segunda-feira, 24 de março de 2008

Ter uma boa velhice ...

Me escreve uma amiga que para retardar a velhice é preciso uma boa higiene alimentar, um programa de exercícios físicos e um equilíbrio no casal.

São definitivamente e indiscutivelmente boas medidas.

Contudo, existe algo de bem mais básico e essencial que precede estas três medidas profiláticas. Eu chamaria isto de "bem estar" psicológico. Bem estar no sentido de estar de bem consigo mesmo e de manter o desejo e o entusiasmo de viver, que se manifesta em legítimos anseios pessoais, uma ambição qualquer ou a esperança de realisar uma obra ou concretizar um objetivo.

Sem isto, a higiene alimentar ou os exercícios físicos terão pouco resultado e não serão suficientes para combater a depressão e a tristeza íntima resultantes da perda gradual - e inevitável - do vigor.

Em compensação se existir esta vontade de viver, a pessoa saberá encontrar os meios necessários para sua saúde física e mental e manter um regime alimentar adequado, o condicionamento físico, e tambem se engajar em atividade esportiva, entretenimento sadio, atividade social significativa, amizades, etc ...

Quanto ao equilibrio do casal, depende muito da pessoa. Há pessoas que tem uma necessidade muito intensa de um alter ego para partilhar sua vida. Há outras que têm outras espécies de metas em sua vida.

Não há nada de errado na busca de uma alma gêmea, pode ser uma excelente escolha se o "outro" estiver disponível e disposto a retribuir. Senão, é um caminho muito rápido para a frustração e uma velhice solitária e amargurada.

Como está dito da "Desiderata" : Aceite serenamente o passar dos anos, abrindo mão do que pertence à juventude.

4 comentários:

marianicebarth disse...

É o que faço... Refiro-me à última frase.
Não ligo a mínima para a velhice. Sei que ela chegou e que me ronda a Dona Morte. Mas nem ligo para ela também e ela acaba tendo de ir embora... Mas se ela quiser me levar, estou pronta. Já tive 4 filhos, plantei várias árvores e estou escrevendo alguns livros. Portanto...
Acho que isso é ter uma boa velhice. Estar pronta.
Porque sei que esta não é minha única vida... Boa velhice é isto: ter milênios e não os aparentar... (risos)

caos e ordem disse...

Taí um tema que muito me interessa.
A amiga do Turinão tem muita razão, a argumentação do blogueiro aumenta os ingredientes que também são válidos.
Já o comentário da Nice finaliza com pensamento que tem a ver com a crença que cada um tem (ou não tem).
Tenho duas tias solteironas que já passaram dos 90 anos e que são um caso para estudos. Tia Sebastiana e Tia Sílvia são irmãs da saudosa mãe Marcolina.
Certamente a vida delas é desprovida da maioria das condições mencionadas no texto do Turini. Talvez sejam uma exceção a todas as regras.
digitou o Zecão

Polemikos disse...

Zecão .... alguém perguntou a suas tias? Vontade de viver, motivos por querer viver não são coisas palpáveis, não são "provas concretas". São coisas íntimas, escondidas no âmago da pessoa, que os outros não vêem!

Anônimo disse...

Concordo com o Caos que a última frase da primanice depende de crença, mas permita-me dizer que é um tremendo consolo acreditarmos nisso.

Aliás, ela não está aparentando nem os anos da vida presente, quanto mais os das outras! Ela não gosta de ouvir, mas está muitíssimo bem!

Acrescentaria ao texto do Polemikos, também baseado em crença, "o bem estar espiritual" que nos leva aos outros.
Em relação ao que fala de relacionamento, concordo plenamente; é capaz de nos levar ao céu" ou que sabe ao "purgatório".
Ou será que nós é que nos levamos, por esperar demais do outro?