um instante, que possamos acreditar em nossas percepções e que o Tempo exista.

Neste estado de coisas, o nosso raciocínio, que definitivamente não é instantâneo, transcorre no tempo. Assim, como algo que é finito, limitado e lento como o nosso raciocínio, pode entender algo que é infinito ou eterno? Levaria uma eternidade (seja lá o que isto for) e nossa inteligência não é eterna. É claro que não estou me referindo a entender os conceitos de infinidade ou eternidade, mas entender a "natureza" de algo que seja infinito ou eterno.

Se Deus existe, se é Infinito e Eterno - como nós, reles e limitadíssimos humanos, podemos nos dar ao luxo de acreditar que podemos entender a Natureza de Deus? (Em um paralelo muito pobre, como poderia uma formiga, por exemplo, entender as preocupações e ambições estéticas do homem?)

Para se aquilatar as limitações da inteligência, porque é disto que estamos falando, não é somente o raciocínio que devemos considerar. O que dizer então da nossa memória? Impressionante em alguns aspectos mas assim mesmo muito pequena, frágil e facilmente perdida! A verdade é que esquecemos muito mais do que lembramos!! Porque vocês acham que inventaram os blocos de anotações, agendas, livros, fotos, vídeos, etc. ...?

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terça-feira, 1 de abril de 2008

Considerações - 4


Falando justamente da confiabilidade de nossos sentidos e de nossas percepções, será que alguém percebeu qual o erro de percepção da imagem acima?

Pode até ser imaginado mas é muito difícil de "ver" diretamente e só pode ser percebido com alguma ajuda! (Dou a dica a quem pedir!)

É muito mais fácil se iludir do que parece a primeira vista.

Imaginem, então, quando se tratar não apenas de uma simples imagem em branco e preto, mas de conceitos humanos e sociais, envolvendo inúmeras variáveis!

segunda-feira, 31 de março de 2008

Elucubrações -3

Estas anotações, no fundo, são para mim mesmo e podem ser meio chatinhas de se ler. Contudo, o mais importante é a frase destacada no final deste post.

A fragilidade da natureza humana.

O processo da inteligência segue um roteiro-seqüência padrão que consiste em 1. aportes sensoriais + 2. integração dos dados sensoriais como percepções + 3. raciocínio

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Os nossos sentidos

Os nossos sentidos humanos são, sem discussão, bastante elaborados. Vejamos o exemplo da audição que é capaz de localizar a direção da origem dos ruídos, em base da diferença de intensidade devida a diferença de tempo em que a onda sonora atinge os dois ouvidos. Num cálculo aproximado, meio milésimo de segundo. É espantoso que os nossos ouvidos sejam capazes desta acuidade.

Contudo, somos capazes de captar apenas uma faixa muito pequena de vibrações aéreas. Outros animais – como os cachorros - captam faixas maiores e outras formas animais como os insetos, tem através de suas antenas, uma captação "não sonora", que não conhecemos. Os peixes, por sua vez, são sensíveis às vibrações aquáticas.

A nossa visão capta ondas eletromagnéticas. Numa faixa muito, mas muito exígua. Nada de raios X, infravermelhos ou ultravioletas. Alem de uma miríade de outras faixas para as quais sequer temos nomes. Na realidade, "vemos" muito pouco do mundo à nossa volta.

O mesmo se poderia dizer do olfato que, no ser humano, é muito incipiente.

É verdade que criamos aparelhos que captam muitas destas áreas fora de nosso alcance e as convertem sob uma forma, para nós, sensível. O radar por exemplo é um excelente exemplo, como também o são o microscópio, o telescópio, etc. .... Que não deixam de ser "próteses", por assim dizer, embora não sejam propriamente portáteis!

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As nossas percepções

A percepção é basicamente a conscientização, a tomada de consciência da sensação que é proporcionada pelo estímulo captado pelos sentidos.

Parece complicado, mas não é. Os nossos ouvidos captam um ruído. Isto é levado ao "cérebro" e o nosso cérebro reconhece que existe uma sensação sendo captada e aí podemos dizer que estamos percebendo (ouvindo) um barulho.

Quando estamos dormindo, nossos ouvidos continuam captando os sons, mas a ligação com a cérebro estando desligada, na realidade, não estamos "ouvindo" nada. Isto é verdadeiro mesmo quando estamos acordados, mas estamos deveras bastante distraídos (ou altamente concentrados em outra coisa!!!) .... e do mesmo modo, não chegamos a ouvir nada. Interessante, não é? A coisa está lá, e nós não a percebemos.

Isto nos leva a uma conclusão brilhante, de ponto de vista filosófico. As coisas existem, mesmo que não as percebamos ... ou por estarmos "desligados" .... ou, o que é pior, quando não somos capazes (ou equipados) para percebê-las.

A Realidade não depende da nossa Consciência para existir.

sábado, 29 de março de 2008

Considerações - 2

Lembro de minha infância de um velho provérbio egipcio que dizia qualquer coisa assim :

"O homem sábio é aquele que morre sabendo ... que sabe muito pouco"

Pondo isto em uma linguagem moderna :

"É preciso ser suficentemente inteligente e perspipaz, para se dar conta que a inteligência, realmente, é muito limitada."

sexta-feira, 28 de março de 2008

Considerações sobre a Inteligência - 1

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Vamos inicialmente definir a inteligência como sendo a faculdade que nos permite, no estado comum de vigília, avaliar e compreender as percepções do mundo e pensar, no sentido de raciocinar, ou seja a faculdade cognitiva sobre a qual se baseia a ciência racional. E que não inclui outras funções mentais como
a emotividade e a vontade
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Prezo a minha inteligência, agradeço o que me foi dado e espero estar fazendo o melhor uso dela. Aprecio a Inteligência Humana que nos deu a ciência e a tecnologia moderna, mas a inteligência sozinha, sem moralidade, sem força de vontade, sem fé e esperança, sem amor, conduz a um beco sem saída. Porque tem um limite para as coisas que a inteligência pode abarcar, porque a inteligência pode ser um razoável guia lógico mas é altamente ineficaz e insuficiente para controlar nossas emoções e nossos instintos, porque a inteligência não vai gerar a motivação e o ímpeto que vão sustentar nosso desenvolvimento pessoal.
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A Bondade e a Compaixão não tem nada a ver com a inteligência. Tem um monte de gente inteligente destruindo seus concorrentes e seus semelhantes, fazendo guerra, construindo armas e tecnologias do fim-do-mundo . Inteligência não dá discernimento moral, nunca conseguiu construir uma base sólida de ética, não ajuda a distinguir o Bem do Mal, quando muito monta o esquema de argumentação para justificar os fins.

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Quantas vezes não nos surpreendemos, em pensamento, tentando resolver os problemas da Humanidade (se tivéssemos o poder), ... planejando usar métodos de eliminação do Mal, arrasando malfeitores e criminosos {sic!} ... ou seja fazendo e perpetuando a mesma tônica de violência, imoralidade e desumanidade que anda prevalecendo por aí.

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segunda-feira, 24 de março de 2008

Ter uma boa velhice ...

Me escreve uma amiga que para retardar a velhice é preciso uma boa higiene alimentar, um programa de exercícios físicos e um equilíbrio no casal.

São definitivamente e indiscutivelmente boas medidas.

Contudo, existe algo de bem mais básico e essencial que precede estas três medidas profiláticas. Eu chamaria isto de "bem estar" psicológico. Bem estar no sentido de estar de bem consigo mesmo e de manter o desejo e o entusiasmo de viver, que se manifesta em legítimos anseios pessoais, uma ambição qualquer ou a esperança de realisar uma obra ou concretizar um objetivo.

Sem isto, a higiene alimentar ou os exercícios físicos terão pouco resultado e não serão suficientes para combater a depressão e a tristeza íntima resultantes da perda gradual - e inevitável - do vigor.

Em compensação se existir esta vontade de viver, a pessoa saberá encontrar os meios necessários para sua saúde física e mental e manter um regime alimentar adequado, o condicionamento físico, e tambem se engajar em atividade esportiva, entretenimento sadio, atividade social significativa, amizades, etc ...

Quanto ao equilibrio do casal, depende muito da pessoa. Há pessoas que tem uma necessidade muito intensa de um alter ego para partilhar sua vida. Há outras que têm outras espécies de metas em sua vida.

Não há nada de errado na busca de uma alma gêmea, pode ser uma excelente escolha se o "outro" estiver disponível e disposto a retribuir. Senão, é um caminho muito rápido para a frustração e uma velhice solitária e amargurada.

Como está dito da "Desiderata" : Aceite serenamente o passar dos anos, abrindo mão do que pertence à juventude.

terça-feira, 11 de março de 2008

Dia da Mulher

Recebi um texto muitissimo interessante assinada por Leda Selma, a quem não conheço pessoalmente, sobre o Dia da Mulher. O texto é muito bem escrito; é, ao mesmo tempo, poético e realista e revela muito bom senso. Aponta, tacitamente, para o perigo do conceito de fêmea-alfa (ou mulher-alfa), muito em voga hoje em dia. E que, no fundo, nada mais é que um "machismo" feminista, se é que me posso permitir esta estranha expressão.

Concordo com ela quando ela diz : "Sou contra um dia único para a mulher. ... não há motivo para que nos discriminem com um “Dia Especial” "

Tambem concordo com " ... um só dia é muito pouco. Quero mais. Quero todos.". Só que não sou a favor destes dias todos só para a Mulher! Eu queria estes dias todos para o Ser Humano. Homem ou Mulher, tanto faz. Naquilo que eles comungam .... e não é pouco,... pois as diferenças, (embora sexualmente agradáveis), não são tão significativas assim.

O Ser Humano, homem ou mulher igualmente, tem sentimentos, esperanças, frustações, dores, ambições e ... mêdo da solidão.

Num trecho, ela cita a possibilidade do Dia do Homem : tenho certeza que se alguém tentar instituí-lo, será chamado de sexista!! Existe em São Paulo, o Dia da Consciência Negra. Tem outro, o Dia do Orgulho Gay. Um vereador tentou instituir o Dia do Orgulho Hétero (e porque não?) .... e foi chamado de racista!!!

Estes "Dias" funcionam muito mal, no meu ponto de vista. Eles reforçam e consagram o conceito errado. Assim como a cota de pardos nas universidades.

Por isto tudo, parei de saudar minhas amigas no Dia da Mulher. Não que não goste delas ou não as respeite. Mas, acho sinceramente, que o Dia da Mulher não faz nada em favor delas.
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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Hier encore

Tenho uma dmiração enorme pelo Charles Aznavour, tem músicas lindas, sabe cantar, mas acima de tudo tem letras humanas, profundas e originais. Os americanos tem músicas lindas tambem mas pecam por umas letras extremamente xaroposas, cheias de lugares comuns tipo "dream come true".

Vejam o exemplo abaixo, a tradução é minha e sempre vai perder um pouco sobre o original em francês mas guardo o sentido da coisa. Um verdadeiro poema.

Quem quer ouvir a música, pode usar
http://youtube.com/watch?v=UzBncolQjP0

Ainda ontem
Eu tinha vinte anos
Eu acalentava o tempo
E brincava com a vida
Como se brinca com o amor
E eu vivia a noite
Sem contar com os meus dias
Que se perdiam no tempo
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Fiz tantos projetos
Que permaneceram no ar
Criei tantas esperanças
Que desapareceram
Que fiquei perdido
Não sabendo onde ir
Os olhos procurando o céu
Mas o coração abatido por terra
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Ainda ontem
Tinha vinte anos
Eu esbanjava o tempo
Pensando retardá-lo
E para retê-lo
E mesmo ultrapassá-lo
Eu não fiz senão correr
E apenas perdi meu fôlego
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Fazendo pouco do passado
Conjugando apenas o futuro
Eu centrava em mim
Todas as conversações
E dava minha opinião
Que considerava infalível
Para criticar o mundo
Com toda desenvoltura
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Ainda ontem
Eu tinha vinte anos
Mas desperdicei meu tempo
Fazendo mil bobagens
Que não me deixaram, no fundo,
Nada de muito concreto
A não ser rugas na face
E o espectro do tédio
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Pois meus amores morreram
Antes mesmo de existir
Meus amigos partiram
E não voltarão
Pela minha culpa, criei
O vazio à minha volta
E estraguei minha vida
E meus anos de juventude
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Do melhor e do pior
Rejeitei o melhor
Paralisei meus sorrisos
E congelei meus prantos
Onde estão agora
Onde estão meus vinte anos?
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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Dançar abraçadinho ...


Ah! Coisa gostosa.

Pode ser até extemporanea ou anacrónica. Mas que era bom, era.

Na realidade, nem importava muito a música, bastava ser suave, nos embalava e a gente se deixava levar, naquele calorzinho vivaz e tranquilo que voluteava conosco, nos fazia esvoaçar em algo que excluia todo o resto, e que era uma promessa ou uma pre-estréia romântica.

Hoje, a dança é algo por demais manifesto, um prazer primário, ululante, de corpos que se esfregam ao invez de se acariciarem.

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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Estar bem informado ...

Tenho um amigo M.C. que tem um enorme e maravilhoso coração. Ele não lê blogs, portanto fico tranquilo porque ele não vai ler o comentário que vou fazer.
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M.C. tem o hábito de ler diariamente dois jornais, o Estado e a Folha. E complementa sua leitura, lendo semanalmente Veja e Época.
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Não faço nada disto e ele observa (amavelmente) que ele me considera um tanto alienado e que ele não entende porque não faço um esforço para me manter bem informado.
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Bom, informações básicas e pragmáticas, eu acabo recebendo na TV e na Internet, (assim tipo : prazo de Imposto de Renda, abdicação do Fidel) embora vou convir que, assim mesmo, não lhes dedico nenhuma atenção mais entusiásitica, dificilmente passando dos títulos e cabeçalhos. Descobri que é o suficiente para sobreviver!
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Tenho esta noção, um tanto polêmica, sobre o que hoje se denomina de "indústria cultural" que inclui livros, jornais, TV, cinema, etc ... O objetivo desta tal indústria é justamente o objetivo de toda atividade econômica organizada : o lucro.
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No caso do jornalismo, especificamente, a estratégia para fazer lucro é fornecer algo que o grande público quer ler (ou ver) para garantir penetração e audiência. E, é claro, fazer isto ao menor custo possível.
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Exemplo : as notícias são em sua grande maioria repassadas das grandes agências de notícias, tipo UPI, AP, etc ... O jornal, raramente, "gera" o seu próprio noticiário com apoio de repórteres ou pesquisadores. Noticiário barato, sem preocupação de fornecer interpretações.
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Artigos de capa são frequentemente assuntos corriqueiros, de fácil absorção, que não acrescentam muita coisa ao cabedal do leitor.
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Ler jornal, para mim, não é uma forma de se manter BEM informado. Apenas uma maneira de se distrair e "matar o tempo".
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Não disse, em nenhum momento, que não é uma atividade agradável! Disse apenas que é uma ilusão achar que o jornal contribua para uma boa informação e certamente, é uma ilusão maior ainda achar que o jornal possa ter alguma missão de instruir.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Anotações sobre a Passagem do Ano.

Embora o Aurélio não menciona esta conotação, Passagem, enquanto acontecimento ou transição, também tem a ver com o rito especial de Iniciação. E com o conceito de passamento e morte..

Então, certamente existe uma evocação mística para a Passagem, mais especialmente a Passagem do Ano.

Desde os mais remotos tempos da Humanidade, e as primitivas culturas agrícolas do tempo do Neolítico, as religiões sempre tiveram um lugar todo especial para a Passagem do Ano. Os homens primitivos não podiam deixar de observar o ritmo cíclico da Natureza, inclusive por uma questão de sobrevivência. Não desconheciam os fenômenos dos equinócios e de sua importância para o planejamento das culturas e o começo dos trabalhos. Por isto, em muitos calendários de civilizações antigas (do hemisfério norte), o Ano começa em Março.

Tanto é verdade que o nosso calendário gregoriano também chegou a começar em Março, bastando observar os nomes de Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro, que então eram o sétimo, oitavo, nono e décimo mês. A influência da astronomia persistiu em todas as religiões inclusive a cristã. É um fato pouco divulgado mas a data da Páscoa é definida como sendo o primeiro domingo após a primeira lua cheia seguinte ao equinócio da primavera do hemisfério norte.

Voltando ao nosso tema principal da Passagem do Ano, existia o conceito que "a função dos deuses e a condição humana são regulados pelo mesmo ritmo cíclico (da Natureza)".

As religiões primitivas se concentraram em torno do "mistério do nascimento, da morte e do renascimento, identificado ao ritmo da vegetação". São religiões cósmicas centradas na concepção de que. "O Universo é ... um organismo que deve ser renovado periodicamente"
"Já que o Mundo deve ser renovado periodicamente, a cosmogonia será ritualmente repetida por ocasião de cada Ano Novo."

A idéia fundamental – renovação do Mundo pela repetição do ritual cosmogônico – é bastante difundida. Encontra-se não somente nas civilizações do Oriente Médio, na Índia védica, na Pérsia antiga, na Mesopotâmia, mas também sob as mais diversas formas, no Japão, na Austrália, nas tribos da América do Norte. E chegou até nós, através da Grécia Clássica.

Freqüentemente, as cerimonias anuais da renovação são associadas, enquanto conectadas à vida vegetal, ao culto da Árvore Cósmica ou Árvore da Vida, "suposta encontrar-se no Centro do Mundo’, unindo a Terra ao Céu. O mito da Árvore da Vida, também chamada de Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, é retomada na Bíblia. E persiste de diversas formas ao longo da História. Os antigos germanos de toda a Europa Setentrional tiveram o culto à Árvore Cósmica.

E os primeiros cristãos associaram a Cruz, "feita do madeiro da Árvore do bem e do mal e é identificada ou substitui a Árvore Cósmica". A Cruz foi chamada de Árvore do Mundo ou Árvore da Vida.

Não é apenas uma coincidência termos Árvores de Natal na época da Passagem do Ano.

Todas as citações são do Mircea Eliade - Hisória das Crenças e Idéias Religiosas.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Os monges




Evocação de um sonho






Arrastem seus passos
Velhos monges solitários
Com as faces e as almas enterradas
Em seus anônimos capuzes


Arrastem seus passos
No enorme deserto brumoso e enregelado
No enorme vazio branco onde
Seus nomes foram esquecidos

Arrastem seus passos
E junto com eles, seus corações empedernidos
Suas mãos paralisadas
E seus corpos já tornados infecundos

Arrastem seus passos
Privados até de sua humana desesperança
Rumando para a grande noite cinza
Sem futuro e sem sentido

Arrastem seus passos
Incapazes de parar seus pés e seu destino
Possuídos por um sacro e tenebroso pavor
De enfrentar suas próprias solidões.