terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Comentários sobre Mário Quintana




Ele se proclama de poeta. E é assim classificado pela maioria dos que a ele se referem.

Embora eu reconheça que ele é uma pessoa dotada de uma rara forma de inteligência, não bem um QI excepcional, mas daquela intuição que lhe permite integrar-se de imediato com as coisas e as pessoas.

Mas de "poeta" no sentido lírico, assim como para cantar as coisas do amor, etc ... , isto certamente ele não é!! Inclusive ninguém lhe conheceu uma paixão amorosa por alguma mulher (fora sua paixão "platônica" por Bruna Lombardi), nem nunca se casou, nem teve filhos ou família.

Nem podemos, a rigor, dizer que sua poesia seja evocativa. Inclusive, é um péssimo rimador. Suas rimas são sempre demasiadamente trabalhadas, sem nenhuma espontaneidade e os seus versos não tem ritmo.

Não vi nada dele de grande folego, não sei de contos, novelas ou romances. Ele se especializou em epigramas, hai-kai e outras formas breves. Intensas de conteúdo, mas sempre muito breves.

Assim mesmo, seus escritos são sempre muitíssimos interessantes, cheios de verve, de ironia fina e de "humour".

2 comentários:

GiAraujo disse...

Giuseppe, você sabe que em texto escrito pelo próprio Mario Quintana, para a revista Isto é de 14 de novembro de 1984, o poeta declara: “Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão.” Sendo assim, nada mais adequado para entender a vida de Mario Quintana do que deleitar-se com a sua obra poética. A poesia de Mario Quintana tem, sem dúvida, aspectos da obra literária moderna, como temáticas do cotidiano, linguagem simples, poemas curtos, ironia, humor e muitas outras; porém, ela não tem amarras, ao mesmo tempo em que o poeta escreve com versos livres, escreve também com versos metrificados (a exemplo dos seus sonetos), e como todo genuíno artista, liberta-se do momento histórico do qual fez parte e torna-se atemporal. No entanto, ainda que o transcenda, sua obra é fortemente identificada com o movimento modernista brasileiro e, por isso, classificada como pertencente a ele.
As características mais recorrentes na poética de Mario Quintana é a maneira irônica e cética com que trata de temas como morte, vida e tempo. Em seus poemas, o tempo é relativizado, a vida é indiferente ao homem e a este resta apenas viver, sem se preocupar com ela ou com o momento de perdê-la, como podemos perceber nos seguintes versos: “A vida é triste, o mundo é louco! / Nem vale a pena matar-se por isso. / Nem por ninguém. / Por nenhum amor... / A vida continua indiferente!” ou em “Não desças, não subas, fica. / O mistério está é na tua vida! / E é um sonho louco este nosso mundo...” ou ainda “Os ventos vêm e batem-me à janela: / A tua vida, que fizeste dela? / E chega a morte: Anda! Vem dormir...”
Outro aspecto presente na poesia de Mario Quintana é o humor, além, da forte metalinguagem, o escrever sobre a própria escrita, sobre o fazer poético: “A gente pensa na coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.”
Gosto de ler Mario Quintana...

GiAraujo disse...

E aí, faz tempo que não publica nada... De vez em quando venho conferir...