segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Atração e Relacionamento

Lanço um desafio às minhas amigas : adoraria conhecer o enfoque feminino.
E estaria dispoto a incorporá-lo em um post a quatro mãos.

Quando a gente conhece uma pessoa, é o aporte dos sentidos que funciona em primeiro lugar, o visual, o auditivo, até eventualmente o toque. O resto vem mais tarde.

Ou seja, pondo em miúdos, a atração física é sempre o que vem em primeiro lugar. Não que seja o mais importante, vejam lá, mas é o que chega na frente. É algo bem primário, instintivo.

Como estamos a falar de uma condição homem-mulher, podemos chamar a atração, neste contexto, de atração “sexual”. Nada a ver com atividades sexuais, apenas me refiro a atratividade natural entre os sexos.

Evidentemente, concordo plenamente que atração é algo muito relativo, varia muito de pessoa para pessoa. Contudo, existem instintos básicos que funcionam com muita força nesta área. Não se trata de beleza física cujos padrões têm mudado enormemente conforme a época, lugar ou classe social.

Trata-se de algo bastante mais primário e fundamental, enraizado lá nos fundos de nossa estrutura arquetípica, que trazemos dos primórdios da humanidade e que eram necessários para nossa sobrevivência.

O “ideal” de mulher para nossos antepassados era a boa parideira, a espécime que tinha uma estrutura física apropriada para gerar filhos fortes e saudáveis --- e que se caracterizava por uma caixa pélvica de bom tamanho, manifestada por ancas grandes, e uma capacidade de amamentação adequada, caracterizada por seios profusos.

Até hoje, conservamos estes instintos. E estes indícios de boa parideira acabaram historicamente, se incorporando aos nossos padrões de beleza feminina e inevitavelmente, atraem os olhares masculinos. Homens mais elegantes, mais educados, civilizados enfim, podem não se virar à passagem de uma moça cheia de curvas --- mas vão notar, sim! Está no sangue!

(Não vou falar do “ideal” de homem porque nenhuma mulher conseguiu até hoje me explicar o que é! Portanto, vou me limitar ao enfoque masculino, sem nenhuma intenção sexista.)

Outra vez, não é uma questão de beleza física, mesmo porque o protótipo da boa parideira não é necessariamente um ideal sublime de beleza. Quando manifestado com acinte, pode até ser meio grotesco, quando não patentemente vulgar.

Mas que atrai os olhares dos homens, isto atrai. Mesmo porque o motor básico da atração no homem é a visão.

No fundo, as mulheres sabem disto. Tanto é verdade, que usam isto no modo como elas se vestem, com um decote discretamente revelador, uma saia no limite, um vestido que sugere as formas em vez de ensacá-las, etc. ... As mulheres podem dizer que não fazem intencionalmente, que seguem a moda, etc. --- mas quando uma mulher quer seduzir um homem, é assim que ela se veste.

É claro que não pode abusar do recurso sem correr o risco de ser qualificada de profissional.

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Dito isto, vou esclarecer algo que considero muito importante: não se procura ou começa um relacionamento baseado exclusivamente nesta atração primária.

O que vale para um relacionamento é compreensão, carinho, atenção, maturidade, experiência, cultura, etc. Estas são as coisas fundamentais para um relacionamento humano digno e fecundo.

Mas estas coisas, convenhamos, são qualidades "invisíveis" nos primeiros contatos ou pelo menos, facilmente disfarçáveis. Somente são possíveis de se descobrir após um certo convívio.

Mas para que haja um mínimo de convívio, é essencial que tenha havido de início um mínimo de atração que leve as pessoas a se aproximarem.

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Existe indiscutivelmente um charme significativo na manifestação da inteligência feminina.

A inteligência feminina é diferente da inteligência masculina, ela é bem menos analítica, mas ganha em abrangência. Alguém já viu algum homem ser capaz de fazer (ou pensar) duas coisas ao mesmo tempo? Mas a mulher consegue. Como ela faz isto, não faço a menor idéia, mas ela faz!

A mulher também utiliza em muito maior grau a intuição, para chegar ao âmago e à verdade das coisas. Convenhamos que ela nem sempre é capaz, por raciocínio, explicar como chegou lá mas nem por isto, tem menos convicção ou honestidade em sua crença.

Esta forma de pensar pode ser comovente para alguns homens (entre os quais me incluo) e extremamente irritante para alguns outros, racionalistas empedernidos.

Outra faceta que cativa os homens é a capacidade da mulher de oferecer carinho e atenção. Talvez por ser mãe em primeiro lugar. Nenhum homem é capaz de competir com a mulher neste campo: o homem será sempre um pouco tosco ou por outra, ao contrário, retraído ou tímido.

Se tem algo que consolida o relacionamento, são justamente estas qualidades. Não sei se podem, como tais, serem enquadradas como um elemento de “atração”, mas certamente ajudam a manter a atração inicial, impedem que caia na rotina e até a enriquecem. Sem elas, o que se vê e é muito comum, o relacionamento se desgasta e acaba em desapontamento.

E finalmente, algo que fica evidente para mim, a medida que o tempo passa: as diferenças (secundárias) entre homem e mulher são as que menos importam ... São muito mais essenciais as características que eles, homens e mulheres, possuem em comum enquanto seres humanos!! Se são honestos, fieis, bons amigos, etc... São estas qualidades que mantêm atraídos e amalgados dois seres.
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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Não se deve amar sem ser amado. É melhor morrer crucificado”


Verso de “Gosto que me enrosco” - Sinhô

Uma atitude típica do gostar e da paixão é a exigência de retribuição ou reciprocidade : como é que você não gosta de mim se eu gosto de você?

O tema do amor não-correspondido é o lamento mais freqüente entre os amantes, desde o tempo das cantigas medievais. É a queixa sobre o “amigo” (leia-se amante, em termos modernos) que traiu o amor que se lhe dedica, não necessariamente por uma infidelidade, mas por faltar em corresponder às expectativas que se tem dele.

Vi muita gente sofrer por amor não correspondido, rejeitado, incompreendido, ou por assim dizer, aplicado à “pessoa errada”, aquela que não corresponde. E é neste tipo de condição que se afirma que a pessoa é “infeliz no amor” e é quando surgem os ciúmes, as inseguranças pessoais, os medos, as frustrações e os conflitos.

E para complicar a situação, temos que lembrar que o amor é total, absoluta e irrevogavelmente ilógico. Da mais pura irracionalidade... Não precisa de tempo e certamente, não espera o menor pingo de incentivo para acontecer ...

Quem está apaixonado é quem nem bêbado (= olha na volta e vê todo mundo bêbado também) ... . Não consegue entender como o outro possa não estar apaixonado.

Podemos corresponder - podemos querer e nos levar a corresponder - ao carinho, ao respeito, ao entendimento em uma relação amorosa (adulta e consentida). Mas francamente, não consigo acreditar que uma nossa paixão por outra pessoa garanta (ou gere) uma paixão equivalente desta outra pessoa por nós. Não consigo me imaginar sentindo uma tal "obrigação", nem que ninguém possa vir a sentir.

Reconheço que o que vou afirmar é uma visão tipicamente masculina : tenho percebido muita mulher cobrando do homem a quem ama, este tipo de reciprocidade, mas tenho certeza que as mulheres são as primeiras a não se sentirem nem um pouco induzidas a retribuir uma paixão que lhe é dedicada – embora possam até se sentir lisonjeadas com o sentimento que provocam.

Ou por outra, podem até conservar em segredo, um certo ressentimento contido (ou até manifesto) pela pessoa (por mais méritos pessoais que possa ter) que veio ou quer "usurpar" o lugar, a intensidade ou o fervor, da sua verdadeira e original paixão em seu coração?

Alias, por falar em méritos pessoais, gostaria apenas de citar, de passagem, que não há nada, absolutamente nada que uma pessoa possa fazer para conseguir a paixão de outra pessoa, que já não estivesse lá, em primeiro lugar! E quanto mais fizer por merecer (neste caso, pode até ser qualificado de “assédio”), o mais provável é que venha a ser desprezado e até hostilizado por tentar se apossar de um sentimento sobre o qual "não tem direito"!

O amor sempre é recebido de presente. Podemos conseguir a simpatia ou a gratidão de outra pessoa ou o seu respeito por nossas atitudes. Amor-paixão, nunca. Pois a paixão é algo muito primário, vem de nossas entranhas, tem enormemente a ver com o afloramento do nosso inconsciente, bem menos "controlável" que o amor fraternal ou familiar, a amizade, o amor devotado de um casamento estável, etc .

Inversamente, é só olhar à nossa volta e verificar quantas pessoas são amadas apesar de seu comportamento e de seu merecimento, filhos cruéis e bandidos que têm o amor de sua mãe, até o último alento; mulheres que continuam amando seu homem apesar dos maus tratos; ou homens que adoram sua mulher apesar de todas as traições que recebem, e outros tantos exemplos de menor dramaticidade.

Precisamos nos conscientizar da verdade que não existe lógica nem merecimento neste assunto de amor ou de sua falta : ou a gente ama alguém ou a gente não ama, pronto! É tão simples assim. Não encontrei ninguém que me explicasse como uma pessoa pode vir a amar alguém que não amava em primeiro lugar espontaneamente, nem como pode ser induzida a, ou treinada para aprender a amar alguém específico.

Mas não nego que possa existir reciprocidade, e com relação a isto, existe uma boa e uma má notícia. A boa notícia é que o amor genuíno pleno e recíproco é uma graça dada pelos deuses. A má notícia é que são eles, os deuses, que dão esta graça, não se sabe bem como decidem, mas parece mais uma destas coisas que a pessoa não pode fazer nada a respeito.

No fim das contas, o amor correspondido é algo muito, muito raro. Como já disse, reservado para uns poucos eleitos .... tanto é que para estes poucos eleitos, os Romeus/Julietas ou Tristãos/Isoldas, é que se escreveram romances e poemas para serem inscritos nos anais da Humanidade.

Considero privilegiadas as pessoas que tenham tido a fortuna de sentir uma verdadeira paixão em sua vida. Retribuída ou não. O resto, a grande, a enorme maioria, apenas se ajeita ou se acomoda com uma relação de conveniência, que, bem ou mal, freqüentemente se converte em uma relação de camaradagem, que espanta os infortúnios da solidão a que estamos todos sujeitos!
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

banzo

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Nós todos morremos porque nossas almas tem banzo de sua pátria de origem.

Mesmo que não o saibamos conscientemente ou o neguemos com veemência.
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