Algo que me chamou a atenção como diferencial entre o
futebol e outros esportes é que, em encontros importantes, tocam-se os hinos
nacionais antes do jogo. Como se fosse um evento cívico. O que nunca vi acontecer
com outros esportes como vôlei ou tênis.
Não conseguia atinar com uma razão lógica para isto.
Nasci em um país e uma época (Egito, 1940) em que o futebol simplesmente
lá era praticamente desconhecido e não era praticado. Não conseguiu, portanto,
marcar minha infância pois só vim a conhecer o futebol em 1957, quando a
família se mudou para o Brasil.
Tem coisas do futebol que me ficaram enigmáticas por longo
tempo. Por exemplo, porque se torce por um certo time. Perguntei isto a várias
pessoas que não conseguiram lançar alguma luz suficiente sobre o assunto. Mas
um amigo me respondeu : “Se eu tiver que
explicar isto para você, você não vai entender”.
Fiquei meio perplexo, mas surpreendentemente atingiu o
ponto. E cheguei a algumas conclusões.
As pessoas não torcem por alguma razão lógica. Sempre há um
fator emocional ou melhor sócio-emocional : outras pessoas da família ou os
amigos da escola torcem (ou torcem contra!!), o time é do bairro ou de cidadezinha de nascença,
coisas do tipo. É são fatores muitos fortes, muito fáceis de aquilatar em termos sociais.
Daí é fácil transpor
mais um passo e entender porque, com esta intensa carga sócio-emocional, é
considerado como um dever social (e patriótico!) torcer por um time nacional em
um campeonato mundial.
Certamente, sendo bastante objetivo, o futebol não reúne qualificações suficientes para ser considerado intrinsecamente como um fator significativo de serviço à Pátria. Como seriam atividades sociais ou
políticas.
Mas, sim, o futebol funciona como um agente agregador e estimulador
da consciência da nacionalidade. E é por isto, que se aproveitam estas ocasiões
de grandes certames, para tocar o hino nacional.
2 comentários:
Os seres, humanos ou não, gostam de jogos. Não conseguem passar sem eles. Não é privilégio dos humanos... Os animais domésticos adoram que brinquemos com eles.
O jogo é um brinquedo extremamente prazeroso para nós humanos. Jogamos o tempo todo. Leia "Os Jogos da Vida", de Eric Berne ("Games People Play"). Ou você já leu?
Quanto a torcer por um determinado time, pelo que pude observar é mesmo influência da família.
A identificação dos torcedores de futebol já é a primeira manifestação de patriotismo.
"De acordo com Dr. Berne, os jogos são transações ritualísticos ou padrões de comportamento entre os indivíduos, que podem indicar sentimentos ou emoções escondidas. Um grande sucesso, Games People Play passou mais de dois anos na lista de bestsellers do New York Times, em meados dos anos 1960 - mais do que qualquer livro de não-ficção ao longo da década anterior. Games People Play e Análise Transacional passaram a influenciar e inspirar milhões de pessoas, incluindo Thomas A. Harris, autor de Eu estou OK - Você está OK e Muriel James , autor de Born to Win."
(texto da Internet)
Mas por mim, adorei o livro!
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