Contrariamente às vidas paralelas que vivem lado a lado,
sem nunca se tocarem, num destino inumano e desalentador,
há vidas que receberam a graça do encontro.
Destino raro e breve, o do encontro.
Intenso, quente, vulcânico, arrebatador.
É de sua natureza, a empatia instantânea, mas também o embate.
Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço.
Duas vontades não podem ocupar o mesmo destino.
As almas gêmeas - as que se conseguem se amalgamar -
acabam ficando cada uma com um destino truncado,
algo assim como meio destino
e nunca realizam sua sina.
Duas vidas depois de se encontrarem, se afastam
como as linhas secantes
porque tem rumo diferente
e a cada momento, se apartam cada vez mais.
É de seu destino a dor da separação.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
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6 comentários:
Estes princípios contrariam a filosofia mestra de Mesmeu, o filósofo triste, que em sua obra maior provou, num ensaio prolixo, a decadência exponencial da tristeza neste mundo. Prova, com requintes de crueldade, que a alegria está chegando e a tristeza se acabando.
Mesmeu, o filósofo triste fica infeliz quando chega a alegria. Mas não é o caso, meu caro Shiost.
Pois "não há dor maior que a dor do amor" quando se separa de sua alma gêmea... Essa dor é tão infinita que faria a alegria do próprio Mesmeu.
Gente assim não dá.
Durante vários dias meu comentário era o único neste texto, eu questionava como estas palavras se aplicam aos casais como nós, que estamos juntos há algumas dezenas de anos, agora meu comentário sumiu, alguém pode explicar?
Isto é ordem ou será o caos?
A Alegria está chegando .... deve ser o aumento da violência e da criminalidade, os desacertos dos políticos, a banalidade infinita da Tv, o culto à ignorância, o repúdio à religiosidade, à perda do senso estético ... A Hiena rí, mas rí de quê, Shiost?
Zecão. O tempo é algo muito relativo quando se trata de uma paixão. O que são algumas dezenas de anos, se é que uma paixão dura tudo isto, diante da enormidade do tempo? E mesmo que dure uma vida inteira (uma passagem por esta Terra), a nossa personalidade morre e mesmo que as almas se re-encontrem, já não serão as mesmas pessoas. Porque a paixão foi feita e é vivida por pessoas, de carne e osso, nesta nossa vida terrena.
A paixão é um sentimento da matéria, sim. É tudo isso que o Turini disse. E coitado de quem se deixa apanhar em suas redes. Apesar de que, quando há o encontro de dois seres que foram feitos um para o outro, não há como fugir. É melhor "entregar amigável"... e depois juntar os cacos ou as cinzas.
Como vêem, não tenho em boa conta a paixão-matéria, nem acredito muito no perdedor "foi bom enquanto durou". Acho que a maioria das pessoas sofre de cinismo. Ou então têm medo do sofrimento que quase sempre acompanha a delícia e o delírio de uma paixão abrasadora.
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