sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Os monges




Evocação de um sonho






Arrastem seus passos
Velhos monges solitários
Com as faces e as almas enterradas
Em seus anônimos capuzes


Arrastem seus passos
No enorme deserto brumoso e enregelado
No enorme vazio branco onde
Seus nomes foram esquecidos

Arrastem seus passos
E junto com eles, seus corações empedernidos
Suas mãos paralisadas
E seus corpos já tornados infecundos

Arrastem seus passos
Privados até de sua humana desesperança
Rumando para a grande noite cinza
Sem futuro e sem sentido

Arrastem seus passos
Incapazes de parar seus pés e seu destino
Possuídos por um sacro e tenebroso pavor
De enfrentar suas próprias solidões.

9 comentários:

marianicebarth disse...

Este lindo poema foi um sonho que você teve?

Polemikos disse...

No sonho, (a lembrança de meus sonhos é sempre muito fragmentária), vejo esta fileira de monges, vestidos naquelas túnicas medievais de cor indefinida entre o cinza e o marrom surrado, não dá para ver as cabeças inclinadas escondidas nos capuzes. Num caminho deserto, ao lado de um bosque, muito silêncio e muito frio. Daí, nasceu o poema.

Polemikos disse...

Daria um lindo e possante quadro se eu soubesse como.

marianicebarth disse...

Podemos estudar alguns desenhos, que acha? Até que fique parecido com o seu sonho?
Sabe que isso me fez lembrar um filme infantil, se não me engano "O Cristal Mágico", que tem uma cena de velhos magos viajando muito lentamente pelo deserto, suas sombras os seguindo...

Polemikos disse...

Podemos até tentar .... não havia sombras, tudo muito cinza esbranquiçado, diáfano (gostou do diáfano?), difuso, diluído ...

Anônimo disse...

Quem sou eu no meio de pintores?
Mas arrisco a perguntar se em alguma época talvez, não haja vivenciado esta imagem.

Quando penso em monges me reporto a Assis, aos Franciscanos e Clarissas da época de Francisco e quando ao fechar os olhos os "vejo", não se vestem de hábito escuro como a Igreja nos mostra, mas beges claros, feitos de um tecido como sacos de batatas ou cebolas. Algo muito rústico e humilde!
Me encho de paz perante essa imagem que me vem!

Polemikos disse...

Se vivenciei isto? Até pode ser, mas não lembro com certeza.
Como já disse para Nice em um de seus posts, às vezes, por qualquer motivo, fico com uma impressão (intuição?) que fui astrônomo ou astrólogo na Idade Média, em algum lugar da Germânia. Vestido de escuro, com uma túnica longa, talvez, quem sabe, até um monge estudioso!?
A foto que escolhi para o meu blog foi justamente por isto.

marianicebarth disse...

Diáfano é ótimo... Adorei. Mas você não respondeu se assistiu ao filme "O Cristal Mágico".

Polemikos disse...

Nice, não me lembro do filme "Cristal Mágico"!. Se bem que, ultimamente, não me lembrar não é garantia de não ter passado pela coisa {rs}!!!