segunda-feira, 31 de março de 2008

Elucubrações -3

Estas anotações, no fundo, são para mim mesmo e podem ser meio chatinhas de se ler. Contudo, o mais importante é a frase destacada no final deste post.

A fragilidade da natureza humana.

O processo da inteligência segue um roteiro-seqüência padrão que consiste em 1. aportes sensoriais + 2. integração dos dados sensoriais como percepções + 3. raciocínio

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Os nossos sentidos

Os nossos sentidos humanos são, sem discussão, bastante elaborados. Vejamos o exemplo da audição que é capaz de localizar a direção da origem dos ruídos, em base da diferença de intensidade devida a diferença de tempo em que a onda sonora atinge os dois ouvidos. Num cálculo aproximado, meio milésimo de segundo. É espantoso que os nossos ouvidos sejam capazes desta acuidade.

Contudo, somos capazes de captar apenas uma faixa muito pequena de vibrações aéreas. Outros animais – como os cachorros - captam faixas maiores e outras formas animais como os insetos, tem através de suas antenas, uma captação "não sonora", que não conhecemos. Os peixes, por sua vez, são sensíveis às vibrações aquáticas.

A nossa visão capta ondas eletromagnéticas. Numa faixa muito, mas muito exígua. Nada de raios X, infravermelhos ou ultravioletas. Alem de uma miríade de outras faixas para as quais sequer temos nomes. Na realidade, "vemos" muito pouco do mundo à nossa volta.

O mesmo se poderia dizer do olfato que, no ser humano, é muito incipiente.

É verdade que criamos aparelhos que captam muitas destas áreas fora de nosso alcance e as convertem sob uma forma, para nós, sensível. O radar por exemplo é um excelente exemplo, como também o são o microscópio, o telescópio, etc. .... Que não deixam de ser "próteses", por assim dizer, embora não sejam propriamente portáteis!

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As nossas percepções

A percepção é basicamente a conscientização, a tomada de consciência da sensação que é proporcionada pelo estímulo captado pelos sentidos.

Parece complicado, mas não é. Os nossos ouvidos captam um ruído. Isto é levado ao "cérebro" e o nosso cérebro reconhece que existe uma sensação sendo captada e aí podemos dizer que estamos percebendo (ouvindo) um barulho.

Quando estamos dormindo, nossos ouvidos continuam captando os sons, mas a ligação com a cérebro estando desligada, na realidade, não estamos "ouvindo" nada. Isto é verdadeiro mesmo quando estamos acordados, mas estamos deveras bastante distraídos (ou altamente concentrados em outra coisa!!!) .... e do mesmo modo, não chegamos a ouvir nada. Interessante, não é? A coisa está lá, e nós não a percebemos.

Isto nos leva a uma conclusão brilhante, de ponto de vista filosófico. As coisas existem, mesmo que não as percebamos ... ou por estarmos "desligados" .... ou, o que é pior, quando não somos capazes (ou equipados) para percebê-las.

A Realidade não depende da nossa Consciência para existir.

sábado, 29 de março de 2008

Considerações - 2

Lembro de minha infância de um velho provérbio egipcio que dizia qualquer coisa assim :

"O homem sábio é aquele que morre sabendo ... que sabe muito pouco"

Pondo isto em uma linguagem moderna :

"É preciso ser suficentemente inteligente e perspipaz, para se dar conta que a inteligência, realmente, é muito limitada."

sexta-feira, 28 de março de 2008

Considerações sobre a Inteligência - 1

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Vamos inicialmente definir a inteligência como sendo a faculdade que nos permite, no estado comum de vigília, avaliar e compreender as percepções do mundo e pensar, no sentido de raciocinar, ou seja a faculdade cognitiva sobre a qual se baseia a ciência racional. E que não inclui outras funções mentais como
a emotividade e a vontade
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Prezo a minha inteligência, agradeço o que me foi dado e espero estar fazendo o melhor uso dela. Aprecio a Inteligência Humana que nos deu a ciência e a tecnologia moderna, mas a inteligência sozinha, sem moralidade, sem força de vontade, sem fé e esperança, sem amor, conduz a um beco sem saída. Porque tem um limite para as coisas que a inteligência pode abarcar, porque a inteligência pode ser um razoável guia lógico mas é altamente ineficaz e insuficiente para controlar nossas emoções e nossos instintos, porque a inteligência não vai gerar a motivação e o ímpeto que vão sustentar nosso desenvolvimento pessoal.
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A Bondade e a Compaixão não tem nada a ver com a inteligência. Tem um monte de gente inteligente destruindo seus concorrentes e seus semelhantes, fazendo guerra, construindo armas e tecnologias do fim-do-mundo . Inteligência não dá discernimento moral, nunca conseguiu construir uma base sólida de ética, não ajuda a distinguir o Bem do Mal, quando muito monta o esquema de argumentação para justificar os fins.

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Quantas vezes não nos surpreendemos, em pensamento, tentando resolver os problemas da Humanidade (se tivéssemos o poder), ... planejando usar métodos de eliminação do Mal, arrasando malfeitores e criminosos {sic!} ... ou seja fazendo e perpetuando a mesma tônica de violência, imoralidade e desumanidade que anda prevalecendo por aí.

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segunda-feira, 24 de março de 2008

Ter uma boa velhice ...

Me escreve uma amiga que para retardar a velhice é preciso uma boa higiene alimentar, um programa de exercícios físicos e um equilíbrio no casal.

São definitivamente e indiscutivelmente boas medidas.

Contudo, existe algo de bem mais básico e essencial que precede estas três medidas profiláticas. Eu chamaria isto de "bem estar" psicológico. Bem estar no sentido de estar de bem consigo mesmo e de manter o desejo e o entusiasmo de viver, que se manifesta em legítimos anseios pessoais, uma ambição qualquer ou a esperança de realisar uma obra ou concretizar um objetivo.

Sem isto, a higiene alimentar ou os exercícios físicos terão pouco resultado e não serão suficientes para combater a depressão e a tristeza íntima resultantes da perda gradual - e inevitável - do vigor.

Em compensação se existir esta vontade de viver, a pessoa saberá encontrar os meios necessários para sua saúde física e mental e manter um regime alimentar adequado, o condicionamento físico, e tambem se engajar em atividade esportiva, entretenimento sadio, atividade social significativa, amizades, etc ...

Quanto ao equilibrio do casal, depende muito da pessoa. Há pessoas que tem uma necessidade muito intensa de um alter ego para partilhar sua vida. Há outras que têm outras espécies de metas em sua vida.

Não há nada de errado na busca de uma alma gêmea, pode ser uma excelente escolha se o "outro" estiver disponível e disposto a retribuir. Senão, é um caminho muito rápido para a frustração e uma velhice solitária e amargurada.

Como está dito da "Desiderata" : Aceite serenamente o passar dos anos, abrindo mão do que pertence à juventude.

terça-feira, 11 de março de 2008

Dia da Mulher

Recebi um texto muitissimo interessante assinada por Leda Selma, a quem não conheço pessoalmente, sobre o Dia da Mulher. O texto é muito bem escrito; é, ao mesmo tempo, poético e realista e revela muito bom senso. Aponta, tacitamente, para o perigo do conceito de fêmea-alfa (ou mulher-alfa), muito em voga hoje em dia. E que, no fundo, nada mais é que um "machismo" feminista, se é que me posso permitir esta estranha expressão.

Concordo com ela quando ela diz : "Sou contra um dia único para a mulher. ... não há motivo para que nos discriminem com um “Dia Especial” "

Tambem concordo com " ... um só dia é muito pouco. Quero mais. Quero todos.". Só que não sou a favor destes dias todos só para a Mulher! Eu queria estes dias todos para o Ser Humano. Homem ou Mulher, tanto faz. Naquilo que eles comungam .... e não é pouco,... pois as diferenças, (embora sexualmente agradáveis), não são tão significativas assim.

O Ser Humano, homem ou mulher igualmente, tem sentimentos, esperanças, frustações, dores, ambições e ... mêdo da solidão.

Num trecho, ela cita a possibilidade do Dia do Homem : tenho certeza que se alguém tentar instituí-lo, será chamado de sexista!! Existe em São Paulo, o Dia da Consciência Negra. Tem outro, o Dia do Orgulho Gay. Um vereador tentou instituir o Dia do Orgulho Hétero (e porque não?) .... e foi chamado de racista!!!

Estes "Dias" funcionam muito mal, no meu ponto de vista. Eles reforçam e consagram o conceito errado. Assim como a cota de pardos nas universidades.

Por isto tudo, parei de saudar minhas amigas no Dia da Mulher. Não que não goste delas ou não as respeite. Mas, acho sinceramente, que o Dia da Mulher não faz nada em favor delas.
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