domingo, 19 de julho de 2009

Vidas ...

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Estou lendo um livro, em francês, de um autor marselhês, Christian Garcin, muito intrigante, que se chama Vidas, assim mesmo no original, provavelmente do provençal.

São pequenas biografias, de diversas pessoas, famosas ou desconhecidas, em no máximo, 3-4 páginas cada.

Uns pequenos excertos do primeiros capítulos

La parole est solitude, plus grande encore que celle du corps.
A palavra é solidão, maior ainda do que a dos corpos.

Seul le silence unit les êtres.
Somente o silêncio une os seres.

(on) lui a dit un jour que l'oubli résolvait toutes les souffrances.
Disseram-lhe um dia que o esquecimento dissolvia todos os sofrimentos.

... la vérité. Le langage n'y a pas accès.
... a verdade. A linguagem não lhe tem acesso.

Dans le silence qui enrobe les êtres, ... qui se nourit de l´éloignement (et) de l´oubli ..., nous taisons tous l´essenciel.
No silêncio que envolve os seres, ... que se nutre do distanciamento (e) e do olvido ..., todos nós calamos o essencial.

les journées veules, inutiles, dont le seul but est leur propre terme.
os dias apáticos e sem vontade, inúteis, cujo único objetivo é o seu próprio término.
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Um comentário:

marianicebarth disse...

"A palavra é solidão, maior ainda do que a dos corpos".

A palavra é solidão? Explique isso melhor, por favor. Acho que não atingi...

"Somente o silêncio une os seres."

Isto é lindo, íntimo e perturbador.

"Disseram-lhe um dia que o esquecimento dissolvia todos os sofrimentos."

Dissolve na memória pensante, como um chá fraquinho, mas não na memória do sentimento.

"... a verdade. A linguagem não lhe tem acesso."

Isto é muito profundo! Concordo plenamente.

Aliás, todos estes excertos são profundos e fazem pensar. São "cogitos" para uma conversa tête à tête, um diálogo socrático em que ambas as partes crescem e aprendem.