quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Mas afinal, o que é esta tal de paixão? (3)

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Em terceiro lugar, vem o que se poderia denominar de querer bem. Ou seja querer o bem do outro, querer o bem para o outro. Ao inves de (apenas) exigir uma satisfação sexual ou passional do outro.

Querer bem é uma expressão muito feliz em português que não existe em outros idiomas. Ressalta a função volitiva, a disposição natural e espontanea de afeto, devoção e dedicação ao outro. Não é um sentimento que morre, é um sentimento que constroi.

Não se faz uma relação duradoura ou um casamento feliz e estável sem este querer bem. O casal não precisa se privar de sexo ou não sentir um pouquinho de ciume do outro, .... mas sem este querer bem, a relação não vai para frente.

Vão me dizer que este sentimento é muito parecido com a amizade, com o amor paterno ou materno, etc .. . E é mesmo, não resta dúvida. Mas tambem, hão de reconhecer que o querer bem entre um homem e uma mulher é algo muito particular, muito especial.

Vocês já devem ter visto algum casal de velhinhos, de mãos dadas, radiantes, felizes apenas por estarem juntos. Não é a memória de maravilhosos momentos íntimos, embora os possa ter havido. Mas é a marca da afeição, da ternura e da camaradagem. Eles conseguiram substituir a paixão pela amizade, por um companheirismo tão forte que o tempo juntos lhes transfigura as feições e os torna surpreendentemente parecidos. Assim quase como dois irmãos.

A paixão, sozinha, não pressupõe o querer bem. A paixão pressupõe o ciume, o mêdo de perder o que se considera como algo que lhe pertence, que é seu de direito, como uma propriedade ou coisa parecida. Mas a verdade é que ninguém pertence a ninguém!!

5 comentários:

caos e ordem disse...

Tatu do ótimo. Brincadeira que aprendi com o Timtim.
Tem também: Tatu do bem.
O casal de velhinhos é o que nós com otimismo achamos que ainda não somos mas queremos ser daqui a uns 30 anos.
Muito esclarecedor de um assunto cheiode confusões.
A confusão começa com a expressão "fazer amor" aplicada à relação sexual. E continua com os apaixonados radicalmente possessivos achando que estão amando ardorosamente.
até meu retorno.

marianicebarth disse...

Mas ESTÃO AMANDO ARDOROSAMENTE!
Ninguém pode negar isso!
Só que esse ardor ou acaba, ou se transforma e quere bem, como disse aqui novamente o Turini, que está nos saindo um expert nesse assunto tão complicado de sentir, quanto de explicar.

Polemikos disse...

Concordo com o ARDOROSAMENTE. Isto é indubitável. Alias, faz da parte da essência intrínsica da coisa.
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E, inegavalmente, eles acham que estão amando, como bem disse Zecão. Mas não sei bem se estão se AMANDO! Deveríamos achar outro verbo, sei lá, SE RELACIONANDO, para definir a paixão. Soa esquisito SE RELACIONANDO ARDOROSAMENTE, mas está de longe mais correto que SE AMANDO ARDOROSAMENTE.

Antônio disse...

Acho que esse casal de velhinhos tinha em mente que estava sendo observado por outrem. Queria vê-los em sua casa de mãos dadas...
The american way of life.

marianicebarth disse...

Como é difícil encontrar esse casal de velhinhos românticos. Mas já encontrei alguns. E conheço pessoalmente e de perto alguns casais ainda não tão velhinhos e que se querem bem, amam-se perdidamente,

Parabéns, Turini! Você descreveu em três capítulos o Amor Verdadeiro!