quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Ser águia e voar ...


Recuperado de um blog anterior


Alguém me escreveu "É difícil ser águia e voar. É preciso, às vezes, um esfôrço hercúleo".

Possivelmente, é por causa disto que na maioria das religiões antigas ou no xamanismo, existe o símbolo da águia como o da alma que se liberta .... É preciso um esforço hercúleo para a alma se libertar.

Se bem que num plano mais próximo, imagino que, sendo águia ou tendo asas, o importante, para voar, deve ser se soltar, ter coragem de se deixar ir com o vento ... assim um pouco como nadar : se não se soltar, não é possível flutuar ... É o medo que incapacita as pessoas de nadarem ou as águias de voarem ...
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Será que não existe aí um paralelo com a nossa existência humana .... não será o medo que impede as pessoas de viverem plenamente sua vida e alçarem "vôo"?

E talvez quem me escreveu tenha razão, no sentido que seja preciso um esfôrço hercúleo .... para as pessoas se soltarem ...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Arte e mulher ...

Uma obra de arte não é um teorema : portanto não pode, como tal, ser entendida ou compreendida racionalmente.

Uma obra de arte deve ser sentida, pressentida, adivinhada, intuída, comungada. Ou a gente gosta de uma obra de arte ou não gosta. Ponto final!

No fim das contas, nossa relação com a arte é qualquer coisa com o coração mas nunca, nada com a cabeça. Para a cabeça, a arte é um contrasenso total.

Por isto tudo, uma obra de arte é essencialmente e profundamente feminina.

Uma mulher igualmente deve ser sentida, pressentida, adivinhada, intuída, comungada. Ou a gente ama uma mulher, e a gente sabe como ela é; ou simplesmente, a gente não ama. Esta história de tentar "entender" racionalmente uma mulher não tem a menor chance de funcionar!

E antes que me acusem de chamar as mulheres de irracionais - que eu não estou -, deixa esclarecer que o que estou dizendo é que não se pode conhecer uma mulher (ou qualquer amigo, pra dizer o certo) com a cabeça .... mas apenas com o coração.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Ensaio sobre a Cegueira (Final)

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Por favor, leiam em seqüência a partir do (1). Não comecem por aqui!
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Inacreditável. É tão óbvio que demorei até a metade do romance para me dar conta!

OS PERSONAGENS SEQUER TÊEM NOME. Não tem rosto. Não tem caracteríticas psicológicas. Apenas um sinal identificador como uma venda preta, óculos escuros ou um título.

Não são seres humanos, são personagens absolutamente IMPESSOAIS.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Ensaio sobre a Cegueira (4)

Frase interessantes

(13) hoje por ti, amanhã por mim, não sabemos para o que estamos guardados. Ficaria mais a nosso jeitão deste modo assim : hoje para você, amanhã para mim, não sabemos o que o futuro nos reserva ....

(16) cegueira é algo que se limita a cobrir a aparência dos seres e das coisas ....

(21) os cegos não vão ao oftalmologista .... também podemos dizer : os homens sem fé não vão à igreja

(23) se é certo que a ocasião nem sempre faz o ladrão, também é certo que o ajuda muito : por exemplo, é só entrar na política, não é?...

(26) os olhos mostram sem reserva o que tratamos de negar com a boca ...

(41) a morte também não se pega, e apesar disso todos morremos ... Já pensaram se a solidão fosse contagiosa? Daria um belo romance : O Ensaio sobre a Solidão!!!

Ensaio sobre a Cegueira (3)

O ser humano

Não existem "seres humanos" plenos que sentem ou vibram, apenas personagens superficiais do tipo de filmes americanos que expressam em palavras seus pensamentos e parecem totalmente desprovidos de sentimentos. Falta vida ao SalAmargo!

O próprio autor se encarrega de refletir isto especificamente no texto :

(21) não parava de perguntar-se como era possível que tão grande desgraça lhe estivesse a acontecer a ele. Aos ouvidos, chegavam-lhe os ruídos do trânsito .... {não durou muito sua emoção!!}
(37) estou cego, ..., com estas exactas palavras o pensou. {desespero mais linguistico!!)
(45) palavras .... pronunciadas pelo ministro, que mais tarde precisou o seu pensamento. (as palavras precedem o pensamento!!!)
(51) quero minha mãe, mas as palavras foram articuladas sem expressão. {um garoto que cegou separado da mãe!!}

Ensaio sobre a Cegueira (2)

Boçalidades literárias

(11) engorgitamentos da circulação automóvel, ou engarrafamentos, se quisermos usar o termo corrente {até ele, se deu conta!!}

(26) plebeiamente concluindo

Ensaio sobre a Cegueira (1)

Vocabulário do SalAmargo e seus lusitanismos

Há palavras que simplesmente eu não conhecia (tive que recorrer ao dicionário) e há palavras que não usamos ou que reconheci mas que soam estranhas. Por desejo do autor, foi mantida a ortografia vigente em Portugal .... mas a leitura - e a vendagem - seria bastante mais facilitada se permitisse usar um vocabulário mais comum no Brasil.

(11) embraiagem (!), encravar (entravar), blocagem dos travões (travamento dos freios), peões (pedestres), esbracejar (gesticular)
(12) empanado (em pane), amolgado (amassado)
(13) estar no sítio (estar no lugar)
(17) quebranto, quebrantamento (prostração)
(19) pensos (curativos)
(25) lotaria (!), cauteleiro (ambulante)
(27) aranhiços (caraminholas)
(29) casa de banho (banheiro)
(31) balda (mania)
(32) prelibar (antegozar)
(35) filado (preso), alvorotar (alvoroçar)
(36) corrido (vexado), trouxe-mouxe (desordenadamente), rédito (lucro)
(38) garrotado (estrangulado)
(39) irrefragável (incontestável)
(40) direção (endereço)
(42) morada (residência)
(45) malsonante (dissonante), progressão por quociente (progressão geométrica)
(48) camarata (dormitório)
(55) bacio (penico)
(56) retrete (latrina)
(57) ligadura (atadura)
(59) sentina (latrina)

(60) dezanove (!)
(61) dezasseis (!)