quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Septuagenário (Sobrevida)
terça-feira, 28 de setembro de 2010
As dimensões da Arte
Não, não vou falar das dimensões sócio-culturais (e até políticas) que se atribuem à Arte. Isto foi feito ad-nauseam.
Vou falar de algo muito mais básico : as dimensões básicas da Natureza.
São 4, três espaciais e uma temporal.
Pintura tem duas. Escultura tem três. E são absolutamente estáticas e instântaneas. Não transcorrem no tempo, embora frequentemente o sugerem ou evocam. Necessário apenas para confeccioná-las!
A música, assim como o canto, tem apenas uma. Faz parte da família das artes performáticas.
A rigor, o teatro e o cinema tambem. Embora, se reconhecem duas espaciais no cinema e três no teatro, elas são apenas aparentes. Dizer que o cinema não tem relevo é um tanto falso, uma vez que o movimento cria a sensação virtual de profundidade. Seria quase como dizer que teatro e cinema tem 4 dimensões.
A dança tem 4 dimensões. A ocupação do espaço pelos corpos em movimento é complementada por um transcurso no tempo, ditado pela música.
A literatura é tambem uma arte de uma dimensão. Ao contrário das artes performáticas tradicionais, a performance é executada pelo próprio espectador (leitor)!
Tem arte como poesia que, ora é leitura, ora é teatro.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Alexandrie ... um capítulo de minha vida
O que tem Moustaki comigo?
Justamente esta música. GeorgesMoustaki era um "grego" do Egito, assim como Omar Shariff era um "libanês" do Egito. E assim como eu sou um "italiano" do Egito.
Nasceu e viveu em Alexandria antes de ir para a França. E eu, vivi em Alexandria dos 2 aos 17 anos, que foi toda minha vida no Egito antes de vir para o Brasil. E por sinal, Georges, cujo nome real era Joseph, como o meu, estudou no mesmo Colégio (lycée) onde estudei. Alguns anos antes, claro, ele é um pouco mais velho.
"Alexandrie" é uma música que canta a saudade de nossa terra.
Pode se ouví-la no YouTube com
http://www.youtube.com/watch?v=yOEqeZlW6Oc
A letra para voces
Eu lhes canto minha saudade
Minhas lembranças não envelheceram
Ainda tenho o “mal do país”
Já são mais de (cinquenta e tres) anos
Que vivo distante de onde nasci
Vinte e cinco invernos em que remôo
Na minha memória ainda comovida
Os perfumes, os odores e os gritos
Da cidade de Alexandria
O sol que queimava as ruas
Onde a minha infância desapareceu
O canto da oração às cinco horas
A paz que me subia ao coração
A cebola crua com o prato de favas
Que nos pareciam um banquete de sonho
O narguilé (cachimbo de água) nos cafés
E o tempo de filosofar
Com os velhos, os loucos, os sábios
E os estrangeiros de passagem
Árabes, Gregos, Judeus, Italianos,
Todos bons mediterrânicos,
Todos companheiros do mesmo bordo
Quero cantar para todos os que
Não me chamavam (Turini)
Mas me chamavam Joseph
Era mais suave, era mais curto
Amigos das ruas ou do liceu
Amigos do lindo tempo que passou
Aprendia-se a beijar
Nunca sabia-se o bastante
Tudo isto faz quase uma eternidade
Que a minha infância me abandonou
Ela retorna como um fantasma
E me traz de volta ao seu reino
Como se não nada tivesse mudado
E que o tempo tivesse congelado
Me perdoem se eu devaneio
Para curar da minha nostalgia
Vocês me compreenderão, tenho certeza
Cada um de nós tem a sua ferida
O seu canto de paraíso perdido
O seu pequeno jardim proibido
O meu chama-se Alexandria
E é ali, bem distante de onde estou
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Alguns exemplos de preceitos oclocráticos
Os discípulos chamados são tipos desvairados, excêntricos, complexos e confusos. Pg11
É verdade que tipos desvairados, excêntricos e confusos são seres humanos. E, indiscutivelmente, devem ser tratados como tais. Contudo, convenhamos que os tipos desvairados, excêntricos e confusos não são o ideal do Ser Humano. E não devem ler levados ao patamar de Modelos.
Uma sociedade que despreza a massa de humanos e promove celebridades é emocionalmente (...) doente. Pg22
Absolutamente correto e justo. Mas não é elevando a cultura de massa a paradigma que vai se consertar o problema. Ao contrário, sabe-se que a massa é altamente sensível aos estímulos do dinheiro, poder e fama. E endeusa e adora celebridades.
Os intelectuais (...) são uns imbecis. Pg29
Nem todos os intelectuais são luminares. Mas isto não significa que a falta de cultura e educação é um sinal de sanidade ou sabedoria.
O circo e a sala de aula (ficam) na mesma plataforma. Pg40
Muita gente defende que os programas de auditório são educativos. Mas o circo, a TV, etc não tem nenhuma vocação para a “formação”. São apenas instrumentos para ganhar dinheiro, dando ao povo o que ele quer ver. Não ficam na mesma plataforma que uma sala de aula, por mais ineficiente que ela possa ser!
O homem nasce neutro e o sistema social educa ou realça seus instintos, liberta seu psiquismo. Pg73
Esta releitura de Rousseau é patética e só pode ter saído da mente de um pseudo-socialista totalmente iludido. A sociedade não é um ser como tal, é uma construção mental para designar uma entidade amorfa que não tem Vida, e certamente não se propõe educar os homens!
Os jornais livres e independentes representam na atualidade a maior fonte de nutrição intelectual para a mente humana. Pg121
É muito otimismo acreditar nesta magnanimidade de um veículo da chamada “indústria cultural”. Os jornais, como a TV e o circo, só estão interessados em fazer lucro. Vão dar ao seu público aquilo que ele mais gosta, sensacionalismo barato, fofocas, apelos sexuais, enfim material facilmente digerível e não material intelectual de primeira linha que é indigesto para o grande público e o obriga a pensar. Com o agravante de ter uma preocupação econômica fundamental qual seja de obter noticiários a baixo custo.
É a vez dos desprestigiados, dos miseráveis, dos manés. Façamos um levantamento na sociedade para mostrar nossa magnitude. Pg123/124
Não resta dúvida que os miseráveis nascem condenados a tal. Não é culpa deles e é preciso reconhecer que é muito difícil sair desta condição. Contudo, ser miserável não é uma qualidade, nem representa uma superioridade moral, mental ou cultural. Infelizmente, são numerosos, mas nem por isto justificam ter a liderança.
Muitos jovens seguem tendências ao vestir, falar e se comportar. Não são independentes. Ser diferente do grupo gera angústia. (E ...) odeiam quem não se enquadra no míope mundo dos seus preconceitos. Pg129
Os condicionamentos sociais são uma limitação muito forte ao desenvolvimento do indivíduo.
domingo, 15 de agosto de 2010
Os últimos livros
Um "Doutor Pasavento", do Enrique Vila-Matas.
Outro "A Revolução dos Anônimos" do Augusto Cury.
Uma certa coincidência involuntária. O primeiro é sobre um escritor que quer "desaparecer" ou seja se tornar anônimo.
Folheei o "Doutor Pasavento" e achei muitíssimo deprimente. Muito bem escrito, mas o autor fica remoendo qual a melhor forma de desaparecer. Sumir para um lugar longíquo, mudar de identidade, mudar de profissão, se passar por louco. Suponho que tenha considerado o suicídio, mas não cheguei a folhear o suficiente para tanto ...
Troquei o livro por "Comer, Rezar, Amar".
Tenho um infeliz histórico com livros de "primeiro lugar". A começar com o "O Código da Vinci" que parece ter sido escrito como um roteiro de filme de aventuras para cinema.
Mas este "Comer, Rezar, Amar" está me encantando. Completei o primeiro terço, sobre a Itália. E só isto me permite recomendá-lo para quem gosta de um livro humano e instigador.
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Estou lendo em paralelo o segundo (do Cury). Tambem muito bem escrito ... mas absolutamente sem emoção. Um monte de idéias, meio esparramadas, no meio de eventos meio incomuns (para não falar meio loucos). Ainda não acabei.
Mas apesar do linguajar meio sofisticado do livro, o autor parece que está querendo vender a idéia que se trata de pensamentos do "povo". Até onde cheguei, definitivamente não são!!
Nada do que é mostrado no livro é cultura popular, parece mais uma litania queixosa dos males sociais, bem ao sabor dos metidos a socialistas.
Do tipo que defendem uma forma extremada de democracia que Osho cognominou apropriadamente de "oclocracia" ou seja domínio da plebe ou da ralé.
Não nego que existam pessoas pensantes, inteligentes e sensíveis no meio do chamado zé povinho. Eu já testemunhei pessoalmente exemplos evidentes de bastante sabedoria. O que não se pode fazer é partir daí e dizer que a cultura popular é senhora absoluta de sabedoria. A cultura popular é repositório de tradições, hábitos e condicionamentos sociais. É algo que contem o elemento "passado" em uma quantidade excessiva.
Não é cultura de ponta, aquela que mostra o Caminho do Progresso para a Raça Humana.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Pedir desculpas?
Amar significa que nunca tenha que pedir desculpas. Assim dizia a chamada do filme que fez um sucessão quando de seu lançamento há uns 40 anos atras (como passa o tempo!!)
À primeira vista, parece coisa muito profunda e necessária. Mas pensemos um pouquinho : quem é tão perfeito, quem terá condições de ter um amor tão abrangente em sua personalidade que não lhe deixa ter nenhum deslize com o objeto de seu amor?
Conheço algumas pessoas que nunca pedem desculpas. Mais do que pessoas amorosas, me transmitem a impressão de serem pessoas arrogantes. Alias, uma delas me afirmou explicitamente que pedir desculpas é uma "fraqueza de caráter" (sic)!!
Sim, quem ama de verdade - e pode ter tido um deslize por não ser perfeito e por isto, não conseguir doar um amor perfeito - deve ter a humildade de pedir desculpas
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quarta-feira, 28 de julho de 2010
Patriotismo e escrete nacional
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Dou-me conta, inicialmente, de que as idéias que aqui vou me permitir dissecar podem estar em confronto com uma certa “sacralidade” ou “intocabilidade” que cercam o conceito do patriotismo.
Patriotismo foi associado, durante muitos séculos, com as idéias de bravura, heroísmo, dever cívico e moral, quase um dever religioso com o apoio incondicional das igrejas.
Indiscutivelmente, algo extremamente pragmático – e impensável de não ser incondicionalmente adotado - em tempos em que os países mantinham guerras praticamente permanentes com seus vizinhos.
Mas, em primeiro lugar, vamos nos perguntar o que é patriotismo.
As definições mais comuns são versões de “amor e devoção à pátria”. Fico muito intrigado com estas definições que pretendem explicar algo, com conceitos mais difíceis ainda.
Pois o que é amor? Algo com uma multitude enorme de conotações. Desde uma conotação de ligação erótica a outra pessoa (antigamente, do sexo oposto) até formas indefinidas de emoção ou sentimento, e variadas formas de afeição e paixão. O amor muda de conceito radicalmente conforme seu objeto : amor familiar (paternal, fraternal); amor à arte, amor pela humanidade, chegando às formas religiosas de caridade e compaixão.
Quase tão complexo é o conceito de pátria.
Era simples na Idade Média. Era o lugar dos nossos pais, onde nascíamos, vivíamos e morreríamos. Um lugar com sua língua e suas tradições, e freqüentemente sua religião. O sentimento de pertinência era bastante preponderante nestas condições.
Hoje, a coisa mudou completamente. Com as correntes migratórias e a miscigenação cultural, as enormes variações locais, e as influências cada vez maiores da globalização tecnológica, é difícil dizer o que é a “terra dos nossos pais”. Um país como Brasil é bem típico. Um pais que sempre adotou o emigrante e que o emigrante sempre adotou.
Mas enfim, o que representa o conceito de pátria para um habitante da megalópole de São Paulo, com uma cultura totalmente amorfa? E como comparar este conceito com regionalismos típicos do gaucho o do nordestino? Ou ainda dos habitantes da selva amazônica ou dos cerrados goianos?
Qualquer tentativa de definir ou ver alguma uniformidade nestes conceitos me parece totalmente vã.
Como estão as coisas, patriotismo hoje se limita a um sentimento difuso de orgulho pela nacionalidade.
A única coisa concreta na definição “amor e devoção à pátria” á a devoção, a dedicação. Que me parece que é o que mais falta hoje ao patriotismo “moderno”. A ação em prol da pátria. Reclamar, muita gente reclama, mas poucos, muitos poucos se dedicam a causas sócio-políticas em prol do progresso da nação e da coletividade.
Este assunto todo surgiu portque em uma das partidas da Copa (antes do Brasil perder), ouvi alguém reclamar de outro que não estava presente : "Este nosso amigo não tem o menor patriotismo. Não dá a mínima se o Brasil perde ou ganha!"
A seleção de futebol não é o Brasil. Nem um símbolo da Pátria. Torcer pela seleção é um ato perfeitamente legítimo dos aficionados pelo esporte. Mas não é uma manifestação de patriotismo.
Confundir "a torcida pela seleção" como sendo uma forma de patriotismo pode ser bastante leviano se a pessoa achar que torcendo pelo escrete nacional, já cumpriu seu dever de patriotismo.
Alias, por falar em escrete "nacional", tambem deve-se dar conta que ela é composta por uma maioria de "ex-patriados", que pode explicar porque o público reclama tanto que os jogadores já não suam tanto a camisa, nem defendem as cores nacionais com mais afinco!!!
