terça-feira, 28 de agosto de 2012

Excertos 1



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Livro1. 

"Os homens deixam a vida passar como se fossem viver para sempre" pg. 44

"Pintar é escrever com luz" pg. 45

"O Tempo faz com o Corpo, o que a Estupidez faz com a Alma" 
pg. 83

"A inveja é um cego que quer arrancar os olhos do outro" 
pg. 86

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Livro2.

"A lembrança (dela) era para mim como (...) um silêncio cheio de gritos que eu não tinha aprendido a apaziguar com palavras." 
pg. 7

"Há coisas que só se podem ver nas trevas" 
pg. 8

"Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece". pg. 9


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cavalos roubados



De Per Petterson. Noruegues. Nunca li nada de um noruegues.

O título engana muito. Nada tem a ver com farwest, nem com estes livros de aventuras que mais parecem roteiros de filmes hollywoodianos, sem pessoas de verdade. (P.S. Se isto pareceu uma critica discreta aos filmes hollywoodianos, realmente foi)

Gosto muito de autor que revela comentários esclarecedores sobre a humanidade de seus personagens.

Assim como os seguintes excertos :

pg 31- ... me lembro de abrir os olhos como se fosse para um novo começo

pg. 67 - Por isto, a sensação de felicidade se transforma na sensação de que o tempo passou, de que foi há muito tempo, e na súbita sensação da velhice.

pg 75 - As pessoas gostam de ficar sabendo das coisas ... e pensam que o conhecem, mas não é verdade, conhecem alguns fatos a seu respeito, pois o que ficam sabendo são fatos, não emoções, não suas opiniões sobre qualquer coisa, não como suas vivências e todas as decisões que você tomou o transformaram na pessoa que é. {Isto explica a irrevogável solidão emocional que nos cerca a todos}

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cisnes Selvagens

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É a história de três gerações de mulheres chinesas (avó, mãe e autora), começando com o fim da invasão japonesa. Livro muito bem escrito, que foi publicado em 1991 e vendeu mais de 10 milhões de cópias. Não sei como me passou desapercebido.


Cobre uma série de eventos políticos na China, com uma série sucessiva de desmandos em nome do "socialismo". Em realidade, os desvarios de homens absolutistas que não recuam diante de nenhuma forma de atrocidade para assegurar e ampliar seu poder.


O assunto é bastante complexo para tentar fazer uma resenha, mas o livro é uma verdadeira lição de história sobre a desumanidade da política em certas fases da história da humanidade.
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terça-feira, 17 de abril de 2012

Ninguem me chama

De uma letra de Antônio Maria

Sucedeâneo, em economia, é um termo usado para designar algo que possa substituir, até certo ponto, o produto original procurado ....

Por exemplo, quero café mas não tenho café, aí me satisfaço com um chá mais forte.

Ou a televisão não funciona, aí eu leio uma revista, ou um livro, ou faço palavras cruzadas.

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Alguém conhece um sucedâneo para amar e ser amado?
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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Hábitos curiosos

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Do livro "Cisnes Selvagens" de Jing Chang.

Pg. 16 - Refere um costume chines "meu bisavó casou-se cedo, aos catorze anos, com uma mulher seis anos mais velha. Considerava-se um dos deveres da esposa ajudar a criar o marido." Não é propriamente oficial por aqui, mas vejo alguns casos óbvios de que isto acontece, como crença de algumas mulheres, mesmo sem a diferença de idade"!! ...

"Apaixonar-se {antes de casar} era considerado . . .uma desgraça para a família .... porque o casamento era visto acima de tudo como uma obrigação, um acordo entre duas famílias. Com sorte, a pessoa podia apaixonar-se depois de casada." Isto obviamente não acontece por aqui!!!
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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Palavras ...

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(trechos extraídos de Olhai os Lírios do Campo)

pg. 33
" A (...) palavra enchia-lhe a boca. Todos adivinharam nela uma significação misteriosa, enorme . . . porque não lhe conheciam o significado!" (No caso, a palavra hecatombe)

pg. 37
" deixando na alma um ressabio amargo" (tem palavra mais auto explicativa que ressabio?!)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Olhai Os Lírios do Campo - O Prefácio do Autor

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Este romance catapultou a carreira do Érico e representou o livro que mais fez sucesso, com tiragens sucessivas e praticamente acabou ficando como um dos livros de maior publicação no Brasil.

Nesta 15a. edição de 2005, foi mantido o prefácio de 1966, depois de 28 anos da primeira edição :

"Confesso, entretanto, que não tenho muito estima por este romance. Acho-o um tanto falso e exageradamente sentimental. Sua popularidade às vezes chega a me deixar constrangido."

"A dedicação, o altruísmo e a nobreza de Olívia me parecem inumanos. Não convencem. Pouco convincente também é a covardia de Eugênio."

"Há em Olhai os lírios do campo uma filosofia salvacionista barata que me faz perguntar a mim mesmo como pude escrever tais coisas, mesmo levando-se em conta de haver atribuído essa filosofia a personagens do livro."

"Se a história deu prazer a tanta gente, não vejo razão para impedir que ela continue sua carreira"

Érico nasceu em 1905. Em 1966, quando escreveu o prefácio, ele tinha portanto 61 anos. O que pode ter motivado ele tecer tamanho critica a seu grande sucesso literário? A publicação de sua trilogia O Tempo e o Vento no intervalo? E em seguida, publicaria Incidente em Antares.

{P.S. Morreu em 1975}

Já li alguns poucos capítulos. Estou gostando apesar do que ele cita. Não vou deixar de ler o resto do livro!!!


segunda-feira, 19 de março de 2012

Conflitos emocionais

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A leitura do livro do R. Solé sobre o Egito me trouxe uma grande euforia : a lembrança de uma parte de minha vida que considerava perdida à tout jamais. Não, ela estava toda lá.

Os hábitos, o modo de vida dos "estrangeiros", a filosofia de conviver com as contradições aparentes de nação/pátria/religião ...

Os lugares, os bairros, as praias, as estações do tramway, os cinemas, a escola ...

As comidas, a saudade de pratos praticamente inexistentes por aqui

A língua, as palavras em árabe, a multitude poliglota, a capacidade de falar em 2 ou 3 idiomas ao mesmo tempo

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E por outro lado, um grande decepção, de perceber que tudo isto deixou de ser uma realidade há mais de 50 anos, de não poder compartilhar com alguém que vivenciou o mesmo, e a enorme solidão que resulta de se sentir "diferente"
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Bem que o autor diz :

"Il ne faut pas chercher à répéter les moments heureux. Certains moments n´ont lieu qu´une fois."
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Il ne faut pas regarder en arrière. Ta vie est devant toi. Tu feras de grandes choses.

Ouvre bien les yeux et sois heureux.
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quinta-feira, 1 de março de 2012

Le Sémaphore d´Alexandrie

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Do mesmo autor.

Passado na segunda metade do seculo XIX, durante a construção do Canal de Suez. Interessante revisão de um ponto de vista mais pessoal, dos conflitos políticos ocorridos durante e depois este evento.

Acompanhando em paralelo a saga de uma família síria, no ambiente de estrangeiros radicados no Egito, há muitas gerações.

Há também uma bonita história de amor, romântica mas inconclusa, realmente parecendo bem moderna para o ambiente social descrito.
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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

"Le tarbouche - continuação

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greffier au tribunal mixte

la disparition des tribunaux mistes (1949)

la guerre, c´était surtout le papier bleu sur les vitres

l´épidémie de choléra (1947)

"Le tarbouche" - Excertos e comentários

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O autor, Robert Solé, é um conterraneo. Um meteco, no caso um sírio-libanês, nascido no Egito. Um pouco mais jovem do que eu e que com 18 anos, mudou-se para a França.

Escreveu vários livros sobre o Egito que conhecemos.

Pg. 11 - "la notion de mère patrie n´a jamais été très claire dans nos esprits". É algo que nos entendemos muito bem. Nossa identificação com a terra e seus habitantes locais, os egípcios - que chamávamos de árabes - nunca foi muito grande. A regra do "jus-sanguis" ajudava a manter a distância. Procurada, diga-se de passagem, pelos dois lados.

A comunidade de "europeus", estabelecida há muitas gerações no Egito, mantinha seus filhos em escolas "europeias", morava em bairros "europeus", frequentava igrejas cristãs (de uma inacreditável diversidade de denominações!), nossas praias, cinemas, lojas, etc ... eram separados. Não havia propriamente segregação, apenas uma contiguidade sem miscigenação!

Havia ingleses, gregos, italianos, franceses, armênios, malteses, judeus, sírios libaneses, etc ..., .

É claro ser poliglota era uma necessidade. Pg. 38 - "il racontait ... des histoires en franco-arabe, avec des exclamations en italien"!!! Meu pai era italiano (educado em escola francesa) e minha mãe era francesa (educada em escola italiano). Imaginem o jargão que se falava em casa!!!

Igrejas havia católicas, gregas (gregas-ortodoxas e gregas-católicas), maronitas, coptas, etc ... Havia judeus e outros credos tambem. A tolerância era a regra geral, todo mundo respeitava a crença de todo mundo.

Havia um respeito todo especial com o islamismo. Porem, havia ressalva com a cultura indígena, com muitos pobres na população local, que passavam muitas privações, tinham condições primárias de educação, habitação e atendimento sanitário. "Deux Égyptes se croisaient, étrangères l´une à l´autre, mais nullement hostiles"


Um pouco desta ressalva recaia sobre a língua árabe. "l´arabe était enseigné para d´excellents professeurs ... mais les élèves s´y intéresaient le moins possible" Mas "chaque langue avait sa fonction" e havia coisas que a gente só falava em árabe. Ou francês. Ou italiano. "(la parole) se voyait facilitée par l´emploi de deux ou trois langues à la fois> Ne dominant totalement aucune des langues, ils nous les fallait toutes à la fois"

Um fenômeno intéressante era o o caso das legendas nos filmes. "Un film américain, sous-titré en trois langues, en français, en grec e en arabe",/div>



Pensamentos :

pg. 9 - "croquer la vie à belles dents"

pg. 12 - "une chose dite (vaux) une chose vraie, pourvu qu´elle le (soit) avec éclat"

pg. 13 - "(il était) plus à l´aise aved les livres et les souvenirs qu´avec les vivants"

pg. 21 - "Ce n´est pas l´instruction seule qui fait la valeur d´un homme. C´est surtout la formation morale"

pg. 385 - "le passé, lui (au moins), avait du futur"
pg. 389 - "c´est précisement parce que nous sommes petits, que nous devons paraître grands"

Coisas locais (referidas en árabe e sem tradução no texto)


# chaouiche - policial
# bakchich - gorgeta
# araqui (aguardente de anis)
# l´eau de tamarin
# la molokheya (ensopado de uma verdura típica)
# habibi (meu querido)
# le foul (favas) et le foul medammes (cozidas)
# ya ebni (meu filho)
# ya binti (minha filha)# mabrouk (parabens)
# khamsin (nome de vento que significa cinquenta! do tipo do siroco)
# konafa (doce de cabelo-de-anjo)
# kobeiba (cafta com trigo sarraseno)
# kobeiba labaneya (coberta com coalhada seca)
# moucharabeya (janela trançada)
# gallabeya (vestimenta longa)
# salamat (salve)
# bokra (amanhã)
# maalech (não faz mal)

# yalla (vamos)
# magnoun (louco)
# corbache (chicote, diziam de pele de rinocerante)
# bawab (porteiro)
# caak (bolacha)
# kalam (palavra)
# halawa (massa de açucar para depilação)

Coisas locais referidas em francês

# périssoire (predecessor da prancha de surfe)
# cabine (pequena construção de madeira na praia)
# trictrac (gamão)
# tramway (bonde)
# Stella (marca de cerveja)

Lugares

# Rue Kasr-el-Nil
# Groppi (confeitaria)
# avenue Choubra
# le Shepheard´s (hotel)
# l´Ezbekeya (parque)
# Héliopolis (bairro)
# Mansoura (bairro)
# Glymenopoulo (praia de Alexandria)
# Stanley (id)
# Sidi Bishr (id)
# Montaza (id)
# Agami (id)
# San Stefano (estação de bonde)
# Ramleh (id)
# Sporting Club (um clube dos britanicos)
# Strand (nome de um cinema)
# L´Alhambra (id)