quinta-feira, 5 de abril de 2012

Olhai Os Lírios do Campo - O Prefácio do Autor

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Este romance catapultou a carreira do Érico e representou o livro que mais fez sucesso, com tiragens sucessivas e praticamente acabou ficando como um dos livros de maior publicação no Brasil.

Nesta 15a. edição de 2005, foi mantido o prefácio de 1966, depois de 28 anos da primeira edição :

"Confesso, entretanto, que não tenho muito estima por este romance. Acho-o um tanto falso e exageradamente sentimental. Sua popularidade às vezes chega a me deixar constrangido."

"A dedicação, o altruísmo e a nobreza de Olívia me parecem inumanos. Não convencem. Pouco convincente também é a covardia de Eugênio."

"Há em Olhai os lírios do campo uma filosofia salvacionista barata que me faz perguntar a mim mesmo como pude escrever tais coisas, mesmo levando-se em conta de haver atribuído essa filosofia a personagens do livro."

"Se a história deu prazer a tanta gente, não vejo razão para impedir que ela continue sua carreira"

Érico nasceu em 1905. Em 1966, quando escreveu o prefácio, ele tinha portanto 61 anos. O que pode ter motivado ele tecer tamanho critica a seu grande sucesso literário? A publicação de sua trilogia O Tempo e o Vento no intervalo? E em seguida, publicaria Incidente em Antares.

{P.S. Morreu em 1975}

Já li alguns poucos capítulos. Estou gostando apesar do que ele cita. Não vou deixar de ler o resto do livro!!!


3 comentários:

amigacaçula disse...

Acho bonita essa sinceridade de Érico Veríssimo em relação a seu livro... "Olhai os lírios do Campo". Faz muito tempo que li e não me recordo dele.

Quantas pessoas por orgulho, mesmo refletindo a respeito do que não lhes parece agora tão bom, se omitem.

CÍCERO TAVARES DE MELO disse...

Apesar das críticas do próprio autor ao Olhai os lírios do campo, acho-o genial, digno de merecer todas as lágrimas que derramo todas as vezes que o leio.

Olhai os lírios do campo é um romance humano, sensível, lindo, escrito por um homem de alta sensibilidade por isso mesmo mereceu e merece todo sucesso literário obtido na época do lançamento e agora.

Olhai os lírios do campo é um romance de pura emoção, e por isso mesmo merecedor de todos os encômios da critica e dos milhares de leitores que o leram e choraram com sua história humana e emocionante.

Olívia é a síntese de toda beleza humana desprovida de qualquer ranço de egoístico.

CÍCERO TAVARES DE MELO disse...

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO E MALALA YOUSAFZAI
Há quase um século, o genial escritor modernista cruz-altense, Érico Veríssimo, criou um dos personagens feminino mais humano e sensível da história da Literatura Brasileira: Olívia.
Protagonista principal do romance “Olhai os lírios do campo”, Olívia foi idealizada pelo gênio afetivo de Érico Veríssimo como uma fragrância jamais encontrada em romance escrito anteriormente, nem mesmo no realismo genial de Machado de Assis, o maior escritor da Língua Portuguesa.
Sua honestidade feminina, sua alma altruísta, sua sensibilidade, seu imaterialismo, sua solidariedade para com todos os necessitados, incorporam o espírito receptível que morava dentro de Érico Veríssimo em favor de todos os necessitados do Brasil e do mundo a cuja indiferença dos fascistas e tiranos ele abominava e odiava.
O personagem feminino de Olívia idealizado por Érico Veríssimo na ficção só veio encontrar vida quase um século depois na figura humana mais sensível e carismática de todos os tempos já nascida neste mundo louco e egoísta: Malala Yousafzai, a paquistanesa que levou três tiros quase fatais do fuzil de um besta-fera só porque lutava pelo direito à igualdade de toda mulher à educação.
O bom seria que todos os políticos brasileiros, antes de se lançar candidato a qualquer coisa no Brasil, lesse o romance Olhai os lírios do campo, e se ativessem principalmente às cartas que Olívia escreve a Eugênio Pontes: quero que abras os olhos, Eugênio. Que acordes enquanto é tempo. De que vale construir arranha-céus que não há mais almas humanas para morar neles?
A todos os políticos ladrões do Brasil com bilhões e mais bilhões depositados em bancos no exterior roubados do povo brasileiro: de que vale possuir esse montão de dinheiro se se morre e não leva nada no caixão quando viajar à cidade de pés juntos?