quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mais sobre o tempo ...

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Alguns anos atras, eu li um artigo em uma revista esotérica que defendia o ponto que não é o tempo que passa (alias, a revista ia mais longe : dizia que o tempo não existe!) .... mas sim, somos nós que passamos.

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Para dizer a verdade, não sei se entendí certo .... ou se isto faz algum sentido real para mim. Difícil de apreciar. O fato que mesmos os psicólogos modernos como Carl Jung, parecem defender tese semelhante. Ele diz que "o espaço e o tempo consistem em ´nada´. São apenas conceitos nascidos da atividade da consciência e formam as coordenadas indispensáveis para a descrição dos corpos em movimento."

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Então, somos nós que passamos (que estamos em movimento) e portanto criamos, por causa disto, uma consciência de tempo.

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Para dizer a verdade, continuo não tendo muita certeza de que eles estão falando ... {risos}

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Mas a minha observação pessoal é que a intensidade de nossa consciência tem um efeito patente sobre nossa percepção do tempo ... se estivermos vivendo um momento intensamente, com grande concentração ou atividade, então o tempo parece voar. Ou simplesmente, nem parece existir quando fico 3 ou 4 horas esculpindo!! Ou seja, nós é que estamos passando rapidamente.

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Em compensação, quando estamos sem fazer nada, entediados, então, o tempo custa a passar.

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É como estar num trem ... não é a paisagem que passa rapidamente, é o trem!!! Não é a paisagem que está parada, é o trem!!! Não é mesmo?

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Por outro lado, a matemático que vive em mim, remete a um outro fenomemo da relatividade do tempo. Quando eu tinha 5 anos, um ano em minha vida representava 20% da minha existência. Um ano, aos meus 70 anos, representa bem menos de 2%!!! É lógico que passe - ou parece passar - mais depressa!!! Especialmente, se estou aposentado e não faço nada.

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terça-feira, 8 de junho de 2010

As brasas

Acabei de ler este livro escrito por Sándor Márai em húngaro. Apesar da versão em português ser uma tradução da tradução em italiano do original em húngaro, é um livro muito bem escrito. E altamente intrigante.

Trata-se de um longo solilóquio, com pouco enredo e poucos personagens, o que certamente o torna um tanto enfadonho e monótono para o grande público. Mas é um livro intensamente humano.

Alguns excertos :

pg. 15 - As duas vidas fluíam juntas, no mesmo lento ritmo vital {... }. Conheciam-se a fundo {...} mais do que marido e mulher. {...} Nenhuma palavra podia definir a relação entre eles. Não eram irmãos nem amantes. Mas existia algo diferente {...}. Existia uma fraternidade particular que é mais íntima e mais profunda que essa que une os gêmeos no útero materno. A vida mesclara seus dias e suas noites, cada um tinha consciência do corpo e dos sonhos do outro.

pg. 53 - ... e tudo o que significa o amor : desejo, ciúme e um desesperado sentido de solidão.

pg. 75 - Para mim, aquele mundo continua vivo, mesmo se na realidade não existe mais. Está vivo porque jurei fidelidade a ele.

pg. 83 - O homem {...} que entregou sua alma e seu destino à solidão, não acredita em nada. Espera e só.

pg. 93 - ... as palavras não tem importância? {...}. As vezes acho que as palavras, essas que pronunciamos, essas que evitamos dizer, essas que escrevemos {...} têm uma importância imensa, talvez decisiva

pg. 95 - Quem você é? O que {quer} de verdade? O que {sabe} de verdade? A quem e a quê {é} fiel ou infiel? São essas as perguntas capitais. E cada um responde como pode, com sinceridade ou mentindo; mas isto não tem importância. O que importa é que no final cada um responde com a própria vida.

pg. 127 - O que se pode perguntar com as palavras? E quanto vale a resposta que alguém dá com as palavras, em vez de expressá-la com a realidade da prória vida?

pg. 134 - E, assim como as pessoas que pertencem ao mesmo grupo sangüíneo são as únicas que podem doar sangue a quem é vítima de um acidente, assim também um espírito só pode socorrer outro se não for diferente dele, se sua concepção do mundo for a mesma, se entre os dois existir um parentesco espiritual.