quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Poeira de estrelas ...


Recuperado de blog anterior

Me escreveu uma amiga de grande sensibilidade poética :"Penso que, ao morrer, voltarei aos meus elementos materiais primeiros; serei restituída assim ao estoque universal para depois me tornar planta, pedra, animal e se quiser romantizar um pouco.....poeira de estrelas"


Se esquece ela que nós não temos que voltar, e certamente não temos que morrer : nós já pertencemos ao Universo. Veja bem, nosso corpo (físico) está permanentemente intercambiando materiais com o mundo externo, recebendo ar, minerais, alimentos, proteínas, energia, etc .. {não se esquecendo de cerveja e de vinho!!!}, transformando-os em nossa própria matéria e devolvendo outro tanto ao ambiente. É como se fossemos interpenetrados pelo mundo físico que parece passar atraves de nos, como um fluído : a imagem de uma anémona-do-mar ou água-viva é sugestiva do processo, embora a velocidade e a fluidez são diferentes, é claro.


Nós estamos sujeitos às mesmas leis que as pedras : nós caimos, podemos ser pisoteados, quebrados, etc ... Nosso corpos tem o mesmo tipo de processo vital que as plantas e os animais : nós não diferimos em nada deles neste particular : precisamos nos alimentar, precisamos de energia, nós nós reproduzimos, etc

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Nós somos pedra, planta e animal! Vivos ou mortos!


Mas eu diria que a coisa vai um pouco mais longe. Quer ver? O nosso processo de pensar : se um humano pensar de forma certa (ou seja sem que haja uma deficiência de malformação ou doença), seu pensamento vai obedecer a certos padrões que são uma espécie de regra comum. Dado um certo problema lógico, dois humanos (sadios e conscientes) usando sua inteligência, devem poder chegar à mesma conclusão. É como se, nós humanos, fossemos terminais de uma grande computador, usando o mesmo software básico. É como se, nós humanos, colhessemos pensamentos (a matéria pensante) de um substrato que nos circunda e no qual estamos mergulhados, que flui atraves de nós. É conhecido o fenômeno de descobertas serem realizadas ao mesmo tempo, por pesquisadores que não se conhecem, em diversos e afastados lugares do globo : como já disse, é como se estes pesquisadores colhessem as idéias que lá estivessem plantadas.


Mais uma coisa : as nossas emoções. Nenhum humano vai conseguir inventar uma emoção que em grau maior ou menor, não tenha sido sentida por outro ser humano. Alias, ser capaz de sentir este elenco de emoções, é o que, para a maioria de nós, define uma pessoa como "humana". O mesmo processo que para o pensamento, apenas talvez mais perceptível. Inclusive o substrato emocional nos é bastante mais sensível que o substrato noético (palavrinha feia, mas fazer o que?). Nós sentimos facilmente contagiados pela agitação de um estádio de esportes, pela ansiedade de uma época de crises sociais e ... pela tristeza ou alegria de um ser próximo, por mais que disfarce e se contenha.


Poderia citar outros exemplos em diversas outras áreas da atuação humana : em particular nas artes, onde vários artistas referem que se sentem como uma "parteira" : eles não criam a obra de arte, eles são apenas os que trazem a obra de arte a este mundo. Outra vez, como se as obras de arte já estivessem prontas em um substrato coletivo. Nós, indivíduos, somos apenas membros de Humanidade.


Como diriam alguns religiosos, somos as células de um Grande Corpo Místico.


Concordo com você que o Homem não é a medida de todas as coisas. Ele não é Deus. Que se você quiser chamar de Vida, eu não me incomodo nem um pouco pois nós não conhecemos (nem podemos conhecer) o nome de Deus, nem seus Atributos.


Mas não consigo pensar fora do meu contexto de humanidade, tão intricadamente entrelaçado que ele está naquilo que eu chamo de minha individualidade. Que talvez não exista e seja apenas uma ilusão. Mas é a única coisa que eu tenho para me agarrrar e conviver neste mundo que me circunda.

6 comentários:

marianicebarth disse...

Nossa, Turini! Neste texto você se superou! Adorei!
Que maravilha ter você como amigo!
Acho que sua bagagem cultural é bem vasta e o que ainda não teria lido, parece que lhe vem diretamente da Memória Akhasica...
E sua amiga, que lindo o que ela escreveu!
Seria a Malu?

Polemikos disse...

É outra pessoa com que, infelizmente, perdi contato.

Carl Jung defendia que, alem do nosso inconsciente individual, temos embutido em nós, um Inconsciente Coletivo.

Que no fundo, não é muito diferente da Memória Akashica.

mlteodoro disse...

Giuseppe, você é um poeta.
Seu coração é cheio de frases, rimas e sentimentos a serem transmitidos, de situações idealizadas, de desgostos, de amores sonhados, de tanta coisa.
Eu acho até que o seu coração é maior que o corpo, o cérebro maior do que os poros da pele e os fios de cabelo.
Malu

Anônimo disse...

ESTA MATÉRIA É PROFUNDA DEMAIS, COMPLEXA DEMAIS PARA OS MEUS HUMILDES E INGÊNUOS COMENTÁRIOS.
PREFIRO ADMIRAR ESTA CRIAÇÃO MARAVILHOSA DE DEUS QUE A FOTO NOS MOSTRA.

Polemikos disse...

Amiga_Caçula : nunca achei seus comentários ingênuos. Ao contrário, sempre admirei sua sabedoria.

irmãcaçula disse...

Obrigada, amigo!
Mas de verdade prefiro neste assunto, admirar a foto e as opiniões de vocês.