terça-feira, 28 de julho de 2009

Religião e igrejas ...

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Tenho acompanhado o resumo de Conversando Com Deus ..

Achei interessante a postura da mãe do Neale ... Neste sentido, um livro que apreciei muito foi o "Alem da Religião" do David N. Elkins que discorre sobre religiosidade fora das igrejas.

As igrejas, em realidade, sempre partem de uma Revelação de um Mestre ou um Guia. Se apossam, politicamente, dum suposto privilégio de exclusividade ou de unicidade ... e dá lhe dogma em cima de dogma, que, frequentemente, não têem nada a ver com os ensinamentos originais do Mestre.

As igrejas são as religiões dos homens, as religiões criadas pelo homens ... não são uma Religião de Deus.

Posso parecer anti-clerical, mas não sou. Respeito o homem que tem uma religião e frequenta uma igreja.

Mas não posso deixar de observar o quanto de "político" se imiscui na prática das igrejas e verificar que, para muitas pessoas, a "autoridade" eclesiástica leva de vencida e substitui a Fé.

O que quero dizer é que temos que ter Fé em Deus, e não fé nos homens (auto-ungidos) que comandam uma igreja. Não é a mesma coisa.

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sábado, 25 de julho de 2009

A palavra é solidão, maior ainda do que a dos corpos

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Pois pode não parecer tão óbvio ... mas é simples, sim.

Veja bem, a palavra, a linguagem, é algo artificial. Criada pelo homem. É um veículo para transmitir informações. É um instrumento da razão, que se serve dela para a ciência, para o comércio, para as leis, etc ... Muito útil na vida em sociedade, não resta dúvida.

As palavras não são as coisas, elas apenas representam o pensamento que temos sobre elas. Alias, as palavras têem uma variedade de significados, que também variam de pessoa para pessoa ... e costumam causar bastante confusão ...
E para somar à confusão, a humanidade ainda inventou uma série de linguas ... uma verdadeira (torre de ) babel ...

A arte não precisa das palavras. A pintura, a escultura, a música não precisam de palavras. Mesmo a poesia que se serve delas, o faz, ou por causa de sua evocação, ou de sua musicalidade.

A palavra não ajuda na comunicação entre os humanos, comunicação no sentido de comunhão entre eles.

O que faz isto, é a afeição, é a sintonia, é sentir o outro, é a compaixão, todas estas coisas da manifestação do coração ... que dispensam a palavra, no sentido comum, mas precisam da presença, do interesse genuíno, da empatia, da mão estendida, do abraço ...

São estas coisas que dissolvem a solidão, que se sobrepõem a ela e a curam. A palavra,a rigor, não pode fazer isto. Pode falar sobre as coisas do coração, mas não pode substituí-las.

A palavra, em si, não faz nada para aplacar a solidão ... Quando muito, a palavra pode tentar explicar a solidão ... As pessoas podem falar, falar mas isto não aliviará a solidão. A única coisa que pode aplacar a solidão é um coração amigo.

Neste sentido, sim, a palavra é solidão.

Maior ainda do que a dos corpos, pois o corpo e o instinto, estão mais pertos do coração, do que a palavra e a razão
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terça-feira, 21 de julho de 2009

Osho : um buraco na parede

Outro dia (após uma semana de chuva), fiz um comentário que estava um lindo dia de sol, lá fora

Me lembrei de um texto do Osho que diz : "Por que olhar através de um buraco na parede, quando você pode sair e contemplar o céu aberto?"

Alias, por que não olhar lá fora ao invés de ouvir a meteorologia na TV?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Paixão ...

De Christian Garcin, em Vidas

Il rêve de dénuder ses seins qu´il devine libres parfois sous un tissu léger. De promener ses doigts et ses lèvres sur le duvet du ventre (et) dans le creux de ses reins. De sentir sous sa main, cette peau qui se tend et frémit ... Lorsqu´il approche d´elle, il hume son odeur, Il n´a pas besoin de lui dire sa flamme : elle est tout entière la, dans son corps à l´écoute, ses narines dilatées, son regard qui volette autour
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Ele sonha de desnudar seus seios que ele adivinha livres, às vezes, sob um leve tecido. De passear seus dedos e seus lábios na penugem aveludada de seu ventre e no cavo de seus rins. De sentir sob sua mão, essa pele que se retesa e freme ... Quando se aproxima dela, ele aspira seu perfume. Ele não precisa lhe dizer sua chama : ela está toda inteirinha lá, no seu corpo à escuta, suas narinas dilatadas, seu olhar que volteja à sua procura ...

domingo, 19 de julho de 2009

Vidas ...

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Estou lendo um livro, em francês, de um autor marselhês, Christian Garcin, muito intrigante, que se chama Vidas, assim mesmo no original, provavelmente do provençal.

São pequenas biografias, de diversas pessoas, famosas ou desconhecidas, em no máximo, 3-4 páginas cada.

Uns pequenos excertos do primeiros capítulos

La parole est solitude, plus grande encore que celle du corps.
A palavra é solidão, maior ainda do que a dos corpos.

Seul le silence unit les êtres.
Somente o silêncio une os seres.

(on) lui a dit un jour que l'oubli résolvait toutes les souffrances.
Disseram-lhe um dia que o esquecimento dissolvia todos os sofrimentos.

... la vérité. Le langage n'y a pas accès.
... a verdade. A linguagem não lhe tem acesso.

Dans le silence qui enrobe les êtres, ... qui se nourit de l´éloignement (et) de l´oubli ..., nous taisons tous l´essenciel.
No silêncio que envolve os seres, ... que se nutre do distanciamento (e) e do olvido ..., todos nós calamos o essencial.

les journées veules, inutiles, dont le seul but est leur propre terme.
os dias apáticos e sem vontade, inúteis, cujo único objetivo é o seu próprio término.
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Há cultura ... e curtura


Recuperado de blog anterior


Como toda palavra, a palavra cultura é algo muito traiçoeiro e pode significar uma diversidade de coisas, nem sempre isentas de certo antagonismo intrínseco.

Cultura pode ser simplesmente o status quo cultural de uma região ou época ou grupo (como quem diz, a cultura da Namíbia, ou a cultura do século XVI ou a cultura interna da General Motors).

Cultura pode significar o apanágio de desenvolvimento e avanço cultural. Quando se diz : Fulano é um homem de cultura, a gente quer dizer que fulano é uma pessoa de grande erudição, saber, preparo pessoal, alguém superior, alguém interessado nas coisas do intelecto e do espírito.

Cultura pode tambem ser cultura popular. Algo que surge espontaneamente do povo, normalmente das camadas menos desenvolvidas ou educadas, que se manifesta em costumes, tradições, culinária e artesanato, principalmente no grosso mesmo da população ... e tambem em formas variadas de artes, musicais ou plásticas, caracteristicamente por artistas (legítimos) mas sem formação acadêmica.

Mas dificilmente é cultura de vanguarda, embora, por provir das profundezas da alma de um povo, o define de forma bastante peculiar e lhe dá suas características únicas e diferenciadoras de outros povos.

Assim como não é de vanguarda a cultura de massa. Hoje bastante globalizada, a cultura de massa é promovida pela assim chamada "indústria cultural", a indústria de comunicação de massa (televisão, rádio, jornais, revistas, livros de sucesso, etc ...). A indústria cultural está interressada em audiência (que se transforma em lucro) e portanto, vai dar ao seu público, o que o público quer ver, ler, etc ... na maioria das vezes, um monte de banalidades de fácil absorção, romantismo piegas, violência, sexo gratuito, esperança fácil, .... e entorpecimento garantido!

Não deixa de ser uma cultura "popular", já no sentido de popularidade. As vezes, cultura popular e cultura de massa se mesclam num pacto um tanto preocupante (para não dizer sinistro em suas consequencias), para manter o avanço cultural em cheque. Qualquer pessoa séria do mundo acadêmico ou com algum interesse espiritual, deveria sentir calafrio ao observar o que está acontecendo em termos de retrocesso cultural.

Embate de idéias ...

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Não se acanhem de comentar ... nosso pensamento é tão bom quanto, senão melhor, de muito gente que escreve por aí, em jornais e revistas ...

E não tenham medo de polêmica ... é do embate de idéias que surge luz, que surge a oportunidade de corrigirmos ou ampliarmos nossos pontos de vista ...

O único embate que temos que evitar o embate de vontades, o embate dos militares e dos políticos, pois este conduz a guerra ...

Mas o embate de idéias conduz à tolerância e quiçá, a um pouco mais de sabedoria.
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