Acabei de ler este livro escrito por Sándor Márai em húngaro. Apesar da versão em português ser uma tradução da tradução em italiano do original em húngaro, é um livro muito bem escrito. E altamente intrigante.
Trata-se de um longo solilóquio, com pouco enredo e poucos personagens, o que certamente o torna um tanto enfadonho e monótono para o grande público. Mas é um livro intensamente humano.
Alguns excertos :
pg. 15 - As duas vidas fluíam juntas, no mesmo lento ritmo vital {... }. Conheciam-se a fundo {...} mais do que marido e mulher. {...} Nenhuma palavra podia definir a relação entre eles. Não eram irmãos nem amantes. Mas existia algo diferente {...}. Existia uma fraternidade particular que é mais íntima e mais profunda que essa que une os gêmeos no útero materno. A vida mesclara seus dias e suas noites, cada um tinha consciência do corpo e dos sonhos do outro.
pg. 53 - ... e tudo o que significa o amor : desejo, ciúme e um desesperado sentido de solidão.
pg. 75 - Para mim, aquele mundo continua vivo, mesmo se na realidade não existe mais. Está vivo porque jurei fidelidade a ele.
pg. 83 - O homem {...} que entregou sua alma e seu destino à solidão, não acredita em nada. Espera e só.
pg. 93 - ... as palavras não tem importância? {...}. As vezes acho que as palavras, essas que pronunciamos, essas que evitamos dizer, essas que escrevemos {...} têm uma importância imensa, talvez decisiva
pg. 95 - Quem você é? O que {quer} de verdade? O que {sabe} de verdade? A quem e a quê {é} fiel ou infiel? São essas as perguntas capitais. E cada um responde como pode, com sinceridade ou mentindo; mas isto não tem importância. O que importa é que no final cada um responde com a própria vida.
pg. 127 - O que se pode perguntar com as palavras? E quanto vale a resposta que alguém dá com as palavras, em vez de expressá-la com a realidade da prória vida?
pg. 134 - E, assim como as pessoas que pertencem ao mesmo grupo sangüíneo são as únicas que podem doar sangue a quem é vítima de um acidente, assim também um espírito só pode socorrer outro se não for diferente dele, se sua concepção do mundo for a mesma, se entre os dois existir um parentesco espiritual.
terça-feira, 8 de junho de 2010
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Um comentário:
Achei muito interessante essas frases do livro. Trazem grandes reflexões que poderíamos aqui escrever. Quem sabe outra hora, com mais tempo.
Quanto a um Espírito poder socorrer só aquele que é semelhante a ele, não é o tenho observado.
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