quarta-feira, 4 de julho de 2007

Dúvidas ...

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Lembro-me de uma frase que registrei em um filme, creio ter sido em Madre Maria Joana dos Anjos (filme polonês, já com uns 30 ou mais anos). Um convento de freiras, em uma aldeia polonesa, na idade média, possuídas ou perseguidas pelo demônio, um padre simplório que não consegue resolver o problema nem com as suas preces nem com as suas flagelações .... uma noite em desespero de causa, procura sorrateiramente o rabino da aldeia, única outra pessoa no local com um mínimo de luzes. Conta-lhe o seu problema e suas dúvidas, ao que o rabino fica muito bravo e lhe diz : "Homem de Deus, com que direito v. vem perturbar meu sono com suas dúvidas? Você por acaso não sabe que tenho as minhas?"

Sim , todos temos as nossas dúvidas. As pessoas mais inteligentes sabem que as tem. E as pessoas mais sábias, as que se aplicaram à tarefa sabem até dizer quais são. Ninguem de certa inteligência acredita que tem as respostas ou soluções.

Apenas os néscios que não se dão conta de suas dúvidas, acham com certeza que tem as respostas.

Sim, como como o rabino, tenho as minhas dúvidas. Diferente do rabino, não vou ficar bravo se algum amigo um dia resolver me contar as suas mazelas. Não posso garantir respostas, apenas um ouvido complacente : o fato de alguem nos ouvir e compartilhar, ajuda - e em muito - tirar das nossas dúvidas o fator de tensão emocional (ou, as vezes, de quase desespero), especialmente se conseguimos descobrir que outro tambem tem dúvidas da mesma natureza!

6 comentários:

caos e ordem disse...

Taí um assunto que mexeu comigo. Sei que dúvidas sempre as terei, agora mesmo perguntei pra Zélia se mexeu é com x ou com ch.
Mas em minhas buscas tenho encontrado respostas que são soluções para quase todos os problemas e situações que uma pessoa pode encontrar.
Espero que o Turini ainda me conheça melhor e aí vai poder concluir se sou mesmo um idiota, pois me sinto quase como um iluminado.
Também uma coisa já concluí: minhas teorias e soluções só servem pra uso próprio e dificilmente alguem vai aproveitá-las.
digitou o Zecão

Polemikos disse...

As palavras são perigosas e possivelmente, estamos a falar de coisas diferentes.

Dívidas são incertezas sobre a realidade de um fato ou asserção. Problemas, por outro lado, são apenas questões não solvidas ou objetos de discussão que podem ter numerosas soluções.

Estava me referindo a dúvidas existênciais assim como "porque existe o mal?" ou "porque Deus permite o mal?". Ou ainda "Qual é o nosso valor individual diante do Universo?". Ou ainda "Qual é o real conhecimento que temos do mundo que nos cerca?". Ou ainda "Qual é a finalidade da nossa vida, se vamos todos morrer?". Estas dúvidas não são "problemas" no sentido corriqueiro da palavra e não existe, no meu entender uma "solução" para elas. Buda diria até que sejam perguntas "mal colocadas" e para as quais não há resposta, a não ser o silêncio.

caos e ordem disse...

Como é bom trocar em miudos para melhor compreensão.
Mesmo sabendo melhor do que está se tratando, ainda acho que tenho respostas para as tais dúvidas existenciais, mas prefiro não entrar no assunto aqui no blog.
Entendo que um ponto chave e básico é a concepção que se tem de Deus.
digitou o Zecão

marianicebarth disse...

Suas dúvidas são as minhas também. Depois de investir grande parte da minha vida buscando verdades existenciais e não as encontrando em parte alguma, por uns tempos desisti, apesar de não gostar dessa palavra (desistir). Prefiro pensar que suspendi por ora. Acredito que, se você consultar seu EU interior, algumas respostas que interessam ao ser humano estão ali. Como Sidarta, voltei ao ponto de partida. Mas questionar os possíveis motivos de Deus, não faço mais. Se é que Ele tem motivos. Se é que o mal vem de uma permissão d'Ele. Essas dúvidas vão nos perseguir por toda a vida, pois QUEM pode responder com absoluta certeza? E quem tem dúvidas, sempre há de duvidar de qualquer resposta. Jamais teremos a certeza.

Anônimo disse...

Gostaria de escrever aqui algo que considerei maravilhoso num livro chamado "Os segredos do Pai-Nosso" de Augusto Cury que se trata de um estudo psicológico desta oração. Lá encontrei esta oração de Nietzsche, conhecido por todos como um ateu convicto.
Ei-la na íntegra:
"Antes de prosseguir em meu caminho e lançar o meu olhar para a frente, uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti na direção de quem fujo.
A Ti, das profundezas de meu coração, tenho dedicado altares festivos, para que em cada momento, Tua voz me pudesse chamar.
Teu, sou eu, embora até o presente tenha me associado aos sacrílegos.
Teu, sou eu, obstante os laços que me puxam para o abismo.
Mesmo querendo fugir, sinto-me forçado a servir-Te.
Eu quero Te conhecer, desconhecido.
Tu, que me penetras a alma e, qual turbilhão, invades a minha vida.
Tu, o incompreensível, quero Te conhecer, quero servir só a Ti".

"Nessa oração, os pensamentos de Nietzsche fluem como um rio que jorra do manancial de suas dúvidas"! (palavras do autor)

marianicebarth disse...

Bonito, Primacaçula!