segunda-feira, 9 de junho de 2008

Maturidade

Conheço algumas pessoas que chegaram à velhice, e provavelmente morrerão .... antes de alcançar a maturidade.

Está certo, não me refiro apenas à maturidade física .... Eu estou, propositadamente, comentando sobre a maturidade psico-emocional.

Porque aquilo que alguém me referiu, sobre "aproveitar a vida no que ela tem de melhor, saber agradecer cada amanhecer e cada anoitecer, viver a cada dia os seus problemas e a cada dia as suas horas em plenitude.", não é uma questão de idade, mas uma questão de maturidade emocional (ou espiritual, se se preferir esta palavra)

Tem gente moça que tem isto. E tem gente que sai da idade adulta, diretamente para a senilidade, amarga e ranzinza, sem nunca ter amadurecido.

Sem nunca ter tido ou ter dado bons frutos.

Nem todo mundo chega a ficar velho. Uns morrem antes ... mas a velhice vem para a maioria de nós, é verdade ....

O que é realmente inexorável é a morte, não a velhice.

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P.S. Tem um verbete em nosso idioma muito interessante : agerasia = estado de quem apresenta aspecto bem mais jovem do que o que seria de esperar, tendo em vista a idade avançada.

É bom ser lembrado ....

Me recordo de um episódio na minha vida profissional :

Me dirijo à sala da reunião da qual ia participar. Com um pouco de antecedência, como sempre foi meu hábito. Lá está um colega, já sentado, os cotovelos na mesa e a cabeça entre as mãos.

-"Uai, que houve?"
-"Que houve? que houve? Lhe digo! Minha mulher, eu tirei da casa dos pais dela : então, tenho que lhe dar atenção. Os meus filhos, eles não pediram para vir, eu os trouxe a este mundo : então, tenho que lhes dar atenção. Meus pais, já estão velhinhos, me deram tanto : não posso deixar de lhes dar atenção, também. Meus funcionários, se eu não der atenção, já viu, acabam me sabotando. Meu chefe é meu chefe, não é? É bom eu dar atenção e bastante!

E a mim, quem é que me dá atenção? Quem?"

É muito bom ser lembrado.

Como dizia Aznavour "Laisse moi la chance de me faire aimer!"

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Ecologia humana ...


É revoltante o que a humanidade está fazendo com o meio ambiente. É uma questão, em parte de ignorância, mas sobretudo de ganância. O que torna isto realmente bastante estúpido ....

Contudo, ao observar que o organismo humano é maravilhosamente adaptável e tem se adequado para viver com a poluição, eu diria que existe hoje um exagêro no enfoque biológico da ecologia. Não que alguns destes problemas não sejam reais e muito sérios. E exijam a atenção de todos nós para a sobrevivência das espécies vivas.

Mas isto escurece algo fundamental que os ecologistas parecem ignorar. O verdadeiro meio ambiente humano, o mais importante, o que mais afeta o ser humano é o ambiente social.

Pior que a poluição física, é a poluição da mediocridade nos veículos de comunicação, a valoração da ignorância, a aceitação passiva das diferenças sociais massacrantes, a impunidade crescente do crime, a ambição desenfreada dos políticos, ... e outros tantes males sociais que a ecologia passa por cima, sem se dar conta que se solucionasse alguns destes males sociais, a poluição física seria automaticamente resolvida!!

Não é?

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terça-feira, 20 de maio de 2008

Sou filho do asfalto ...



Após uns dias muito agradáveis, com uma turma de amigos, em um hotel-fazenda, no sul de Minas, em um ambiente cheio de ar puro e verde .... cheguei à conclusão que, ao longo dos anos, o meu organismo se adaptou muito mais facilmente à poluição da metrópole do que meu nariz jamais se adaptará ao rastro odorífero dos cavalos nos caminhos de terra .... {risos}

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Se escrevesse ...



Se escrevesse hoje minha auto-biografia ....

Não lembro dos termos exatos da citação no começo de uma auto-biografia de Eric Hobsbawm, que diz qualquer coisa assim (traduzida nos meus termos) :


Depois de uma certa fase, nossa vida deixa de estar tão relacionada aos fatos e eventos (que nos acontecem cada vez menos e já não têm tanta importância)

e sim, passa a se compor das coisas que pensamos e sentimos (que nos acontecem cada vez mais e que passam a ocupar um espaço predominante.)


Isto reflete o que percebo que acontece comigo com uma intensidade cada dia maior. E se fosse escrever minha auto-biografia hoje, ela mostraria exatamente isto ... .

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Considerações - 5

No estado de vigília, temos uma consciência da existência e da passagem do Tempo.

O Tempo é um grande Mistério. Ninguém, no fundo, sabe o que é. Alguns religiosos dizem que ele, de fato, não existe : é apenas uma sensação nossa! Alguns psicólogos, hoje, acompanham esta tese ou defendem que não é o Tempo que passa, somos nós. Assim, como um trem na paisagem. A paisagem-"tempo" é fixa, quem passa é o trem-"nós".

Mas, admitamos, por um instante, que possamos acreditar em nossas percepções e que o Tempo exista.

Neste estado de coisas, o nosso raciocínio, que definitivamente não é instantâneo, transcorre no tempo. Assim, como algo que é finito, limitado e lento como o nosso raciocínio, pode entender algo que é infinito ou eterno? Levaria uma eternidade (seja lá o que isto for) e nossa inteligência não é eterna. É claro que não estou me referindo a entender os conceitos de infinidade ou eternidade, mas entender a "natureza" de algo que seja infinito ou eterno.

Se Deus existe, se é Infinito e Eterno - como nós, reles e limitadíssimos humanos, podemos nos dar ao luxo de acreditar que podemos entender a Natureza de Deus? (Em um paralelo muito pobre, como poderia uma formiga, por exemplo, entender as preocupações e ambições estéticas do homem?)

Para se aquilatar as limitações da inteligência, porque é disto que estamos falando, não é somente o raciocínio que devemos considerar. O que dizer então da nossa memória? Impressionante em alguns aspectos mas assim mesmo muito pequena, frágil e facilmente perdida! A verdade é que esquecemos muito mais do que lembramos!! Porque vocês acham que inventaram os blocos de anotações, agendas, livros, fotos, vídeos, etc. ...?

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terça-feira, 1 de abril de 2008

Considerações - 4


Falando justamente da confiabilidade de nossos sentidos e de nossas percepções, será que alguém percebeu qual o erro de percepção da imagem acima?

Pode até ser imaginado mas é muito difícil de "ver" diretamente e só pode ser percebido com alguma ajuda! (Dou a dica a quem pedir!)

É muito mais fácil se iludir do que parece a primeira vista.

Imaginem, então, quando se tratar não apenas de uma simples imagem em branco e preto, mas de conceitos humanos e sociais, envolvendo inúmeras variáveis!