quinta-feira, 26 de julho de 2007

Sobre atração ...

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Quando a gente conhece uma pessoa, é o aporte dos sentidos que funciona em primeiro lugar, o visual, o auditivo, até eventualmente o toque ... o resto vem mais tarde.

Ou seja, pondo em miúdos, a atração física é sempre o que vem em primeiro lugar. Não que seja o mais importante, vejam lá, mas é o que chega na frente. É algo bem primário, instintivo.

Como estamos a falar de uma condição homem-mulher, podemos chamar a atração, neste contexto, de atração "sexual". Nada a ver com atividades sexuais, apenas me refiro a atratividade natural entre os sexos.

Evidentemente, concordo plenamente que atração é algo muito relativo, varia muito de pessoa para pessoa. Mesmo nos homens. Contudo, existem instintos básicos que funcionam com muita força nesta área. Não se trata de beleza física cujos padrões tem mudado enormemente conforme a época, lugar ou classe social.

Trata-se de algo bastante mais primário e fundamental enraizado lá nos fundos de nossa estrutura arquetípica que trazemos dos primórdios da humanidade e que eram necessários para nossa sobrevivência.

O "ideal" da mulher para nossa antepassados era a boa parideira, a espécime que tinha uma estrutura física apropriada para gerar filhos fortes e saudáveis .... e que se caracterizavam por uma caixa pélvica de bom tamanho, manifestada por ancas grandes, e uma capacidade de amamentação adequada, caracterizada por seios profusos.

Até hoje, conservamos estes instintos. E estes indícios de boa parideira acabaram historicamente, se incorporando aos nossos padrões de beleza feminina e inevitavelmente, atraem os olhares masculinos. Homens mais elegantes, mais educados, civilizados enfim, podem não se virar á passagem de uma Jane Mainsfield ... mas vão notar, sim!! Não conseguem evitar, está no sangue!!!

Outra vez, não é uma questão de beleza física, mesmo porque o protótipo da boa parideira não é necessariamente um ideal sublime de beleza. Quando manifestado com acinte, pode até ser meio grotesco, quando não patentemente vulgar.

Mas que atrai os olhares dos homens, isto atrai. Mesmo porque o motor básico da atração no homem é a visão.

No fundo, as mulheres sabem disto. Tanto é verdade, que usam isto no modo como se vestem, em um decote discretamente revelador, uma saia no limite, um vestido que sugere as formas em vez de ensacá-las, etc. ... As mulheres podem dizer que não fazem intencionalmente, que seguem a moda, etc. .. mas quando uma mulher quer seduzir um homem, é assim que ela se veste.

Claro que não pode abusar do expediente sob pena de ser qualificada de profissional. {risos}

Dito isto, vou esclarecer algo que considero muito importante : não se procura ou começa um relacionamento baseado exclusivamente nesta atração primária.

O que vale para um relacionamento é inteligência, maturidade, experiência, cultura, compreensão, carinho, atenção, etc. Estas são as coisas fundamentais para um relacionamento humano digno e fecundo.
Mas estas coisas, convenhamos, são qualidades "invisíveis" nos primeiros contatos ou pelo menos, facilmente disfarçáveis. Somente são possíveis de descobrir após um certo convívio.

Mas para que haja um mínimo de convívio, é essencial que tenha havido de início uma mínimo de atração que leve as pessoas a se aproximarem.

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Existe indiscutivelmente um charme significativo na manifestação da inteligência feminina.

A inteligência feminina é diferente da inteligência masculina, ela é bem menos analítica mas ganha em abrangência. Alguém já viu algum homem ser capaz de fazer (ou pensar) duas coisas ao mesmo tempo? Mas a mulher consegue. Como faz isto, não faço a menor idéia, mas faz!!!

A mulher também utiliza em muito maior grau a intuição, para chegar no âmago e na verdade das coisas. Convenhamos que ela nem sempre é capaz, por raciocínio, explicar como chegou lá {risos} mas nem por isto, tem menos convicção ou honestidade em sua crença.

Esta forma de pensar pode ser comovente para alguns homens (entre os quais me incluo) e extremamente irritante para alguns outros, racionalistas empedernidos.

Outra faceta que cativa os homens é a capacidade da mulher de oferecer carinho e atenção. Talvez por ser mãe em primeiro lugar. Nenhum homem é capaz de competir com a mulher neste campo : o homem será sempre um pouco tosco ou ao contrário, tímido.

Se tem algo que consolida o relacionamento, são justamente estas qualidades. Não sei se podem, como tais, serem enquadradas como um elemento de "atração", mas certamente ajudam a manter a atração inicial, impedem que caia na rotina e até a enriquecem. Sem elas, o que se vê e é muito comum, o relacionamento se desgasta e acaba em desapontamento.

E finalmente, algo que fica evidente para mim, a medida que o tempo passa : as diferenças (secundárias) entre homem e mulher são as que menos importam ... são muito mais essenciais as características que eles (homens e mulheres) possuem em comum enquanto seres humanos!! Se são honestos, fieis, bons amigos, etc ... São estas qualidades que mantêm atraídos e amalgados dois seres

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Fé e Prosperidade

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Recebo um folheto.

Que termina citando um versículo de São Mateus : "Tudo o que pedirdes em oração, credes e o obtereis".

Versículo que se tornou a pedra basilar da Teologia da Prosperidade.

Não quero ofender a fé de ninguém mas depois de tantas traduções e várias versões e adaptações, (passou do aramaico para o grego, depois para o latim, deste para o inglês e finalmente, nesta versão em particular, para o português), tomar ao pé da letra um determinado versículo pode ser temerário.

O versículo promete "tudo o que pedirdes".

Tudo? Toda e qualquer coisa? Incondicionalmente? Bens materiais, riqueza, fama, poder, amores ...? A qualquer título, com ou sem merecimento e com qualquer finalidade?

Não é ingenuidade acreditar que nossa fé possa submeter a Divindade a se transformar em um instrumento a serviço de nossas cobiças pessoais e da satisfação de nossos desejos mundanos?

Sim, a Fé nos é necessária. Ela é fundamental para nosso soerguimento enquanto seres humanos e garante nossa elevação dentro do Universo que nos cerca. Ela nos é necessária para levar avante e com sucesso nossos projetos e nossas tarefas. Mas ela certamente não é um "cheque em branco", nem basta ter Fé para ter direito a dar ordens aos Céus.

O que a Fé faz, é nos abrir os caminhos da Prosperidade. A Prosperidade Espiritual, não a prosperidade material. A prosperidade material não abre os portões do Paraíso e certamente, quando chegarmos na frente de São Pedro, ele não nos perguntará pelo nosso saldo bancário!

E por mais que se insista, a prosperidade neste mundo não é sinal que somos os escolhidos e que estamos automaticamente salvos. Quando muito é uma provação para testar nossa capacidade de sobrepujar nossos instintos mais recônditos e nossas ambições terrenas.

Sim, a Oração nos traz tudo o que realmente precisamos. A VERDADEIRA ORAÇÃO. A que é feita com Fervor, Reverência e Compaixão. A que procura nos levar mais perto da Essência Divina, não aquela que se preocupa em pedir por benesses e favores egocêntricos.
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Inteligência e atração

Quanto mais mulher jura gostar de homem erudito,
mais ela procura um tipo burro e bonito
Rita Lee em "Fonte da Juventude"

Uma amiga minha, algum tempo atras, me afirmava que achava homens inteligentes atraentes. Custa-me acreditar : para mim, a Inteligência não pode ter qualidades erotizantes.
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Existe uma qualidade que eu poderia denominar de esperteza, uma forma de perspicácia mental, aguda, rápida e dirigida, que busca acima de tudo resultados pragmáticos e é encontrada tipicamente em vendedores, pessoas de sucesso financeiro ou prestigio, políticos, nouveaux riches, etc ... A esperteza - a inteligência dos resultados - pode ter ardorosos admiradores, sobretudo femininos ...
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Sem querer parecer exageradamente sexista, o que a maioria das mulheres procura em um Príncipe Encantado, é um homem rico e poderoso (por definição, senão não seria um príncipe, certo?). Por exemplo, um Príncipe Encantado não precisa ter uma extraordinária sensibilidade artística, mas recursos suficientes para comprar palácios cheios de obras de arte.
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As qualidades "masculinas" de ambição de riqueza e poder, estas são incontestavelmente qualidades erotizantes. Mas a Inteligência, enquanto qualidade básica de comunhão com o Universo, a Inteligência dos cientistas, filósofos, artistas, etc ... a que busca em profundidade e se liga aos mistérios da Natureza e do Espírito, esta Inteligência não pode ser algo "atraente".
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sexta-feira, 20 de julho de 2007

"Eu? medo?

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Tenho duas notícias uma má e uma boa.

A má notícia ... a maioria das pessoas que tem um mínimo de sensibilidade, que pensa, que tem emoções e ambições, necessariamente de alguma forma, sentirá alguma forma de medo ou medos.

A boa notícia é que, se você sentir medo, isto significa que v. é um ser humano.!! Normal, por sinal.

Os que dizem que não tem medo, estão ou mentindo ou se enganando ou escondendo seus medos de forma tão dramática que nada de bom pode resultar. Olha a sua volta e procure pessoas que se agitam, estão sempre superocupadas, fazendo um milhão de coisas e se engajando obsessivamente em atividades alienantes como jogar, beber, dançar a noite inteira, ouvir música ensurdecedora, tentar ganhar o máximo de dinheiro possível, etc {cada um inventa sua própria psicose, neste negócio!} ... Estão tentando ocultar seus medos e conflitos internos, fazem de tudo para que não aflorem à sua consciência.

Resultado : estresse, neurose, perda do sentido humano, perda do elo espiritual (ou consciência religiosa ou cósmica ou como se possa preferir chamar esta sindrome : muda o nome, não muda a coisa).

Fomos estruturados com uma série de dispositivos para conservar a vida. O instinto de comer, por exemplo, a nível individual. O instinto de reprodução a nível coletivo. Por sinal, reparemos que satisfazer estes instintos de preservação vêm sempre acompanhandos de prazer. Que talvez nos foi dado como estímulo para nos mantermos vivos!

Por outro lado, tudo que ameaça a nossa sobrevida, vai causar medo. É normal sentir medo da morte. Sentir-se envelhecer é reconhecer que nos aproximamos da morte. É normal sentir medo do envelhecimento. Saber-se doente é reconhecer que podemos reduzir nosso tempo de vida útil. É normal ter medo da doença. Somos seres gregários, inclusive para nossa propria sobrevida e segurança. Não conseguiríamos sobreviver sem pertencer à sociedade. É normal ter medo da solidão.

Então, o que fazer? É simples ... mas não necessariamente fácil.

Primeiro, é aceitar o medo, reconhecê-lo, analisá-lo, conversar com ele. Tento me explicar : o medo é a nível psicológico o equivalente da dor, ao nível físico. A dor é fundamental para a sobrevivência humana. A dor é um sistema de alarme, mostrando que existe um perigo para a segurança e sobrevivência pessoal. Uma febre, uma dor de estomago ou de cabeça, uma cólica, a sensação de queimado na pele ou de um dedo levando uma prensada, tudo isto existe para nos dizer que existe um perigo, que temos que fazer algo a respeito, nos evadir da condição ou procurar um remédio ou eliminar a causa. V. imagina o que aconteceria se você simplesmente não sentisse dor : se v. não tivesse alguem superprotegendo você, v. já estaria morto a esta altura. A dor é nosso anjo da guarda, 24hs por dia. Muito eficiente. Aparentemente incomodo, mas muito eficiente, sim.

Idem, idem com o medo.

O que fazer?

É pegar cada um dos nossos medos, e tentar saber realmente o que o causa. Avaliar o verdadeiro perigo. E tentar solucionar o problema {e estou me repetindo aqui}, nos evadir se for o caso, procurar um remédio ou eliminar a causa. Sob qualquer hipótese, é uma enorme oportunidade para progredirmos enquanto indivíduos.

Não é só trabalho cabeça, não!

Como dizem os napolitanos, estamos vivos quando conservamos os nossos três Cs. Cervello (cérebro), cuore (coração) e {perdão pela expressão chula} coglione (colhão). Esta última função é fundamental, ela representa mais do que apenas nossas urgências sexuais, ela as engloba mas na realidade, é muito mais, é a expressão da nossa necessidade de agir, de viver de fato e de se afirmar no mundo externo/físico, ela é expressão do que queremos para nossa vida, com o mais profundo de nossas entranhas.

Quando o zé povinho diz que fulano tem colhão, isto não quer dizer que fulano é um galinha que corre atras de tudo quanto é saia, mas sim que fulano tem coragem de enfrentar as coisas com determinação, com fé naquilo que acredita e que busca. E esta característica não é exclusiva dos homens, mas de todos os seres humanos, homens ou mulheres de forma igual.

Assim, não basta pegar nossos medos apenas com cérebro. É preciso sentir nosso medo com o coração. Tentar se identificar com ele e decifrá-lo. E tambem obviamente, é fundamental enfrentar o nosso medo com co...ragem! {quase peguei vocês, rs!}

Lógico, se os medos são muitos ou se permitimos que tenham ficado muito grandes ou muito tolos, então não é vergonha nenhuma buscar ajuda e procurar psicoterapia. Mas o que um psicoterauta vai fazer (as mulheres são melhores psicoterapeutas do que os homens), é apenas ajudar o paciente a enfrentar seus problemas e seus medos com os três Cs.
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Transitoriedade

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"... estamos de passagem em um mundo transitório. Por que ter tanta preocupação com algo que não durará?" (Jean Yves Leloup - em A Montanha no Oceano - pg. 74).

Dinheiro, posição social, poder e fama nos ajudam a viver em sociedade
e por isto, temos que cuidar destas coisas sensatamente ... mas não devemos levá-las a sério demais, elas não são o fundamento da Vida!
De uma certa maneira, estas coisas, que os condicionamentos sociais a que fomos sujeitos pela família, pela educação, pela sociedade, pela igreja, pelos amigos
(e hoje, sim, pela televisão) nos induziram a vê-las como coisas fundamentais;
mas, em verdade, elas são a real fantasia que não resistirá a nossa morte.

São Pedro, quando chegar a nossa hora e nos apresentarmos,
certamente não nos perguntará nosso saldo bancário.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Os metecos ...


Então, pelo sobrenome, pela origem, pela cor, pelo tipo físico ou jeito de ser, qualquer um acaba vivendo algum exílio injusto e particular. (Lya Luft)

A primeira vez que me defrontei com a palavra foi em uma música de Georges Moustaki, cantor que fez algum sucesso na França nos anos 60-70. Ele é pouco conhecido por aqui, embora esteve algumas vezes no Brasil e é um apaixonado pela música brasileira, da qual incluiu várias em seu repertório. Para mim, ele é alguém especial por ter nascido em Alexandria, no Egito, cidade onde vivi minha juventude. Ele frequentou inclusive a mesma escola.

Mas o que é um meteco? Diz o dicionário : um estrangeiro domiciliado em um pais.

Entendo a sua música e sua tristeza. Nascemos em um pais, o Egito, que não era o nosso. Éramos cristãos em uma terra de muçulmanos. Éramos europeus cosmopolitas, falando várias linguas europeias, em um pais de fala árabe, um povo pobre, com uma herança maravilhosa mas que havia sido completamente dilapidada e destruída, só restando miséria e descultura.

Tínhamos nossos bairros, nossas escolas, nossas igrejas e até nossas praias. E o povo local tinha costumes que considerávamos muito primários e uma cultura bastante atrasada. E uma falta de higiene bastante característica que funcionava como uma enorme e intransponível barreira, bem acima de quaisquer outras divergências de cunho religioso ou social.
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E é lógico, havia muita segregação. Diria que tácitamente aceita e de parte a parte : tanto é que nunca prevaleceu a jus soli e era totalmente normal que, mesmo após um número grande de gerações, filho de estrangeiro, continuasse estrangeiro.

Creio que sinceramente desejávamos continuar assim, mas permanece o fato que, assim mesmo, nós éramos metecos e de certa forma, isolados.
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Com as reviravoltas da política local, ao final dos anos 50, os metecos saíram do Egito : havia italianos, franceses, gregos, malteses, uma variedade de raças e de religiões : todos invariavelmente nascidos lá, e radicados lá, há várias gerações, diga-se de passagem!. Se espalharam pelo mundo. Alguns foram para os paises do futuro e da esperança : Australia, Canadá, Brasil, Estados Unidos. Outros para os países de origem de seus antepassados ou de sua predilação que os quizessem receber.

Continuaram metecos. Falavam vários idiomas e não foi difícil aprender mais um novo. Estavam habituados à diversidade de costumes, também não foi difícil se adaptarem, como soi a um bom e sólido meteco.

E metecos permaceram, gente longe de suas raízes, de seus amigos de infância, dos costumes de um ambiente cultural único, restrito e irremediavelmente extinto.

Passaram-se os anos, casaram, tiveram filhos e netos.

E hoje, ainda, na realidade, continuam metecos, uma espécie de nomades, diluídos e invisíveis na paisagem urbana, sim; ... mas uns personagens, no fundo, um tanto estranhos. Presentes mas não totalmente pertinentes, com uma série de idiossincrasias na forma de pensar, uns gostos um tanto peculiares e uma saudade de uma filosofia de vida que eles trazem de um mundo só seu, que não existe mais, vivendo, como bem diz Lya Luft, seu exílio particular.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Compaixão



Fazer a caridade porque é o certo ou porque afirmam que isto dá uma satisfação pessoal muito grande .... está errado! Não é caridade, é técnica do "american way of life" .... engana o ego e a persona .... mas é só! Uma grande hipocrisia. Que não somente não rende nada para o Ser, mas provavelmente o avilta.

A caridade, a compaixão só pode ser espontanea. Tem que vir direto do coração. Não sei se espontaneidade pode ser ensinada ou aprendida. Com sofrimento, talvez? Mas não creio que a auto-flagelação ajude em grande coisa : não é este tipo de sofrimento.

Então, como gerar esta compaixão? de forma legítima, digo! Ler não adianta muito, já li demais e sei que, para mim, não é isto que resolve. Ao contrário, fica-se cada vez mais cabeça!!! Não creio que palestras, seminários ou semana nas montanhas tampouco resolvem o caso. Pode ser uma deficiencia estrutural de base! E então, talvez só nos reste rezar para obter a Graça, se a gente lembrar como é rezar. Se não nesta existência, pelo menos nas próximas.


"Quero resolver todas as minhas pendências e quando retornar, que seja para um planeta sem tanta expiação.... ". Parece Jean Yves Leloup quando diz : " o caminho da transformação .... não somente para si mesmo, mas para o bem estar de todos ... e (o boddhisattva) não está despertado enquanto todos os seres não o estiverem... ele renuncia a entrar na plenitude deste despertar, enquanto um só ser estiver sofrendo".


É muito grande para a maioria das pessoas. Que têm dificuldades até com as pessoas que lhes estão mais próximas. Que dirá de um pastor nos Himalaias, um índio no Amazonas ou um índigena da Australia? Que dirá de um morador de rua ou um fugitivo das secas. Ou da criança sem rosto que sobrevive na favela na frente da qual a gente passa todo dia.

Quem somos nós, quem sou eu, para o ideal do Leloup?
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As luzes não se acendem para todos



Os italianos têem uma expressão, um tanto depreciativa que é "rimbambinito" = que voltou a ser criança. O que é uma pena, pois voltar a ser criança e se maravilhar com as coisas simples da vida é uma bênção, não uma doença senil.

Tão ruim quanto não nos conscientizarmos que "as luzes não se acendem para todos", é não conseguir enxergar as luzes que se acenderam e ainda se acendem para nós. E agradecer por elas.
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domingo, 8 de julho de 2007

Crer ou não crer ...

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Aquele que não crê em nada, no fundo, é tão crédulo quanto aquele que crê em tudo
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quarta-feira, 4 de julho de 2007

Dúvidas ...

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Lembro-me de uma frase que registrei em um filme, creio ter sido em Madre Maria Joana dos Anjos (filme polonês, já com uns 30 ou mais anos). Um convento de freiras, em uma aldeia polonesa, na idade média, possuídas ou perseguidas pelo demônio, um padre simplório que não consegue resolver o problema nem com as suas preces nem com as suas flagelações .... uma noite em desespero de causa, procura sorrateiramente o rabino da aldeia, única outra pessoa no local com um mínimo de luzes. Conta-lhe o seu problema e suas dúvidas, ao que o rabino fica muito bravo e lhe diz : "Homem de Deus, com que direito v. vem perturbar meu sono com suas dúvidas? Você por acaso não sabe que tenho as minhas?"

Sim , todos temos as nossas dúvidas. As pessoas mais inteligentes sabem que as tem. E as pessoas mais sábias, as que se aplicaram à tarefa sabem até dizer quais são. Ninguem de certa inteligência acredita que tem as respostas ou soluções.

Apenas os néscios que não se dão conta de suas dúvidas, acham com certeza que tem as respostas.

Sim, como como o rabino, tenho as minhas dúvidas. Diferente do rabino, não vou ficar bravo se algum amigo um dia resolver me contar as suas mazelas. Não posso garantir respostas, apenas um ouvido complacente : o fato de alguem nos ouvir e compartilhar, ajuda - e em muito - tirar das nossas dúvidas o fator de tensão emocional (ou, as vezes, de quase desespero), especialmente se conseguimos descobrir que outro tambem tem dúvidas da mesma natureza!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Discutir a relação

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Hoje os moços vivem discutindo a relação ... está certo, nossa geração e especialmente a anterior não discutiam nada ... apenas conviviam com os problemas ... os homens porque era feio se incomodar com umas coisicas a toa ... as mulheres porque deviam obediência e submissão e esta era a sina das mulheres .... Realmente, teriam ganho se negociassem de vez em quando alguns arranjos no convívio!

Mas não é preciso exagerar tanto ... tem alguns moços que fazem o objetivo máximo da relação, discuti-la ... Espera aí ... a relação deve ser vivida, curtida, sofrida ... faz parte da vida humana cometer enganos ... passar o tempo todo discutindo a relação tira a espontaneidade e a graça da coisa, resseca o relacionamento e deixa o tempo escapar sem fazer o mais importante, que é usá-lo para viver e se amar naturalmente!

E se o casal brigar de vez em quando, não sei se é tão grave assim : os pequenos problemas acabam se resolvendo de por si, sendo esquecidos ao longo do caminho, e os grandes problemas, os verdadeiros problemas, estes acabam explodindo em uma crise - bem à italiana - numa briga que ou resolve os problemas ou dissolve a relação porque esta não aguentou os problemas - e não teria aguentado de qualquer modo.

Agora, transformar todos os problemas em uma discussão permanente da relação é dar-lhes uma exagerada importância e transformar a relação em algo amargo onde só se discute culpas e recriminações ... não é de estranhar que discutir tanto a relação não consegue manter estes casais juntos!!

A análise não substitui a vida

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Existências

Moro no 15o. andar, em cima de um espigão. É um lugar bastante alto e aberto - e com uma vista muito bonita, por sinal.

A vista da cidade à noite me é muito comum. Como a maioria dos homens da minha idade, acordo 2 ou 3 vezes à noite ... o que é muito incomodo (preferia dormir minhas 6/7 horas direto.)

Mas é muito interessante a reflexão e a consciência que causa a vista de uma cidade à noite, sem barulhos, sem carros : a vida está lá, ela está lá fora, forte e palpitante e quase dá para "ouvir", apesar do silêncio.

Interessante este fenomêno da permanência que levamos a vida inteira e não apreendemos por completo : as coisas existem mesmo que não as vemos.

Os anjos e os deuses existem mesmo que não os percebamos.
Deus existe mesmo que não consigamos sequer conceituá-lo.
A humanidade existe, esta enorme multitude de seres em tantos lugares pequenos ou grandes, distantes ou próximos. Cada qual com suas dores e suas alegrias, sua grandiosidade e suas mesquinharias.

Todos lá fora, à nossa volta.

Apesar de nossa inconsciência, de nossa alienação ou de nossa indifere
nça.