quinta-feira, 14 de maio de 2009

Tradução do poemeto ...

La rosée du matin,
C´est comme la fraicheur de ta peau
Qui garde jalousement
La chaleur de ta vie.
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O orvalho da manhã
É como o frescor de tua pele
Que guarda com zeloso ciúme
O calor de tua vida.
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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Minhas nacionalidades ...

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Sou italiano de passaporte, francês de educação, americano de profissão e brasileiro de coração.

De árabe tenho o gosto de não fazer nada e ficar filosofando e remexendo meus pensamentos, curtir um dia bonito, saborear uma boa comida e agradecer aos céus pela sua benevolência e a vida que me foi concedida.

Gosto de sol ...

Nascí no Egito, tenho duas avós gregas, um avó italiano e outro francês. Sou o próprio mediterrâneo! Adoro o Sol. Preciso do Sol. Não que goste de ficar fritando ao sol, como muita gente faz, mas preciso de luz do sol, da claridade do dia e do céu azul. É fundamental ... faltou, emburro logo!! Chuva, umidade, neblina ... deixo para os nórdicos.


P.S. Me falaram que emburro com tempo cinza por causa da falta de uma tal de serotonina ... prefiro pensar que me faz falta o Sol mesmo!!!!

Minhas origens ...

Recuperado de anotações pessoais
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Para entender a aparente confusão concernente à minha origem, que é a mesma de Monsieur Gilbert e Leon Eliachar (radicados no Brasil) assim como de Omar Shariff ou Dalida, todos eles que nasceram no Egito mas não são "egípcios", é preciso compreender a condição social do Egito naqueles idos, antes da revolução do Nasser em 1957.

O Egito estava sob um proterado inglês, embora tivesse um rei, Faruk. Já vinha de outro proterado, francês. A influência européia era muito grande, por conta de variados interesses econômicos, desde a exploração do Canal de Suez à cultura do algodão. O protetorado não era para proteger o Egito, era para proteger seus interesses no Egito.

Havia uma grande e variada comunidade européia na ocasião. Não havia quase americanos mas havia sujeitos britânicos variados, ingleses e malteses sobretudo. Havia franceses, italianos, gregos, libaneses, armênios, israelitas, etc .... Um caldeirão de povos, principalmente mediterrâneos. Havia também uma multitude de religiões, católicos, ortodoxos, maronitas, coptas, protestantes e também bastante judeus.

Lógico, havia os egípcios propriamente ditos, nativos e muçulmanos. Afinal, eles eram os donos da terra ... Havia uns poucos pretos, de origem sudanesa ou etíope, no Sul do pais, mas também muçulmanos. Havia também beduínos nômades, esparsos pelo país.

Prevalecia a lei do jus sanguinis. Nem os árabes nos queriam como concidadãos, basicamente por não sermos muçulmanos - ou seja, por sermos infiéis. Nem nós queríamos nos confundirmos com o povo árabe do qual lamentavelmente tínhamos pouco conceito. Havia uma razoável segregação, aceita e bem-vinda de lado a lado.

Não era propriamente racial, era uma questão de cultura. Havia alguns árabes de posses, que se educavam na Europa, se vestiam e falavam como nós e que eram admitidos ao convívio dos europeus. Nós, os metecos. (estrangeiros domiciliados em um país, diz o Aurélio)

Quando nascia uma criança, era registrada no consulado do país de origem do pai. Ou se não existisse um consulado daquela nacionalidade, com outro consulado que tivesse convênio. Por várias e seguidas gerações. Na nossa família, certamente por mais de 5-6 gerações.

Tínhamos os nossos bairros, nossas igrejas, nossas escolas, nossas lojas, até nossas praias, que não eram franqueados aos árabes do povo. Só entravam lá para trabalhar ou vender, coisa do tipo. Não havia propriamente uma proibição, mas eles, os árabes, também não faziam muita questão de nossa companhia. Como também, evitávamos freqüentar os bairros deles, inclusive por considerações de segurança : os muçulmanos não morrem de amores pelos infiéis. Mas, enfim , havíamos arranjado uma forma de convívio, com um relativo grau de estabilidade.

A comunidade européia era bem cosmopolita e eram freqüentes casamentos entre nacionalidades (européias) diferentes. Era comum as pessoas falarem espontaneamente vários idiomas, geralmente o inglês ou o francês e mais o idioma de origem, italiano ou grego ou seja o que for. Havia uma certa rivalidade entre grupos de nacionalidades diferentes mas também uma certa coesão por causa do antagonismo aos árabes. Esta rivalidade era apenas proforma e havia uma grande tolerância sobre a diversidade de idiomas, hábitos e religiões. Todo mundo - é claro, meio a contragosto para muitos - tinha que falar um pouco de árabe, senão como comprar as coisas no mercado, dar ordens aos empregados, tomar charretes ou pedir alguma coisa nas lojas ou restaurantes?

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Então, para entrar na minha família .... meu pai era italiano, minha mãe era francesa, fui registrado em consulado italiano. Passaporte que conservo até hoje.

Meu pai era filho de italiano e de grega. Minha mãe era filha de francês e de grega. Minhas avós gregas, por sinal, eram irmãs e meus pais precisaram de permissão especial da igreja católica para poderem se casar.

A melhor escola para meninos era francesa, adivinhe : me eduquei em uma escola de irmãos lassalistas franceses, católicos. Meu pai que era italiano também estudou em escola francesa.
A melhor escola para meninas era de freiras italianas, católicas. Minha mãe que era francesa estudou em escola italiana.

Então, o que se falava em casa : um jargão estranho, meio francês, meio italiano, entremeado de palavras em árabe e inglês, e vez ou outra aparecia uma palavra em grego.

Em 1957, Nasser fez uma revolução e entre outras coisas, alem de derrubar o rei, joguete dos ingleses, expulsou os estrangeiros de origem britânica e francesa e deu, à nossa mãe, 3 dias para sair do pais. (Os demais europeus ficaram em uma situação insustentável e acabaram saindo nos anos seguintes).

A Itália estava em petição de miséria, na ocasião. A França não nos recebia (minha mãe tinha adotado a nacionalidade italiana quando se casou, isto não nos permitia entrar na França, mas não impediu o governo egípcio de expulsá-la). Na Australia, sabíamos de problemas gravissimos de integração social por nossa origem latina. O Canadá era muito frio. Os Estados Unidos tinha um processo de admissão que demorava, no mínimo de 3 a 6 mêses (tinhamos 3 dias). O Brasil nos abriu a porta.

Chegamos no dia 23-Maio-1957, há portanto 52 anos.

Parte da família foi para França. Parte foi para Australia. Outra para o Canadá. Teve uma prima que foi para Malta. Outros foram para Inglaterra e e com exceção de dois primos, não se adpataram e mudaram-se depois de uns 2 anos, para o Brasil. No fim, a grande maioria da família se mudou para cá ... a geração dos avós e dos pais já morreram, alguns primos também.

O Brasil nos recebeu muito bem. Não tivemos nenhum problema de nos adaptarmos. Éramos estrangeiros mal vistos no Egito e embora continuassemos estrangeiros no Brasil, achamos um encanto o calor e o acolhimento de vizinhos, colegas de trabalho, etc ...Aprendemos o idioma com uma facilidade inata para nós que sempre falamos vários idiomas.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Uma mini biografia ...

Recuperado de blog anterior

J´ai plus de souvenirs

Beaudelaire é que dizia :"J´ai plus de souvenirs que si j´avais mil ans."!

Em toda honestidade, sinto um pouco de inveja das pessoas que têm uma facilidade de rememorar coisas de seu passado, e são capazes de tirar de seu baú de lembranças, detalhes que me deixam atônito.

Eu, as vezes, sinto como se tenha tido uma vida quase vazia. As memórias, elas não me voltam ... é como se minha vida fosse feita muito mais de esquecimentos do que de recordações!

Sim, sim, é claro, eu sei as datas e os grandes fatos de minha vida. Mas me faltam as imagens e os sentimentos atrelados a estes fatos. Tenho fotos, sim, mas é quase como assistir a um filme, sobrando aquela sensação de "exterior" por assim dizer, não algo que brota de meu íntimo.Me incomoda um pouco, para dizer a verdade, mas não demais. Amo a vida ... e se minha vida não tem uma grande soma de passado, que fazer? Continuar feliz sem passado, não é?

Tenho impressões difusas, mas nem por isto, menos vivazes. Por exemplo, tinha um amor todo especial pelo meu Colégio, no Egito (Collège Saint Marc). E dele, guardo a lembrança do grande respeito que eu tinha por um professor, Frère Lucien, do qual não consigo reviver nenhum traço, mas do qual recordo ser homem inteligente, íntegro e exigente que nos ensinou uma filosofia de vida impecável que me marcou até hoje e que, em tudo, nos estimulava a nos realizarmos enquanto seres humanos.

Tentei começar a escrever minha autobiografia (como um exercício psicológico) .... apenas para descobrir que era impossível alinhavar as minhas memórias. Neste sentido, eu sei pouca coisa a meu próprio respeito. Podem ser os primórdios do Alzheimer {risos!}, mas lembro de tão poucas coisas específicas a respeito de minha vida.

Da minha infância no Egito. Tem alguns registros escolares, algumas fotos, os relatos da minha mãe (hoje falecida). Mas isto não vale, isto não é memória original própria. Sobram realmente pouquíssimas imagens, algumas sem muito importância, alguns trechos de paredes de uma casa, uma praia, um pesadelo de doença infantil, a vista da janela de uma sala de aula que dava para o mar, a lembrança de alguns amigos mas hoje sem rosto e até sem nome, coisas assim.

A viagem de navio para o Brasil, os primeiros anos no Brasil praticamente apagados. Cenas esparsas, algum ou outro amigo ou colega de trabalho ou de faculdade.

Dos primeiros anos de casamento sobrou aquela sensação de muito trabalho e do estudo noturno, e da estafa permanente e o invariável estresse para equilibrar o orçamento.

Meus filhos nasceram em 1966 e 1968, anos conturbados da nossa mocidade .... mas estranhamente não consigo ligar as duas séries de coisas, a minha vida pessoal e os distúbios políticos, como se tivessem acontecido em planetas ou séculos separados.

Lembro bem de meu primeiro apartamento .... mas a casa que comprei em seguida e na qual moramos 4 anos, sumiu completamente. Passando na frente dela, ela é uma perfeita estranha, que não toca nenhuma campainha!

Viagens fiz, de que não lembro nada e olhando a foto, só posso ficar perplexo de eu estar posando na frente de um monumento ou coisa assim. Sim, lembro de coisas, como carros, de algumas viagens, de alguns poucos episódios, de alguns amigos específicos .... mas muito, muito mesmo, simplesmente desapareceu ... é como se nunca tivesse acontecido. Mas certas coisas, banais mas poderosas, voltam .... como por exemplo, o cheirinho gostoso da madeira entalhando no pirogravo.

Hoje, a rigor, minha biografia, consistiria das coisas que penso ou sinto, muito mais do que os eventos que aconteceram comigo. Não que considero minha vida extremamente banal, tenho afortunadamente uma boa vida, mas minha vida "interna" parece tomar uma grande precedência sobre o dia-a-dia, as viagens, as festas, os eventos ...

Um evento que me marcou e que me retorna claramente ... quando era moço (fim da adolescência), escrevia bastante, havia pelo menos um caderno cheio que, um dia, num arroubo de revolta contra a vida que exigia de mim eficiência e dedicação às banalidades necessárias à sobrevivência, joguei fora. Junto com meus desenhos e pinturas que ninguém parecia apreciar, meus discos que ninguém entendia, meus livros que falavam de coisas que "não tinham rendimento econômico imediato", etc ... Junto com este jogar fora, apaguei também as memórias daquela época e por mais que faça esforço, muito pouco volta.

Foi bom por um lado, acabei me direcionando para o estudo universitário, uma carreira na indústria, um casamento sensato ... e como conseqüência, hoje tenho uma vida cômoda.

Mas joguei fora muito de minha espontaneidade, meu eu legítimo e natural, e me enquadrei em um "papel" necessário numa vida, racional, eficiente, mas talvez não totalmente marcante para se lembrar.

Felizmente que, em minha aposentadoria, consegui ressuscitar parte deste "adolescente" constrangido e hoje, faço escultura, leio sobre psicologia e religião, e escrevo. Nada que renda dinheiro mas que me faz me sentir gente. E feliz.

sexta-feira, 8 de maio de 2009



O motivo de minha ausência .... Na segunda-feira, chegou minha filha de volta para o Brasil depois de 4 anos na França. Veio com o marido e o meu lindo e graciosíssimo netinho Matteo, de dois anos e três meses, para se estabelecerem aqui em São Paulo.

Estão conosco enquanto procuram apartamento, carro, celular, etc ...

Matteo já é bilingue e é possuidor de uma energia ímpar, cheio de vida e de carinho para com todo mundo

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