quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Excertos da Cor do Invisível...

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Minha homenagem a Mario Quintana
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"Quando abro cada manhã a janela de meu quarto
É como se abrisse o mesmo livro
Numa página nova ..."
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"Como é que tens de súbito esta serenidade
...
Deve ser destas sementes de beleza
de versos que leste e nem te lembras
de telas, de estátuas que viste
de um sorriso esquecido"
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Só vejo de bom, só vejo de puro
este céu que avisto de minha janela
e assim, querida
eu te mando este céu
e aquela nuvenzinha
que está sonhando, agora, em pleno azul
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São os passos que fazem os caminhos
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O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono ...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem passa por ele indiferente"
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Essas coisas que parece
não terem beleza
nenhuma
é simplesmente porque
não houve nunca quem lhes desse ao menos
um segundo
olhar
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... são muito mais belas porque são amadas!
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Paz : os caminhos estão descansando
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Aeromoças ... não!
Devem ser aeroanjos ...
pois não nos atendem em pleno Céu?!
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Quem ama, inventa as coisas a que ama
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o rabo do olho no rabo de saia
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Sou tão antigo e tão novo
como a luz de cada dia
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Decididamente, o meu reino não é deste mundo!
Nem do outro ...
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Não sei dançar
minha maneira de dançar é o poema
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O tempo é uma invenção da morte
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Toda a tristeza dos rios
é não poderem parar
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Há na vida tanta coisa
tanta coisa e um só olhar
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Minha vida é uma colcha de retalhos
todos da mesma cor ...
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Mario Quintana

No meu aniversário, ganhei um presente precioso. Dois livros de Mário Quintana.

Um, "A Cor do Invisível". O outro, "A Preguiça como Método de Trabalho".

Um homem muito inteligente, sagaz e as vezes, bastante mordaz. Que consegue lirismo com sua inteligência, e seu vocabulário de coisas simples, coisa rara!

Vale a pena ler!! Recomendo a todos.

Personalidade estranha, o Mário. Nunca casou, não teve filhos, viveu a maior parte de sua vida em hotéis!! Nninguem lhe refere qualquer paixão amorosa, nem nestes dois livros ele se refere a alguma amada. Ou escreveu um poema de amor. A não ser para sua poesia. Com tudo isto, não tem nenhum traço em seus escritos de tristeza ou decepção!!

Vou transcrever um trecho à atenção da nossa amiga Nice que não escreve há 6 semanas.

"Não importa o enredo das histórias, o que vale é o êxtase de quem escuta" (pg. 75 Preguiça)

Nice, não deixe fenecer o nosso êxtase!!!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Mais um exemplo de Retórica do Amor



Eu sou aquilo que vejo refletido nos seus olhos.

Provérbio zulu


P.S. Sabedoria inesperada de outro provérbio zulu :
Eu não posso ouvir o que você está me dizendo,
porque você está gritando comigo.



Um exemplo de Retórica do Amor



Quanto mais fecho os olhos,
melhor (te) vejo...
Meu dia é noite quando estás ausente...
E à noite eu vejo o sol
se estás presente...

Shakespeare


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Retórica do Amor

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A retórica é a arte do bem falar; mas em sentido mais estrito é a arte de usar a linguagem para se comunicar de forma eficaz e persuasiva. A persuasão, em referencia, é considerada ao nível do racional, do emocional e da ética.

Inicialmente, a retórica se aplicava ao discurso político falado, embora, na minha opinião, a finalidade da política é o discurso eficientemente vazio! Mas com o tempo, a retórica foi se ampliando aos diversos setores da vida humana.

Considera-se, geralmente, a "retórica do amor" como sendo o recurso linguistico usado por quem quer fazer a corte, e quer conquistar ou seduzir. Definida assim, parece algo mais afeto a "manobras" do que propriamente algo espontâneo no relacionamento dos amantes. Neste sentido, uma "cantada" se enquadraria dentro da retórica.

Prefiro me ater a algo bem mais simples que é o valor do discurso íntimo dos amantes, o "oaristo" dos antigos. A troca de palavras doces e de carinho, as promessas, as juras, os anseios, os planos do futuro, etc ... que funcionam de forma poderosa na erotização do processo amoroso.

E às quais as mulheres são particularmente sensíveis, bem mais do que os homens. Basta ver a importância que as mulheres dão a "discutir a relação", coisa de que a maioria dos homens não é grande adepta.

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P.S. Retórica é diferente de dialética. A dialética é, segundo alguns dicionários, é a arte de raciocinar com método, embora, mais precisamente é o método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de idéias, o que, francamente, não me esclarece nada pois não consigo entender como se pode montar um método com contradições. A dialética marxista, então, é que me confunde de vez, afirmando que a dialética é a estrutura contraditória da realidade.
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domingo, 7 de novembro de 2010

Lobo uivando




Uma vez me perguntaram com que animal eu mais me identificava.

Um lobo, foi a minha resposta instantânea. Assim sem pensar!

A imagem mais comum que a maioria tem - e da qual eu também partilhava - era de um ser uivando em noite de lua cheia.

Parece que é apenas um mito. Os lobos não uivam para a lua. Apenas são mais visíveis em noites de lua cheia.

São animais caçadores e uivam mais freqüentemente à noite, é verdade. Mas uivam com lua cheia ou sem ela. Uivam para juntar a matilha pois caçam em grupo.

Ou seja, são animais que não vivem propriamente em grandes bandos, são de fato até um tanto solitários, fieis e carinhosos com sua parceira e sua cria. São animais inteligentes que sabem se organizar e sabem do valor gregário. E uivam para se chamarem e ficarem juntos.


Adenda :

1. The pack, the basic unit of wolf social life, is usually a family group. It is made up of animals related to each other by blood and family ties of affection and mutual aid.

The core of a pack is a mated pair of wolves - an adult male and female that have bred and produced young.

The other members of the pack are their offspring: young wolves ranging in age from pups to two and three-year-olds.

2. his greatest impression of wolf social life was how friendly they were with each other.

3. Para os nativos americanos, o lobo é um símbolo espiritual poderoso. Eles são considerados como professores "descobridores de trilhas".

Os índios respeitavam a bravura do lobo como caçador, sua determinação, e a maneira como ele se movia silenciosamente pela paisagem. Eles ficavam emocionados com seu uivo, o qual eles algumas vezes consideravam como uma conversa com o mundo espiritual. O lobo aparece em muitas lendas como um mensageiro, um viajante de longa distância e um guia para qualquer um que esteja buscando o mundo espiritual. Ele era o presságio de novas idéias que retornavam ao clã para ensinar e compartilhar a medicina.


O lobo é o grande professor. O lobo é o sábio, que após muitos invernos no caminho sagrado e buscando os caminhos da sabedoria, retorna para compartilhar seu conhecimento com a tribo. O lobo é tanto o radical quanto o tradicional na mesma respiração. Quando um lobo caminhar até você, você se lembrará.


Os mais velhos nos contam estórias sobre nosso início e de um tempo quando o ser humano apareceu na Terra. Foi o lobo que ensinou aos humanos os caminhos de viver em harmonia. Foi o lobo que nos ensinou como criar a comunidade sobre a Terra, pois os lobos têm um conhecimento intuitivo da ordem no meio do caos e eles possuem a habilidade para sobreviver à mudança, intactos.


Quando um lobo se aproxima de você, a própria presença do lobo reacenderá antigas memórias dentro de sua alma. Através do atrito da experiência você reacende as fogueiras individuais da alma interior e questiona as manifestações da sua própria consciência. Você pode possuir uma coisa somente quando você vier a possuir a experiência emocional dela, e perceber a responsabilidade por sua criação. Então você estará livre para continuar. A medicina do lobo pode fazer você completo.


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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Septuagenário (Sobrevida)


Dentro de pouco, vou completar 70 anos

Dizer que não afeta nada, que é irrelevante ou que a idade é uma questão apenas de cabeça, é pura conversa mole.

É uma fase da vida que assinala um marco e que vem acompanhada de uma grande mudança.

Uma espécie de adolescência ao contrário, como já bem disse Mário Prata. As pessoas a recebem de formas variadas. Uns entram em depressão, outros ficam em permanente irritação ou revolta, outros ainda, apenas e simplesmente, se apagam em uma apatia generalizada.

O fato é que a expectativa de sobrevida fica reduzida e a gente vê a nossa volta, cada vez mais, partirem parentes, amigos, pessoas afamadas ou ídolos de nossa juventude.

O sentimento da partida fica cada vez mais próximo, com a sensação de iminência nos acompanhando no dia-a-dia.

Mesmo que não haja medo ou pânico. Mesmo que a gente reflita que se possa ainda viver 10, 15 ou 20 anos.

Afinal, 15 anos ainda seriam mais de um quinto de nossa vida. E não é pouco! São quase 5500 dias!! Dá para fazer muita coisa em 5500 dias.

Li, há pouco tempo um livro sobre a característica dos septênios em nossa vida. É muito interessante a observação das mudanças que acontecem aos 7 anos, aos 14, aos 21 e assim por diante. Mas a autora indica que a "vida" de uma certa maneira se encerra após o nono septênio (63 anos), sendo o resto dado como uma sobrevida de lambugem. Chegando a afirmar que a Lei do Karma cessaria de funcionar.

Sinceramente, não entendi o enfoque da autora. Minha experiência pessoal é que a fase dos 63 aos 70 anos, foi uma fase real - e significativa - de minha vida.

Perdi ilusões sobre a importância do trabalho e da carreira. Assim como sobre a posse de alguns bens materiais, como um carro novo a cada ano. Percebi claramente alguma perda na eficiência de algumas funções vitais, como a memória ou o vigor muscular ... em compensação, ganhei "companheiros" como tendinites, artroses e outros achaques.

Mas continuo vivo.

Guardo um raciocínio ainda bem claro, uma auto-discernimento intenso e um sentimento real sobre o valor da beleza e da realização humana. Sou capaz de curtir minha vida de pensamento e de sentir e me apaixonar, até com mais ênfase, do que sentia nos anos em que estava sob o ônus das tarefas rotineiras do ganha-pão. Gosto de ler, esculpir, jogar tênis (e de uma cerveja depois do tênis). Curto viajar, comida refinada e boa música, e gosto de fazer isto na companhia de amigos.

Continuo não apreciando algumas coisas como barulho excessivo, rock, corrida de carros e futebol. Com a diferença que hoje aceito o meu jeito de ser e estas minhas idiossincracias, e as admito como um traço natural de minha identidade.

Continuo revoltado contra a violência crescente, contra a banalidade que permeia nossa vida moderna e contra a ganância política.

Continuo vivo!! Não sei o que a próxima década reserva para mim, mas estou entrando nela, vivo e com vontade de viver. Não apenas como uma "sobrevida", mas como uma fase em que devo realizar. E me realizar.





terça-feira, 28 de setembro de 2010

As dimensões da Arte

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Não, não vou falar das dimensões sócio-culturais (e até políticas) que se atribuem à Arte. Isto foi feito ad-nauseam.

Vou falar de algo muito mais básico : as dimensões básicas da Natureza.

São 4, três espaciais e uma temporal.

Pintura tem duas. Escultura tem três. E são absolutamente estáticas e instântaneas. Não transcorrem no tempo, embora frequentemente o sugerem ou evocam. Necessário apenas para confeccioná-las!

A música, assim como o canto, tem apenas uma. Faz parte da família das artes performáticas.

A rigor, o teatro e o cinema tambem. Embora, se reconhecem duas espaciais no cinema e três no teatro, elas são apenas aparentes. Dizer que o cinema não tem relevo é um tanto falso, uma vez que o movimento cria a sensação virtual de profundidade. Seria quase como dizer que teatro e cinema tem 4 dimensões.

A dança tem 4 dimensões. A ocupação do espaço pelos corpos em movimento é complementada por um transcurso no tempo, ditado pela música.

A literatura é tambem uma arte de uma dimensão. Ao contrário das artes performáticas tradicionais, a performance é executada pelo próprio espectador (leitor)!

Tem arte como poesia que, ora é leitura, ora é teatro.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Alexandrie ... um capítulo de minha vida

Georges Moustaki, foi cantor em francês pouco conhecido por aqui, mas que fez um certo sucesso na França nos idos de 50-60. Foi amante de Edith Piaf, para quem compos Milord que o foi o primeiro sucesso dela. Uma das músicas menos conhecidas dele é "Alexandrie"

O que tem Moustaki comigo?

Justamente esta música. GeorgesMoustaki era um "grego" do Egito, assim como Omar Shariff era um "libanês" do Egito. E assim como eu sou um "italiano" do Egito.

Nasceu e viveu em Alexandria antes de ir para a França. E eu, vivi em Alexandria dos 2 aos 17 anos, que foi toda minha vida no Egito antes de vir para o Brasil. E por sinal, Georges, cujo nome real era Joseph, como o meu, estudou no mesmo Colégio (lycée) onde estudei. Alguns anos antes, claro, ele é um pouco mais velho.

"Alexandrie" é uma música que canta a saudade de nossa terra.

Pode se ouví-la no YouTube com

http://www.youtube.com/watch?v=yOEqeZlW6Oc

A letra para voces



Eu lhes canto minha saudade

Minhas lembranças não envelheceram

Ainda tenho o “mal do país”

Já são mais de (cinquenta e tres) anos
Que vivo distante de onde nasci
Vinte e cinco invernos em que remôo

Na minha memória ainda comovida
Os perfumes, os odores e os gritos
Da cidade de Alexandria
O sol que queimava as ruas
Onde a minha infância desapareceu

O canto da oração às cinco horas
A paz que me subia ao coração
A cebola crua com o prato de favas
Que nos pareciam um banquete de sonho

O narguilé (cachimbo de água) nos cafés
E o tempo de filosofar
Com os velhos, os loucos, os sábios
E os estrangeiros de passagem
Árabes, Gregos, Judeus, Italianos,
Todos bons mediterrânicos,
Todos companheiros do mesmo bordo

Quero cantar para todos os que
Não me chamavam (Turini)
Mas me chamavam Joseph
Era mais suave, era mais curto

Amigos das ruas ou do liceu
Amigos do lindo tempo que passou
Aprendia-se a beijar
Nunca sabia-se o bastante
Tudo isto faz quase uma eternidade
Que a minha infância me abandonou

Ela retorna como um fantasma
E me traz de volta ao seu reino
Como se não nada tivesse mudado
E que o tempo tivesse congelado

Me perdoem se eu devaneio
Para curar da minha nostalgia


Vocês me compreenderão, tenho certeza

Cada um de nós tem a sua ferida
O seu canto de paraíso perdido
O seu pequeno jardim proibido

O meu chama-se Alexandria
E é ali, bem distante de onde estou

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Alguns exemplos de preceitos oclocráticos

Os excertos em negritos são da obra do Augusto Cury.

Retirados do contexto, podem apresentar conotações diferentes do original.

Os discípulos chamados são tipos desvairados, excêntricos, complexos e confusos. Pg11

É verdade que tipos desvairados, excêntricos e confusos são seres humanos. E, indiscutivelmente, devem ser tratados como tais. Contudo, convenhamos que os tipos desvairados, excêntricos e confusos não são o ideal do Ser Humano. E não devem ler levados ao patamar de Modelos.

Uma sociedade que despreza a massa de humanos e promove celebridades é emocionalmente (...) doente. Pg22

Absolutamente correto e justo. Mas não é elevando a cultura de massa a paradigma que vai se consertar o problema. Ao contrário, sabe-se que a massa é altamente sensível aos estímulos do dinheiro, poder e fama. E endeusa e adora celebridades.

Os intelectuais (...) são uns imbecis. Pg29

Nem todos os intelectuais são luminares. Mas isto não significa que a falta de cultura e educação é um sinal de sanidade ou sabedoria.

O circo e a sala de aula (ficam) na mesma plataforma. Pg40

Muita gente defende que os programas de auditório são educativos. Mas o circo, a TV, etc não tem nenhuma vocação para a “formação”. São apenas instrumentos para ganhar dinheiro, dando ao povo o que ele quer ver. Não ficam na mesma plataforma que uma sala de aula, por mais ineficiente que ela possa ser!

O homem nasce neutro e o sistema social educa ou realça seus instintos, liberta seu psiquismo. Pg73

Esta releitura de Rousseau é patética e só pode ter saído da mente de um pseudo-socialista totalmente iludido. A sociedade não é um ser como tal, é uma construção mental para designar uma entidade amorfa que não tem Vida, e certamente não se propõe educar os homens!

Os jornais livres e independentes representam na atualidade a maior fonte de nutrição intelectual para a mente humana. Pg121

É muito otimismo acreditar nesta magnanimidade de um veículo da chamada “indústria cultural”. Os jornais, como a TV e o circo, só estão interessados em fazer lucro. Vão dar ao seu público aquilo que ele mais gosta, sensacionalismo barato, fofocas, apelos sexuais, enfim material facilmente digerível e não material intelectual de primeira linha que é indigesto para o grande público e o obriga a pensar. Com o agravante de ter uma preocupação econômica fundamental qual seja de obter noticiários a baixo custo.

É a vez dos desprestigiados, dos miseráveis, dos manés. Façamos um levantamento na sociedade para mostrar nossa magnitude. Pg123/124

Não resta dúvida que os miseráveis nascem condenados a tal. Não é culpa deles e é preciso reconhecer que é muito difícil sair desta condição. Contudo, ser miserável não é uma qualidade, nem representa uma superioridade moral, mental ou cultural. Infelizmente, são numerosos, mas nem por isto justificam ter a liderança.

Muitos jovens seguem tendências ao vestir, falar e se comportar. Não são independentes. Ser diferente do grupo gera angústia. (E ...) odeiam quem não se enquadra no míope mundo dos seus preconceitos. Pg129

Os condicionamentos sociais são uma limitação muito forte ao desenvolvimento do indivíduo.

domingo, 15 de agosto de 2010

Os últimos livros

No dia do pais, ganhei dois livros.

Um "Doutor Pasavento", do Enrique Vila-Matas.
Outro "A Revolução dos Anônimos" do Augusto Cury.

Uma certa coincidência involuntária. O primeiro é sobre um escritor que quer "desaparecer" ou seja se tornar anônimo.

Folheei o "Doutor Pasavento" e achei muitíssimo deprimente. Muito bem escrito, mas o autor fica remoendo qual a melhor forma de desaparecer. Sumir para um lugar longíquo, mudar de identidade, mudar de profissão, se passar por louco. Suponho que tenha considerado o suicídio, mas não cheguei a folhear o suficiente para tanto ...

Troquei o livro por "Comer, Rezar, Amar".

Tenho um infeliz histórico com livros de "primeiro lugar". A começar com o "O Código da Vinci" que parece ter sido escrito como um roteiro de filme de aventuras para cinema.

Mas este "Comer, Rezar, Amar" está me encantando. Completei o primeiro terço, sobre a Itália. E só isto me permite recomendá-lo para quem gosta de um livro humano e instigador.

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Estou lendo em paralelo o segundo (do Cury). Tambem muito bem escrito ... mas absolutamente sem emoção. Um monte de idéias, meio esparramadas, no meio de eventos meio incomuns (para não falar meio loucos). Ainda não acabei.

Mas apesar do linguajar meio sofisticado do livro, o autor parece que está querendo vender a idéia que se trata de pensamentos do "povo". Até onde cheguei, definitivamente não são!!

Nada do que é mostrado no livro é cultura popular, parece mais uma litania queixosa dos males sociais, bem ao sabor dos metidos a socialistas.

Do tipo que defendem uma forma extremada de democracia que Osho cognominou apropriadamente de "oclocracia" ou seja domínio da plebe ou da ralé.

Não nego que existam pessoas pensantes, inteligentes e sensíveis no meio do chamado zé povinho. Eu já testemunhei pessoalmente exemplos evidentes de bastante sabedoria. O que não se pode fazer é partir daí e dizer que a cultura popular é senhora absoluta de sabedoria. A cultura popular é repositório de tradições, hábitos e condicionamentos sociais. É algo que contem o elemento "passado" em uma quantidade excessiva.

Não é cultura de ponta, aquela que mostra o Caminho do Progresso para a Raça Humana.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pedir desculpas?

Love means never having to say you´re sorry.
Do filme "Love Story".

Amar significa que nunca tenha que pedir desculpas. Assim dizia a chamada do filme que fez um sucessão quando de seu lançamento há uns 40 anos atras (como passa o tempo!!)

À primeira vista, parece coisa muito profunda e necessária. Mas pensemos um pouquinho : quem é tão perfeito, quem terá condições de ter um amor tão abrangente em sua personalidade que não lhe deixa ter nenhum deslize com o objeto de seu amor?

Conheço algumas pessoas que nunca pedem desculpas. Mais do que pessoas amorosas, me transmitem a impressão de serem pessoas arrogantes. Alias, uma delas me afirmou explicitamente que pedir desculpas é uma "fraqueza de caráter" (sic)!!

Sim, quem ama de verdade - e pode ter tido um deslize por não ser perfeito e por isto, não conseguir doar um amor perfeito - deve ter a humildade de pedir desculpas

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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Patriotismo e escrete nacional

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Dou-me conta, inicialmente, de que as idéias que aqui vou me permitir dissecar podem estar em confronto com uma certa “sacralidade” ou “intocabilidade” que cercam o conceito do patriotismo.

Patriotismo foi associado, durante muitos séculos, com as idéias de bravura, heroísmo, dever cívico e moral, quase um dever religioso com o apoio incondicional das igrejas.

Indiscutivelmente, algo extremamente pragmático – e impensável de não ser incondicionalmente adotado - em tempos em que os países mantinham guerras praticamente permanentes com seus vizinhos.

Mas, em primeiro lugar, vamos nos perguntar o que é patriotismo.

As definições mais comuns são versões de “amor e devoção à pátria”. Fico muito intrigado com estas definições que pretendem explicar algo, com conceitos mais difíceis ainda.

Pois o que é amor? Algo com uma multitude enorme de conotações. Desde uma conotação de ligação erótica a outra pessoa (antigamente, do sexo oposto) até formas indefinidas de emoção ou sentimento, e variadas formas de afeição e paixão. O amor muda de conceito radicalmente conforme seu objeto : amor familiar (paternal, fraternal); amor à arte, amor pela humanidade, chegando às formas religiosas de caridade e compaixão.

Quase tão complexo é o conceito de pátria.

Era simples na Idade Média. Era o lugar dos nossos pais, onde nascíamos, vivíamos e morreríamos. Um lugar com sua língua e suas tradições, e freqüentemente sua religião. O sentimento de pertinência era bastante preponderante nestas condições.

Hoje, a coisa mudou completamente. Com as correntes migratórias e a miscigenação cultural, as enormes variações locais, e as influências cada vez maiores da globalização tecnológica, é difícil dizer o que é a “terra dos nossos pais”. Um país como Brasil é bem típico. Um pais que sempre adotou o emigrante e que o emigrante sempre adotou.

Mas enfim, o que representa o conceito de pátria para um habitante da megalópole de São Paulo, com uma cultura totalmente amorfa? E como comparar este conceito com regionalismos típicos do gaucho o do nordestino? Ou ainda dos habitantes da selva amazônica ou dos cerrados goianos?

Qualquer tentativa de definir ou ver alguma uniformidade nestes conceitos me parece totalmente vã.

Como estão as coisas, patriotismo hoje se limita a um sentimento difuso de orgulho pela nacionalidade.

A única coisa concreta na definição “amor e devoção à pátria” á a devoção, a dedicação. Que me parece que é o que mais falta hoje ao patriotismo “moderno”. A ação em prol da pátria. Reclamar, muita gente reclama, mas poucos, muitos poucos se dedicam a causas sócio-políticas em prol do progresso da nação e da coletividade.

Este assunto todo surgiu portque em uma das partidas da Copa (antes do Brasil perder), ouvi alguém reclamar de outro que não estava presente : "Este nosso amigo não tem o menor patriotismo. Não dá a mínima se o Brasil perde ou ganha!"

A seleção de futebol não é o Brasil. Nem um símbolo da Pátria. Torcer pela seleção é um ato perfeitamente legítimo dos aficionados pelo esporte. Mas não é uma manifestação de patriotismo.

Confundir "a torcida pela seleção" como sendo uma forma de patriotismo pode ser bastante leviano se a pessoa achar que torcendo pelo escrete nacional, já cumpriu seu dever de patriotismo.

Alias, por falar em escrete "nacional", tambem deve-se dar conta que ela é composta por uma maioria de "ex-patriados", que pode explicar porque o público reclama tanto que os jogadores já não suam tanto a camisa, nem defendem as cores nacionais com mais afinco!!!

domingo, 18 de julho de 2010

Projetos

. Just this once
. The gateways to the skies
. Our final days
. Um tigre entre as gazelas (um gato entre os pombos)
. O mundanismo nas religiões

. Patriotismo e escrete de futebol
. O futebol - uma religião pandemica
. A retórica do amor
. A cultura do passado
. Beyond borders - a cultura universal
. O mal-amado
. Individuo e coletividade

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mais sobre o tempo ...

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Alguns anos atras, eu li um artigo em uma revista esotérica que defendia o ponto que não é o tempo que passa (alias, a revista ia mais longe : dizia que o tempo não existe!) .... mas sim, somos nós que passamos.

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Para dizer a verdade, não sei se entendí certo .... ou se isto faz algum sentido real para mim. Difícil de apreciar. O fato que mesmos os psicólogos modernos como Carl Jung, parecem defender tese semelhante. Ele diz que "o espaço e o tempo consistem em ´nada´. São apenas conceitos nascidos da atividade da consciência e formam as coordenadas indispensáveis para a descrição dos corpos em movimento."

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Então, somos nós que passamos (que estamos em movimento) e portanto criamos, por causa disto, uma consciência de tempo.

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Para dizer a verdade, continuo não tendo muita certeza de que eles estão falando ... {risos}

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Mas a minha observação pessoal é que a intensidade de nossa consciência tem um efeito patente sobre nossa percepção do tempo ... se estivermos vivendo um momento intensamente, com grande concentração ou atividade, então o tempo parece voar. Ou simplesmente, nem parece existir quando fico 3 ou 4 horas esculpindo!! Ou seja, nós é que estamos passando rapidamente.

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Em compensação, quando estamos sem fazer nada, entediados, então, o tempo custa a passar.

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É como estar num trem ... não é a paisagem que passa rapidamente, é o trem!!! Não é a paisagem que está parada, é o trem!!! Não é mesmo?

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Por outro lado, a matemático que vive em mim, remete a um outro fenomemo da relatividade do tempo. Quando eu tinha 5 anos, um ano em minha vida representava 20% da minha existência. Um ano, aos meus 70 anos, representa bem menos de 2%!!! É lógico que passe - ou parece passar - mais depressa!!! Especialmente, se estou aposentado e não faço nada.

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terça-feira, 8 de junho de 2010

As brasas

Acabei de ler este livro escrito por Sándor Márai em húngaro. Apesar da versão em português ser uma tradução da tradução em italiano do original em húngaro, é um livro muito bem escrito. E altamente intrigante.

Trata-se de um longo solilóquio, com pouco enredo e poucos personagens, o que certamente o torna um tanto enfadonho e monótono para o grande público. Mas é um livro intensamente humano.

Alguns excertos :

pg. 15 - As duas vidas fluíam juntas, no mesmo lento ritmo vital {... }. Conheciam-se a fundo {...} mais do que marido e mulher. {...} Nenhuma palavra podia definir a relação entre eles. Não eram irmãos nem amantes. Mas existia algo diferente {...}. Existia uma fraternidade particular que é mais íntima e mais profunda que essa que une os gêmeos no útero materno. A vida mesclara seus dias e suas noites, cada um tinha consciência do corpo e dos sonhos do outro.

pg. 53 - ... e tudo o que significa o amor : desejo, ciúme e um desesperado sentido de solidão.

pg. 75 - Para mim, aquele mundo continua vivo, mesmo se na realidade não existe mais. Está vivo porque jurei fidelidade a ele.

pg. 83 - O homem {...} que entregou sua alma e seu destino à solidão, não acredita em nada. Espera e só.

pg. 93 - ... as palavras não tem importância? {...}. As vezes acho que as palavras, essas que pronunciamos, essas que evitamos dizer, essas que escrevemos {...} têm uma importância imensa, talvez decisiva

pg. 95 - Quem você é? O que {quer} de verdade? O que {sabe} de verdade? A quem e a quê {é} fiel ou infiel? São essas as perguntas capitais. E cada um responde como pode, com sinceridade ou mentindo; mas isto não tem importância. O que importa é que no final cada um responde com a própria vida.

pg. 127 - O que se pode perguntar com as palavras? E quanto vale a resposta que alguém dá com as palavras, em vez de expressá-la com a realidade da prória vida?

pg. 134 - E, assim como as pessoas que pertencem ao mesmo grupo sangüíneo são as únicas que podem doar sangue a quem é vítima de um acidente, assim também um espírito só pode socorrer outro se não for diferente dele, se sua concepção do mundo for a mesma, se entre os dois existir um parentesco espiritual.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Intimidade

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Aceitar a intimidade é um grande risco.

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E como aquela história do boxeador que fecha a guarda para não levar soco ... mas tambem não leva beijo!

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Todos nós fomos educados a não baixar a guarda ... e quando a gente o faz, frequentemente leva soco!

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Então, antes de ter (e dar) intimidade, é preciso ter se elevado a uma fortaleza emocional que aceita a dor e o sofrimento como parte da natureza humana

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Sentir-se bem-vindo

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Recentemente, em um papo, uma amiga, depois de algumas cervejas, questionou o grupo de marmanjos, que estava em grande maioria sobre um reduzido número de mulheres :

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"Mas afinal, o que vocês homens querem de uma mulher?".

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Lógico, no meio de muita gozação, piadinhas, teorias que ninguem levou a sério e, obviamente, insinuações de cunho erótico, a coisa não deu em nada, a não ser umas boas risadas e ... mais cervejas!!

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Mas a pergunta continuou martelando na minha cabeça e levou algum tempo para se fazer a luz, pelo menos para mim.

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É simples, um homem gosta de se sentir bem-vindo junto à mulher que ama.

Sentir-se bem-vindo ao seu convívio, sentir-se bem-vindo ao seu papo, sentir-se bem-vindo a seus afazeres e as suas preocupações, aos seus anseios, sentir-se bem vindo inclusive a sua intimidade e a seu corpo.

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Isto é muito mais importante do que coerências de filosofias de vida, semelhança de educação ou de nível social, partilhar de projeto em comum, gostar das mesmas coisas, apreciar refinadas ou exóticas práticas eróticas, ou poder exibir um belo espécime feminino para os amigos.

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Apenas isto, sentir-se bem-vindo.

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segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Lógica é Suicida

Caos_e_Ordem deixou um comentário em meu post "Razão". Achei mais um fã do Osho.

Osho pode não ter sempre razão. Foi acusado muitas vezes de ter sido um mercenário. E, convenhamos, deixa mesmo esta impressão. Certamente, foi um defensor da riqueza e do enriquecimento. Nunca fez muito segredo disto.

Mas seja lá como for, Osho obriga a pensar. E por isto, gosto dele.

Zecão está certo. O texto dele vale a pena ser lido e meditado.
http://gdaleth.vilabol.uol.com.br/logica.html

Algo que chama a atenção quando a gente compara a natureza da intuição, com a da lógica (raciocínio, intelecto, razão) é o seguinte :

A intuição é "instantanea", concomitante com o objeto. Sempre desconfiamos da intuição e sempre teremos alguma dúvida sobre sua validade., que não podemos "comprovar". A não ser pela fé que tenhamos nela, ou em nós mesmos, no momento.

A lógica, o raciocínio dão a impressão de serem altamente confiáveis, controláveis, reprodutíveis. Nem sempre estarão certos, não tem condições de abarcar assuntos que não sejam "lógicos" .... mas podemos comprovar, repetir e verificar o processo.

O que chama atenção na lógica e no raciocínio é que levam tempo. Sempre. O tempo é um componente essencial da lógica! Não existe tempo na intuição.

Ora, ora, o tempo é o componente essencial da vida desperta como a conhecemos na terra. E o destino do nosso tempo é a Morte.

Portanto, a lógica, em sua naturea, contem um fator certo de Morte.*

Mais um motivo para se dizer que a Lógica é suicida!

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* A idéia não é minha : lí em um livro esotérico cujo autor nãoi recordo no momento.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A prova

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A maior parte das discussões sobre Religião se centra sobre o problema da Fé. Uma coisa tão complicada que, segundo alguns teólogos, não existe Salvação sem Fé!
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Mas, a coisa complica ainda mais, quando alguns teólogos vem a público e afirmam que a Fé é uma Graça concedida por Deus. E que não há nada que se possa fazer a rigor para conseguí-la, nenhum ato meritório, nenhuma vida exemplar, etc ...
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Me soa bastante injusto. E embora não possamos, a priori, atribuir à Divindade, características humanas, fica difícil entender uma "injustiça" deste porte.
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Por outro lado, existe uma esperança para os que não têem uma Fé inata.
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Se abandonarmos, por um instante, o conceito de um Deus pessoal, antropomorfo, o bom velhinho de barbas e cabelos brancos, que me parece altamente improvável (assim como qualquer versão mais moderna como a símpática cozinheira negra da Cabana), não precisamos abandonar a crença em Deus.
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Existe à base de toda a atividade científica (e racional), o princípio da causalidade. Que diz qualquer coisa assim : não existe um efeito sem uma causa. Ou seja : não existe nada que não tenha sido causado por alguma coisa. Desta forma, tudo que existe no mundo, hoje, foi causado por alguma coisa anterior. E esta coisa anterior, por outra anterior. E assim por diante. Até chegarmos, por uma questão de lógica, à alguma coisa que precedeu todas as outras. A Causa Original ou Primordial.
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O problema é que isto aconteceu a muitos éons atras, muito antes do aparecimento dos homens! E fica muito difícil de dizer algo sobre a Natureza desta Causa Primordial. Que provavelmente, não se parecia nem um pouquinho com o tal bom velhinho de barbas e cabelos brancos!!! Falar de características humanas (bondade, justiça, amor) para esta Causa Primordial, é tambem algo bastante temerário.
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Alias, falar qualquer coisa sobre esta Causa Primordial é muito temerário.
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Se não nos sentirmos à vontade sobre o conceito de "Deus", podemos evitar a palavra. E acreditar como muitos filósofos na Causa Primordial. Que não ajuda muita coisa, pois não podemos saber, nem dizer nada, nem sobre um, nem sobre a outra.
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Mas o que acontece é que fica mais fácil para um espírito racional aceitar a existência de uma Causa Primordial. Enquanto que os múltiplos, variados e frequentemente inconsistentes conceitos de Deus, levam a uma natural desconfiança!
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Feita a prova "racional", resta a dúvida do que fazer com ela. E de se dar conta que isto ainda não nos ensina como conduzir nossa vida. Uma hora qualquer vamos ter que apostar sobre o que fazer!
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E rezar para que seja a coisa certa!
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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sou razão ...

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É verdade, sou muito razão. Não sei se a esta altura da vida, posso ainda mudar.

Mas, as vezes, me sinto horrível por ser assim tão "razão". Preferia ser um pouquinho mais burro, mais cego ... e mais feliz.

E sobretudo ser capaz de calar minha "argúcia", de deixar os outros felizes e de não lhes tirar a emoção.

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terça-feira, 13 de abril de 2010

Saudade do meu tempo de religião

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Pois é! Tenho saudade do tempo em que acreditava nas coisas da Igreja. Certamente, era emocionalmente confortador e lembro bem da devoção e sentido de pertinência que sentia na época de adolescência.

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Mas perdi este sentimento, pois comecei a raciocinar e me convenci, ao longo do tempo, que o catolicismo era uma religião dos homens, que como outras igrejas era uma instituição que criou seus próprios dogmas e normas para proteger sua sobrevivência enquanto organização.

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Estamos sendo inundados por uma multitude de igrejas (talvez uma nova forma de Dilúvio!), na maioria das vezes organizações político-teocráticas e assitimos à criação de novos cultos de adoração, como acontece com o futebol ou a oniolatria (neologismo para designar a compulsão por consumo).

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Neste ambiente, talvez a Religião seja considerada "démodée" .... mas, de fato, a verdadeira Religião - aquilo que nos liga de volta a Divindade - é mais necessária do que nunca.

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

É so nesta vida, que eu posso me sentir vivo.

Erga a taça, Irmã

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Erga a taça, Irmã

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permita que os deuses transbordem a sua taça

com o vinho da paixão, que aqueça suas veias

e mantenha aceso

o fogo sagrado em suas entranhas

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Erga a taça, Irmã

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deixe a chuva generosa que nos vem dos Céus

molhar sua face e seu seio, escorrer

em cada poro de seu ser

como um rio fecundo e morno de vida

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Erga a taça, Irmã

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que a luz de sua alma a traspasse inteira,

que ilumine o caminho que irá percorrer

e toque todos que estão perto de seu coração

como as asas de um anjo

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Erga a taça, Irmã

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Não é suficiente amar uma mulher ...

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Escreveu Edouard Manet : "Não se é pintor quando se ama a pintura acima de tudo no mundo, e não é suficiente dominar o ofício, é preciso empolgar-se com ele."

Por isto, eu digo, não é suficiente amar uma mulher. É preciso gostar dela, desejá-la e se empolgar com ela!!
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sábado, 3 de abril de 2010

A lição das maritacas



Moro em um prédio alto, cercado tambem de prédios altos.


Surpreendentemente, a maritaca, que é designada como uma espécie em extinção, prolifera em nossa bairro.


Ao longo dos anos, temos visto, com agradável surpresa, crescerem os bandos em revoada, coloridos e espalhando um alegre alarido.


Instalamos em nosso terraço, uma pequena bandeja onde depositamos todo dia cascas de mamão, caroço de manga e outras frutas coloridas pelas quais elas tem manifestado preferência. (Não adianta colocar maçãs ou peras, que elas ignoram totalmente).


As vezes, se juntam 6 ou mais, fazendo uma benfazeja algazarra.


Algumas coisas que notamos.


Se até as 8:00 horas, ainda não colocamos nada, elas ficam no terraço fazendo pedidos ruidosos.


E algo muito impressionante, a primeira que aparecer depois de colocarmos as frutas, fica chamando as outras, chamando e chamando ... mas não começa a bicar as frutas enquanto outras não aparecem!!!


Pode ser um esquema espontaneo de auto-preservação, mas é algo tocante de se ver!!!


Pudessemos, nós homens, aprender com isto! E não termos a preocupação exclusiva de nos fartarmos, sem pensar um pouco nos que tem tão pouco.






quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ludopédio

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E apesar da nobreza das mãos, os homens adoram (literalmente, idolatram) o esporte dos pés.

Em que pese o fato que os pés tem seu valor.

Sem eles, não poderíamos nos locomover e morreríamos, tais quais os vegetais, no local onde nascemos. Iria ser, no mínimo, um tanto monótono.
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sobre as mãos ...

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Alguém, uma vez me disse que que as palavras são poderosas e mágicas.

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Sim, é verdade ... Mas tambem as Mãos.

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As mãos são poderosas, as mãos são mágicas. O "Despertar dos Mágicos", do tempo de minha mocidade, começa com a frase "Feliz o homem que trabalha com as mãos ...!"

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As mãos dão carinho, dão conforto, transmitem amor e energia : visualize uma avó acariciando seu netinho, uma mãe sentindo e consolando a dor de seu nenem com suas mãos, um pai segurando e dando força a seu filhinho entre as mãos.

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Imagine o Mestre impondo as mãos, curando os enfermos, acalmando as águas.

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As mãos dão prazer, podem nos seduzir e nos prender, arrancar de nosso corpo sintonias e extases.

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As mãos constroem, criam. São um instrumento impressionante de sensibilidade, as mãos sabem e fazem coisas que nenhum instrumento criado pelo homem jamais poderá duplicar. Imagine a precisão das mãos de um relojoeiro! Ou de um cirurgião. Ou a habilidade, a agilidade de um pianista. Ou a firmeza de um pintor. Ou de um escultor.

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São a expressão corpórea do nosso senso estético : como jamais alguem poderia dançar (ou praticar Tai Chi Chuan) sem as suas mãos?

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Elas nos falam de força e de vitória. Elas pedem e imploram por nós.

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Elas oram por nós. Elas fecham nossos abraços, distribuem tapinhas de amizade, selam nossos acordos, reconhecem nossos amigos .

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Elas são o fiel auxiliar da cozinheira, sabendo a exata pitada de sal .... elas fazem crochês e tricos maravilhosos, enquanto, sem sequer olhar, as comadres fofocam sobre a vida alheia!

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Mas elas tambem demonstram nossa ansiedade e nossa solidão. E sobretudo nossas recusas e nosso isolamento.

Elas ameaçam. Empunham a arma que mata, batem, dão socos e tapas, destroem em sua fúria o que outras mãos construíram com tanto amor. Apertam o botão que vai devastar milhares de seres humanos. São elas que cometem nossos pecados, nossa luxúria. São elas que roubam e profanam.

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Mas são lindas, sempre lindas. As reconchudinhas do bebê, as finas e elegantes das mocinhas, as amáveis e sensuais das nossas amantes, as fortes e possantes dos nossos líderes, as rugadas e experientes dos avôs/avós.

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A Síndrome da Cinta Elástica

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Uma avalanche de propagandas na TV tentam vender cintas elásticas que prometem tirar 20 cm de pneu em menos de 3 minutos (embora algumas senhoras devem levar mais do que isto para trajar a cinta {risos} ...)

Suponho que uma mulher use este artefato para se tornar mais atraente e conseguir atenções ...

O hic da questão reside em que, conseguido o objetivo, uma hora qualquer vai precisar se desnudar, tirar a cinta, o enchimento do sutiã, a dentadura, etc ... e o problema consiste agora em saber se a decepção, neste momento, vai ser maior do que o artifício aplicado.

Isto vale em uma série de circunstâncias em que o homem promete cumprir mais do que é ou será capaz de fazer. Na hora de se desnudar, vai mostrar quem realmente ele é!

Isto, eu chamo, da Síndrome da Cinta Elástica.
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Verão

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O solstício de verão, no hemisfério sul, é em torno de 21-dezembro.

Contrariamente à crença generalizada, o verão não começa no dia 21-dezembro. O solstício, por definição, é o dia mais longo do ano. E, portanto, é o meio do verão. Em vários paises da Europa, o solstício é conhecido como "mid summer" como alias ocorre em alguns paises do Extremo Oriente

Portanto, o verão começa em torno do dia 6-novembro e finda em torno do 4-fevereiro. Dai, as vigências do horário de verão serem próximas a estas datas.

O motivo das temperaturas serem mais elevadas a partir do solstício é o efeito cumulativo do calor crescente que se torna mais evidente na segunda metade do verão.
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Moral desta história : é preciso muito cuidado com as crenças generalizadas.