quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Alexandrie ... um capítulo de minha vida

Georges Moustaki, foi cantor em francês pouco conhecido por aqui, mas que fez um certo sucesso na França nos idos de 50-60. Foi amante de Edith Piaf, para quem compos Milord que o foi o primeiro sucesso dela. Uma das músicas menos conhecidas dele é "Alexandrie"

O que tem Moustaki comigo?

Justamente esta música. GeorgesMoustaki era um "grego" do Egito, assim como Omar Shariff era um "libanês" do Egito. E assim como eu sou um "italiano" do Egito.

Nasceu e viveu em Alexandria antes de ir para a França. E eu, vivi em Alexandria dos 2 aos 17 anos, que foi toda minha vida no Egito antes de vir para o Brasil. E por sinal, Georges, cujo nome real era Joseph, como o meu, estudou no mesmo Colégio (lycée) onde estudei. Alguns anos antes, claro, ele é um pouco mais velho.

"Alexandrie" é uma música que canta a saudade de nossa terra.

Pode se ouví-la no YouTube com

http://www.youtube.com/watch?v=yOEqeZlW6Oc

A letra para voces



Eu lhes canto minha saudade

Minhas lembranças não envelheceram

Ainda tenho o “mal do país”

Já são mais de (cinquenta e tres) anos
Que vivo distante de onde nasci
Vinte e cinco invernos em que remôo

Na minha memória ainda comovida
Os perfumes, os odores e os gritos
Da cidade de Alexandria
O sol que queimava as ruas
Onde a minha infância desapareceu

O canto da oração às cinco horas
A paz que me subia ao coração
A cebola crua com o prato de favas
Que nos pareciam um banquete de sonho

O narguilé (cachimbo de água) nos cafés
E o tempo de filosofar
Com os velhos, os loucos, os sábios
E os estrangeiros de passagem
Árabes, Gregos, Judeus, Italianos,
Todos bons mediterrânicos,
Todos companheiros do mesmo bordo

Quero cantar para todos os que
Não me chamavam (Turini)
Mas me chamavam Joseph
Era mais suave, era mais curto

Amigos das ruas ou do liceu
Amigos do lindo tempo que passou
Aprendia-se a beijar
Nunca sabia-se o bastante
Tudo isto faz quase uma eternidade
Que a minha infância me abandonou

Ela retorna como um fantasma
E me traz de volta ao seu reino
Como se não nada tivesse mudado
E que o tempo tivesse congelado

Me perdoem se eu devaneio
Para curar da minha nostalgia


Vocês me compreenderão, tenho certeza

Cada um de nós tem a sua ferida
O seu canto de paraíso perdido
O seu pequeno jardim proibido

O meu chama-se Alexandria
E é ali, bem distante de onde estou

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Alguns exemplos de preceitos oclocráticos

Os excertos em negritos são da obra do Augusto Cury.

Retirados do contexto, podem apresentar conotações diferentes do original.

Os discípulos chamados são tipos desvairados, excêntricos, complexos e confusos. Pg11

É verdade que tipos desvairados, excêntricos e confusos são seres humanos. E, indiscutivelmente, devem ser tratados como tais. Contudo, convenhamos que os tipos desvairados, excêntricos e confusos não são o ideal do Ser Humano. E não devem ler levados ao patamar de Modelos.

Uma sociedade que despreza a massa de humanos e promove celebridades é emocionalmente (...) doente. Pg22

Absolutamente correto e justo. Mas não é elevando a cultura de massa a paradigma que vai se consertar o problema. Ao contrário, sabe-se que a massa é altamente sensível aos estímulos do dinheiro, poder e fama. E endeusa e adora celebridades.

Os intelectuais (...) são uns imbecis. Pg29

Nem todos os intelectuais são luminares. Mas isto não significa que a falta de cultura e educação é um sinal de sanidade ou sabedoria.

O circo e a sala de aula (ficam) na mesma plataforma. Pg40

Muita gente defende que os programas de auditório são educativos. Mas o circo, a TV, etc não tem nenhuma vocação para a “formação”. São apenas instrumentos para ganhar dinheiro, dando ao povo o que ele quer ver. Não ficam na mesma plataforma que uma sala de aula, por mais ineficiente que ela possa ser!

O homem nasce neutro e o sistema social educa ou realça seus instintos, liberta seu psiquismo. Pg73

Esta releitura de Rousseau é patética e só pode ter saído da mente de um pseudo-socialista totalmente iludido. A sociedade não é um ser como tal, é uma construção mental para designar uma entidade amorfa que não tem Vida, e certamente não se propõe educar os homens!

Os jornais livres e independentes representam na atualidade a maior fonte de nutrição intelectual para a mente humana. Pg121

É muito otimismo acreditar nesta magnanimidade de um veículo da chamada “indústria cultural”. Os jornais, como a TV e o circo, só estão interessados em fazer lucro. Vão dar ao seu público aquilo que ele mais gosta, sensacionalismo barato, fofocas, apelos sexuais, enfim material facilmente digerível e não material intelectual de primeira linha que é indigesto para o grande público e o obriga a pensar. Com o agravante de ter uma preocupação econômica fundamental qual seja de obter noticiários a baixo custo.

É a vez dos desprestigiados, dos miseráveis, dos manés. Façamos um levantamento na sociedade para mostrar nossa magnitude. Pg123/124

Não resta dúvida que os miseráveis nascem condenados a tal. Não é culpa deles e é preciso reconhecer que é muito difícil sair desta condição. Contudo, ser miserável não é uma qualidade, nem representa uma superioridade moral, mental ou cultural. Infelizmente, são numerosos, mas nem por isto justificam ter a liderança.

Muitos jovens seguem tendências ao vestir, falar e se comportar. Não são independentes. Ser diferente do grupo gera angústia. (E ...) odeiam quem não se enquadra no míope mundo dos seus preconceitos. Pg129

Os condicionamentos sociais são uma limitação muito forte ao desenvolvimento do indivíduo.

domingo, 15 de agosto de 2010

Os últimos livros

No dia do pais, ganhei dois livros.

Um "Doutor Pasavento", do Enrique Vila-Matas.
Outro "A Revolução dos Anônimos" do Augusto Cury.

Uma certa coincidência involuntária. O primeiro é sobre um escritor que quer "desaparecer" ou seja se tornar anônimo.

Folheei o "Doutor Pasavento" e achei muitíssimo deprimente. Muito bem escrito, mas o autor fica remoendo qual a melhor forma de desaparecer. Sumir para um lugar longíquo, mudar de identidade, mudar de profissão, se passar por louco. Suponho que tenha considerado o suicídio, mas não cheguei a folhear o suficiente para tanto ...

Troquei o livro por "Comer, Rezar, Amar".

Tenho um infeliz histórico com livros de "primeiro lugar". A começar com o "O Código da Vinci" que parece ter sido escrito como um roteiro de filme de aventuras para cinema.

Mas este "Comer, Rezar, Amar" está me encantando. Completei o primeiro terço, sobre a Itália. E só isto me permite recomendá-lo para quem gosta de um livro humano e instigador.

--------------------------

Estou lendo em paralelo o segundo (do Cury). Tambem muito bem escrito ... mas absolutamente sem emoção. Um monte de idéias, meio esparramadas, no meio de eventos meio incomuns (para não falar meio loucos). Ainda não acabei.

Mas apesar do linguajar meio sofisticado do livro, o autor parece que está querendo vender a idéia que se trata de pensamentos do "povo". Até onde cheguei, definitivamente não são!!

Nada do que é mostrado no livro é cultura popular, parece mais uma litania queixosa dos males sociais, bem ao sabor dos metidos a socialistas.

Do tipo que defendem uma forma extremada de democracia que Osho cognominou apropriadamente de "oclocracia" ou seja domínio da plebe ou da ralé.

Não nego que existam pessoas pensantes, inteligentes e sensíveis no meio do chamado zé povinho. Eu já testemunhei pessoalmente exemplos evidentes de bastante sabedoria. O que não se pode fazer é partir daí e dizer que a cultura popular é senhora absoluta de sabedoria. A cultura popular é repositório de tradições, hábitos e condicionamentos sociais. É algo que contem o elemento "passado" em uma quantidade excessiva.

Não é cultura de ponta, aquela que mostra o Caminho do Progresso para a Raça Humana.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pedir desculpas?

Love means never having to say you´re sorry.
Do filme "Love Story".

Amar significa que nunca tenha que pedir desculpas. Assim dizia a chamada do filme que fez um sucessão quando de seu lançamento há uns 40 anos atras (como passa o tempo!!)

À primeira vista, parece coisa muito profunda e necessária. Mas pensemos um pouquinho : quem é tão perfeito, quem terá condições de ter um amor tão abrangente em sua personalidade que não lhe deixa ter nenhum deslize com o objeto de seu amor?

Conheço algumas pessoas que nunca pedem desculpas. Mais do que pessoas amorosas, me transmitem a impressão de serem pessoas arrogantes. Alias, uma delas me afirmou explicitamente que pedir desculpas é uma "fraqueza de caráter" (sic)!!

Sim, quem ama de verdade - e pode ter tido um deslize por não ser perfeito e por isto, não conseguir doar um amor perfeito - deve ter a humildade de pedir desculpas

.