segunda-feira, 19 de abril de 2010

A prova

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A maior parte das discussões sobre Religião se centra sobre o problema da Fé. Uma coisa tão complicada que, segundo alguns teólogos, não existe Salvação sem Fé!
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Mas, a coisa complica ainda mais, quando alguns teólogos vem a público e afirmam que a Fé é uma Graça concedida por Deus. E que não há nada que se possa fazer a rigor para conseguí-la, nenhum ato meritório, nenhuma vida exemplar, etc ...
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Me soa bastante injusto. E embora não possamos, a priori, atribuir à Divindade, características humanas, fica difícil entender uma "injustiça" deste porte.
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Por outro lado, existe uma esperança para os que não têem uma Fé inata.
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Se abandonarmos, por um instante, o conceito de um Deus pessoal, antropomorfo, o bom velhinho de barbas e cabelos brancos, que me parece altamente improvável (assim como qualquer versão mais moderna como a símpática cozinheira negra da Cabana), não precisamos abandonar a crença em Deus.
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Existe à base de toda a atividade científica (e racional), o princípio da causalidade. Que diz qualquer coisa assim : não existe um efeito sem uma causa. Ou seja : não existe nada que não tenha sido causado por alguma coisa. Desta forma, tudo que existe no mundo, hoje, foi causado por alguma coisa anterior. E esta coisa anterior, por outra anterior. E assim por diante. Até chegarmos, por uma questão de lógica, à alguma coisa que precedeu todas as outras. A Causa Original ou Primordial.
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O problema é que isto aconteceu a muitos éons atras, muito antes do aparecimento dos homens! E fica muito difícil de dizer algo sobre a Natureza desta Causa Primordial. Que provavelmente, não se parecia nem um pouquinho com o tal bom velhinho de barbas e cabelos brancos!!! Falar de características humanas (bondade, justiça, amor) para esta Causa Primordial, é tambem algo bastante temerário.
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Alias, falar qualquer coisa sobre esta Causa Primordial é muito temerário.
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Se não nos sentirmos à vontade sobre o conceito de "Deus", podemos evitar a palavra. E acreditar como muitos filósofos na Causa Primordial. Que não ajuda muita coisa, pois não podemos saber, nem dizer nada, nem sobre um, nem sobre a outra.
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Mas o que acontece é que fica mais fácil para um espírito racional aceitar a existência de uma Causa Primordial. Enquanto que os múltiplos, variados e frequentemente inconsistentes conceitos de Deus, levam a uma natural desconfiança!
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Feita a prova "racional", resta a dúvida do que fazer com ela. E de se dar conta que isto ainda não nos ensina como conduzir nossa vida. Uma hora qualquer vamos ter que apostar sobre o que fazer!
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E rezar para que seja a coisa certa!
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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sou razão ...

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É verdade, sou muito razão. Não sei se a esta altura da vida, posso ainda mudar.

Mas, as vezes, me sinto horrível por ser assim tão "razão". Preferia ser um pouquinho mais burro, mais cego ... e mais feliz.

E sobretudo ser capaz de calar minha "argúcia", de deixar os outros felizes e de não lhes tirar a emoção.

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terça-feira, 13 de abril de 2010

Saudade do meu tempo de religião

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Pois é! Tenho saudade do tempo em que acreditava nas coisas da Igreja. Certamente, era emocionalmente confortador e lembro bem da devoção e sentido de pertinência que sentia na época de adolescência.

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Mas perdi este sentimento, pois comecei a raciocinar e me convenci, ao longo do tempo, que o catolicismo era uma religião dos homens, que como outras igrejas era uma instituição que criou seus próprios dogmas e normas para proteger sua sobrevivência enquanto organização.

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Estamos sendo inundados por uma multitude de igrejas (talvez uma nova forma de Dilúvio!), na maioria das vezes organizações político-teocráticas e assitimos à criação de novos cultos de adoração, como acontece com o futebol ou a oniolatria (neologismo para designar a compulsão por consumo).

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Neste ambiente, talvez a Religião seja considerada "démodée" .... mas, de fato, a verdadeira Religião - aquilo que nos liga de volta a Divindade - é mais necessária do que nunca.

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

É so nesta vida, que eu posso me sentir vivo.

Erga a taça, Irmã

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Erga a taça, Irmã

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permita que os deuses transbordem a sua taça

com o vinho da paixão, que aqueça suas veias

e mantenha aceso

o fogo sagrado em suas entranhas

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Erga a taça, Irmã

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deixe a chuva generosa que nos vem dos Céus

molhar sua face e seu seio, escorrer

em cada poro de seu ser

como um rio fecundo e morno de vida

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Erga a taça, Irmã

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que a luz de sua alma a traspasse inteira,

que ilumine o caminho que irá percorrer

e toque todos que estão perto de seu coração

como as asas de um anjo

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Erga a taça, Irmã

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Não é suficiente amar uma mulher ...

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Escreveu Edouard Manet : "Não se é pintor quando se ama a pintura acima de tudo no mundo, e não é suficiente dominar o ofício, é preciso empolgar-se com ele."

Por isto, eu digo, não é suficiente amar uma mulher. É preciso gostar dela, desejá-la e se empolgar com ela!!
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sábado, 3 de abril de 2010

A lição das maritacas



Moro em um prédio alto, cercado tambem de prédios altos.


Surpreendentemente, a maritaca, que é designada como uma espécie em extinção, prolifera em nossa bairro.


Ao longo dos anos, temos visto, com agradável surpresa, crescerem os bandos em revoada, coloridos e espalhando um alegre alarido.


Instalamos em nosso terraço, uma pequena bandeja onde depositamos todo dia cascas de mamão, caroço de manga e outras frutas coloridas pelas quais elas tem manifestado preferência. (Não adianta colocar maçãs ou peras, que elas ignoram totalmente).


As vezes, se juntam 6 ou mais, fazendo uma benfazeja algazarra.


Algumas coisas que notamos.


Se até as 8:00 horas, ainda não colocamos nada, elas ficam no terraço fazendo pedidos ruidosos.


E algo muito impressionante, a primeira que aparecer depois de colocarmos as frutas, fica chamando as outras, chamando e chamando ... mas não começa a bicar as frutas enquanto outras não aparecem!!!


Pode ser um esquema espontaneo de auto-preservação, mas é algo tocante de se ver!!!


Pudessemos, nós homens, aprender com isto! E não termos a preocupação exclusiva de nos fartarmos, sem pensar um pouco nos que tem tão pouco.