segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Individualidade humana

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Diz o dicionário que indivíduo é "o exemplar de uma espécie qualquer, que constitui uma unidade distinta.". Bom, não resta dúvida que, nós humanos, somos unidades distintas, pelo menos, no sentido físico-espacial, sendo seres patentemente separados e desconectados depois de cortado o cordão umbelical.

Mas partilhamos um monte de coisas.

Consideramos inicialmente nossa estrutura física : ela é igual para todos (salvo deficiências, doenças ou acidentes). Todos temos um sistema ósseo-muscular, um sistema respiratório, um sistema digestivo, um sistema circulatório, um sistema nervoso-sensorial , um sistema glandular-hormonal, etc ...

Nossas diferenças físicas são apenas "pontuais" : altura, peso, cores, coisas assim, muito superficiais, porque nossa estrutura de base é a mesma. Fomos treinados para reconhecer os indivíduos à nossa volta e estas pequenas diferenças nos são muito úteis, mesmo porque em um universo reduzido, as combinações possíveis destas gamas de diferenças são limitadas o suficiente para não haver repetições significativas.

Mas quando falamos nos 6,7 bilhões de indivíduos vivos (ou nos 100 bilhões que já povoaram a terra), as combinações são tão altas, mas tão altas que é quase impossível afirmar que haja realmente "diferenças".

O fato é que somos muito mais parecidos do que diferentes. É o que afirmam os cientistas que tem estudado nosso genoma. E não vou discutir com eles ...

Se sairmos da área física, então, a coisa fica muito mais pronunciada.

Na área mental, por exemplo, existem desníveis patentes de QI entre indivíduos, mas é uma questão de grau, não de natureza. Dois homens sãos, raciocinam exatamente igual sobre o mesmo problema, independente de época, região ou raça. Há filósofos que afirmam até que, a rigor, nós humanos sequer pensamos, mas apenas colhemos idéias do Mundo-de-Pensamento. Ou seja a inteligência dos homens é igual para todos, apenas o acesso não é mesmo.

Na área emocional, tambem, é difícil imaginar que um ser humano possa sentir uma emoção (raiva, vaidade, prazer ...) ou sentimento (orgulho, honra, amor...) que outro homem não tenha sentido.

Haverá indivíduos mais sensíveis como os artistas, e os condicionamentos sociais (religiosos, culturais, políticos ...) têem um inegável influência sobre a manifestação das emoções e dos sentimentos... mas a gama de sentimentos está inteirinha lá para todos!!

Há religiosos que dizem que somos apenas "células de um Grande Corpo Místico". Em termos de hoje, poderíamos dizer que somos meros terminais de um Computador Central, partilhando a mesma rede e os mesmos softwares.

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O que é, então, um indivíduo, um ser humano individual? Uma ilusão do nosso ego que tem a consciência por função? Ego que nos diz que somos um indivíduo apenas para nos diferenciar de nosso vizinho e possibilitar a vida em sociedade de forma pragmática?
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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O mistério dos grandes números

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Somos atualmente em torno de 6,7 bilhões de seres humanos neste planeta. É um bocado de gente.

Difícil, praticamente impossível de aquilatar. Amigos íntimos e parentes, a maioria de nós, temos até varias dezenas. Conhecidos, quando muito, talvez algumas poucas centenas.

Para quem mora em cidades grandes, e vê condomínios imponentes, pode calcular os seus moradores aos milhares! Olhando pela janela, podemos ver centenas/milhares de prédios, estimo dezenas ou quiçá centenas de milhares de pessoas à nossa volta. Andando na rua. Carros passando o dia inteiro. Fazendo compras em lojas, shoppings, indo a escolas, ao trabalho, a academias e clubes, etc. ...

Pessoas com suas vidas, suas famílias, seus problemas, suas alegrias, seus anseios, seus planos. Seres humanos, não resta dúvida ... mas sem rostos, sem nenhuma identificação.

Alem de meu bairro, todos os outros bairros de minha cidade. Alem de minha cidade, quantas cidades, pequenas e grandes. Quantos países, quantas paragens neste mundo. Pessoas de tudo quanto é raça e cultura, homens do campo e da cidade, gente que mora nas selvas, nas estepes geladas ou nos desertos.

Umas estimativas feitas por demógrafos parecem indicar que o número total de humanos que já viveram neste planeta é em torno de 100 bilhões! A acreditar na metempsicose, claramente este não é o número de almas humanas, pois cada alma re-encarna várias vezes. Este número de seres humanos, encarnados ou desencarnados, mesmo bastante reduzido, ainda é bastante impressionante.

Seja lá como for, éramos 3 bilhões em 1959, e dobramos para 6 até 1999. E continuamos crescendo. De onde tem vindo tantas almas novas?
 

quarta-feira, 12 de agosto de 2009


"Nesse ponto (da vida) ... nada mais acontece ... a não ser dentro de nossas próprias cabeças ..."
Eric Hobsbawm em Tempos Interessantes

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Tenho uma característica de pensar e refletir muito melhor quando escrevo. Possivelmente por ter mais tempo de construir meu pensamento e sentir-lhe a veracidade.. Creio que se poderia concluir que o meu pensar é devagar ... assim como o meu gosto por música (se tiver muitas notas, muitos instrumentos ou muita rapidez ... me perco!).

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Não que não consiga sustentar uma discussão verbal .... afinal fui um executivo de multinacional e operava em uma área que exigia constantes e seguidas negociações com parceiros de negócios.
É certamente uma limitação .... eu reconheço que não sou nenhum Aristóteles e não adoto o método improvisado de filosofia verbal enquanto passeio .... em todo caso, gosto de pensar e refletir. E escrever é como me sinto confortável com isto pois só assim, consigo alguma profundidade e segurança

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Reconheço que o que escrevo é meio pomposo e não pode agradar a grande maioria, e certamente não ganharia nenhum prêmio de popularidade, se posto em livro. A começar, que exige que a pessoa pense .... e isto muitos poucos gostam de fazer ... O povão quer coisas light, piadas ... ou então, esperanças enlatadas à la Paulo Coelho ou Lair Ribeiro.


Falar é para outras coisas.
E não, não falo do modo que escrevo ... Deus me livre! Sou um pouquinho mais espontâneo .... mas falar, assim mesmo, não é meu forte. Não sou muito de papo furado ou de jogar conversa fora. Quer dizer, eu tenho um limite de papo-furado, aí me entendio, e fico observando o grupo, meio de fora, como se não fosse comigo, entre enfastiado e admirado que se possa gastar tanta energia com tão pouco conteúdo. Em especial, não tenho nenhuma paciência sobre papo de futebol.
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É verdade que gosto de ficar sozinho de vez em quando, mas isto não é um problema, é uma característica. É uma forma de me recarregar. Sou, sim, uma pessoa um tanto reservada - alguns diriam, introvertida – mas, definitivamente, não sou anti-sociável.
Gosto de meus amigos e não fujo deles. Mas gosto, de vez em quando, de minha "sozinhez.". (Sozinhez é apenas estar sozinho, diferente de solidão que é estado emocional de estar querendo o outro e não o ter!) Eu não curto solidão, como também não curto de doenças.

Minha solidão maior é a falta de diálogo inteligente, sobre as coisas da Vida e do Espírito. A maioria das pessoas só falam de futebol, novela, fofoca, crise econômica, falta de segurança, corrupção política e assemelhados ... A leitura supre uma boa parte desta necessidade que vejo que pouquíssimas pessoas tem : as vezes, me sinto tremendamente deslocado, e até certo ponto, inadequado para este mundo em que vivemos! Em tempos de abundantes mediocridades, sinto-me um peixe fora d’água, gostando de arte, leitura, filosofia, psicologia e religiosidade : tenho que lutar inclusive contra meus próprios condicionamentos ... mas levo um mínimo de vantagem eis que me dou relativa conta do que acontece ao contrário de muitas pessoas.
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Mas assim mesmo, um livro ainda é um objeto inanimado e frio. Certamente, me põe em contato com seres humanos e seu pensamento, mas falta o calor do toque, o brilho nos olhos, a cumplicidade!
 
Li recentemente uma frase de Herman Hesse que me chamou a atenção : "Passe algum tempo em solidão." Creio que para mim, o contrário seria hoje muito mais importante : passar algum tempo em intimidade com alguém. E não estou usando nenhum eufemismo para me referir a um relacionamento sexual, apenas à necessidade de comunhão em pensamento, àquela cumplicidade de enfoque de vida que faz tanta falta ...
Gosto muito de pessoas inteligentes. Embora a inteligência não é a melhor qualidade do ser humano (mas sim a compaixão), tenho uma predileção legítima por pessoas que sejam capazes de expressar seu pensamento de forma clara e ágil. E ainda melhor se for de maneira jovial e bem humorada.
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Em suma, sou fechado? ... É, talvez um pouquinho, mas certamente não tanto quanto eu fui quando era mais jovem. A medida que fui amadurecendo, descobri que os outros tem defeitos muito parecidos com os meus .... aprendi a ser leniente comigo e com os outros! Isto me reconciliou com os meus irmãos de humanidade (e comigo mesmo) e perdi um pouco de minha timidez ... e até que, quando me empolgo, é difícil de me fazer parar de falar.
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terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Temor da Testemunha

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Há alguns atras, (quando ainda morava em uma casa térrea), batem à porta testemunhas de Jeová, decidi ouvir mas lá pelas tantas, já estava ficando monótono, e estava, polidamente, disposto a dispensá-los.

E foi, neste momento, que o moço falou qualquer coisa assim. "Você precisa temer a Deus", com aquela ênfase que se pode imaginar, quase gritando comigo, como se fosse uma reprimenda. Aí, eu respondi : "Você não acabou de me dizer que Deus é Amor Infinito, que tudo perdoa. Então, porque eu, que tento cumprir meu dever honestamente e que Ele sabe, já que Ele sabe tudo, porque deveria temê-Lo? Não deveria, ao contrário, ter plena confiança na sua Bondade e me abandonar em Suas Mãos, sem medo e sem temor?".

Era preciso ver a cara do moço. Ele parou lá mesmo, fechou sua Bíblia e foi-se embora, mal esboçando um cumprimento entre os dentes.

O problema todo, como soi acontecer, está nas palavras. Temor, em português, significa algo muito próximo a mêdo. O que não me dei conta, na hora, era em que sentido as testemunhas usam a palavra temor.

As testemunhas são de origem norte-americana. Em inglês, existe a palavra AWE que não traduz bem em português, é um tão profundo respeito que chega a abalar nossa emocionalidade e nos deixa sentir tão pequenos e indefesos diante da grandeza espiritual que se abre as vezes para nós humanos. Não é medo, nem temor, ... mas apenas a tradução que mais se usa.

Eu não lembrei na ocasião ... mas devo ter encucado o moço ... ou então, ele me considerou um caso incurável de falta de fé!
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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

HD na TV

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Existe uma música de Charles Aznavour que diz : "La misère est moins pénible au soleil". Ou seja "a miséria é menos penosa ao sol". Uma crença e uma distorção lamentável dos países desenvolvidos de que a miséria não pode ser tão difícil assim nos paradisíacos climas tropicais!!!

Mas o que isto tem a ver com alta definição na televisão?

Simples, será que uma imagem perfeita torna menos penosa ou inócua a banalidade e descultura que grassam em nossas TVs?
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domingo, 2 de agosto de 2009

Marketing espiritual ...

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Em um dos seus textos, Osho cita um autor de best-seller, destes de auto-ajuda e diz : " ... é um homem de negócios ... seu livro é um sucesso mundial porque quem quiser obter (...) acabará encontrando (no seu livro)"

Osho, certamente é reu de suas própias palavras : pode-se dizer o mesmo dele. Ele era um homem que respeitava o dinheiro e respeitava os que conseguiam "fazer" dinheiro. E seus discursos tem bem a característica da "indústria cultural", oferecer ao público aquilo que o público quer ouvir.

Frequentemente, se contradiz ... e tem o hábito de sempre e invariavelmente contestar ...

Mas, pelo sim, pelo não, vale a pena ler seus livros. Tem que tomar o cuidado de não acreditar piamente em tudo que ele diz ... mas ele tem uma qualidade fantástica de obrigar você a pensar ... .
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sábado, 1 de agosto de 2009

Whereto?

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Para onde daqui? Para onde de agora?

Diz o Osho, "Não há muito tempo, você não tem muito tempo. Não diga amanhã - o amanhã é uma miragem. Não deixe nada para depois : o momento é agora."

Mas, ora bolas, não estou satisfeito com meu agora. E agora?
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