sábado, 25 de julho de 2009

A palavra é solidão, maior ainda do que a dos corpos

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Pois pode não parecer tão óbvio ... mas é simples, sim.

Veja bem, a palavra, a linguagem, é algo artificial. Criada pelo homem. É um veículo para transmitir informações. É um instrumento da razão, que se serve dela para a ciência, para o comércio, para as leis, etc ... Muito útil na vida em sociedade, não resta dúvida.

As palavras não são as coisas, elas apenas representam o pensamento que temos sobre elas. Alias, as palavras têem uma variedade de significados, que também variam de pessoa para pessoa ... e costumam causar bastante confusão ...
E para somar à confusão, a humanidade ainda inventou uma série de linguas ... uma verdadeira (torre de ) babel ...

A arte não precisa das palavras. A pintura, a escultura, a música não precisam de palavras. Mesmo a poesia que se serve delas, o faz, ou por causa de sua evocação, ou de sua musicalidade.

A palavra não ajuda na comunicação entre os humanos, comunicação no sentido de comunhão entre eles.

O que faz isto, é a afeição, é a sintonia, é sentir o outro, é a compaixão, todas estas coisas da manifestação do coração ... que dispensam a palavra, no sentido comum, mas precisam da presença, do interesse genuíno, da empatia, da mão estendida, do abraço ...

São estas coisas que dissolvem a solidão, que se sobrepõem a ela e a curam. A palavra,a rigor, não pode fazer isto. Pode falar sobre as coisas do coração, mas não pode substituí-las.

A palavra, em si, não faz nada para aplacar a solidão ... Quando muito, a palavra pode tentar explicar a solidão ... As pessoas podem falar, falar mas isto não aliviará a solidão. A única coisa que pode aplacar a solidão é um coração amigo.

Neste sentido, sim, a palavra é solidão.

Maior ainda do que a dos corpos, pois o corpo e o instinto, estão mais pertos do coração, do que a palavra e a razão
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4 comentários:

amiga_caçula disse...

Bela explicação para o contexto da Solidão naquela frase do livro.

E quanta verdade você disse sobre a palavra por um lado e o sentimento por outro, o último apenas, capaz de aplacar ou minorar a Solidão.

Polemikos disse...

Amiga_Caçula

Continuo me perguntando porque v. não tem um blog seu? Não era preciso escrever muito, um vezinha por semana.

Tenho certeza que muitos se beneficiariam.

marianicebarth disse...

Você é muito sábio e perspicaz. É verdade que a palavra é criação do homem e que é apenas uma representação das coisas. E que causa confusão, também é verdade - "é uma fonte de mal-entendidos" - (Assim falava Saint-Exupèry, no Pequeno Príncipe).
Sobre a comunhão entre os seres, também está tudo certinho, concordo com você. Eu não diria melhor.
Mas você sabe que SOLIDÃO, nunca senti? Sou solitária por opção, mas daquele tipo de "solidão entre a multidão", daquela que dá vontade de ficar só de vez em quando, escapar do burburinho numa festa, principalmente com muita gente que não conheço...
Porém fico sozinha a maior parte do tempo, em casa, e nem percebo, aliás gosto. Tenho tanta coisa para fazer, nunca me aborreço, nem me entedio. (Só quando assisto TV...)
Considero-me uma pessoa feliz e de bem com o mundo. Quando estou com qualquer pessoa, mesmo que esteja conhecendo ali, naquele momento, ínteresso-me inteiramente por ela, sinto uma curiosidade natural e sincera de saber como pensa ou sente, como se situa em relação ao mundo e aos outros, se gosta do que faz, o que lê ou assiste. Se tiver a sorte de encontrar uma "alma gêmea" em gostos e afazeres, aí sim é muito bom!

amiga_caçula disse...

ESSE TIPO DE SOLIDÃO DA NICE É BOA E BENÉFICA POR SER ESCOLHA DELA.

A TRISTE, É AQUELA QUE NÃO DESEJARÍAMOS NUNCA SENTIR, MAS QUE OS OUTROS NOS OBRIGAM, MESMO NÃO ESTANDO SÓS.